Brasil
|
O ensino médio integrado ao ensino técnico: expectativas e desafios apresentados aos filhos de camponeses
Registro en:
SANTOS, Silvana de Fátima dos. O ensino médio integrado ao ensino técnico: expectativas e desafios apresentados aos filhos de camponeses. 2017. 149 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, 2017.
Autor
Santos, Silvana de Fátima dos
Souza, Marilsa Miranda de
Institución
Resumen
Dissertação apresentada, como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre, ao Programa
de Pós-Graduação em Educação, da Universidade
Federal de Rondônia. Área de concentração
Política e Gestão Educacional Este trabalho trata das expectativas e os desafios apresentados aos jovens filhos de
camponeses ingressos no Curso Técnico Integrado em Agropecuária no IFRO de Ariquemes.
A pesquisa traz a discussão sobre trabalho, educação e as perspectivas de formação humana
que têm sido moldadas, em cada período histórico, por políticas públicas educacionais
formuladas em consonância com a necessidade do modo de produção vigente. Enfatiza-se as
reformas educacionais ocorridas a partir da década de 1990 e as interferências do Banco
Mundial na profissionalização no ensino médio. A questão norteadora da pesquisa tem como
premissa investigar se as políticas de articulação entre ensino médio integrado e ensino
técnico, da maneira como têm sido propostas e implementadas no IFRO, após a
implementação do Decreto nº 5.154/2004, efetivam-se como condição para a formação
integral dos jovens filhos de camponeses. O objetivo geral é compreender se as políticas
públicas educacionais voltadas para o ensino médio integrado ao ensino técnico têm se
efetivado como condição de formação integral dos jovens, filhos de camponeses,
identificando os desafios por eles enfrentados para o ingresso e a permanência no curso. Para
a consecução da investigação, utilizou-se o método do Materialismo Histórico-Dialético e
suas categorias de análise: contradição, totalidade, imperialismo, trabalho e educação. Os
dados foram coletados no período de dezembro de 2015 a dezembro de 2016, por meio de três
instrumentos básicos: a análise documental, o questionário com questões abertas e fechadas
que teve como sujeitos seis professores e dez alunos e a entrevista semiestruturada realizada
com três alunos e um pedagogo. Na análise dos documentos orientadores do ensino médio
integrado, buscou-se compreender as contradições evidenciadas entre as proposições e a
realidade, assim como os sentidos atribuídos às dimensões do trabalho, da ciência, da cultura
e da tecnologia e o conceito de integração que perpassa este nível de ensino. Em via da
compreensão dos fatos em sua totalidade, são tratados os aspectos relacionados à colonização,
à questão agrária no Estado de Rondônia e ao processo de implantação do IFRO, além dos
conflitos gerados na luta pela terra. Nos dados coletados junto aos filhos de camponeses,
evidencia-se o enfrentamento de diversos desafios em busca da consecução dos seus estudos.
Dentre eles estão: a distância da família, a defasagem que trazem do ensino fundamental, a
ampliação do tempo na escola que não lhes possibilitam contribuir financeiramente com o
sustento da família, o distanciamento dos conhecimentos teóricos e os que já possuem sobre a
prática, entre outros. A pesquisa permite concluir, dentro dos seus limites, que a política de
formação técnica não oferece educação integral, mas apenas de tempo integral; tem como
primazia a Teoria do Capital Humano; está articulada aos interesses da agricultura extensiva
produzida pelo agronegócio e pouco contribui com o desenvolvimento da agricultura
camponesa o que, consequentemente, contribui para que os filhos dos camponeses não
permaneçam no campo e se distanciem da classe à qual pertencem.