Amor e dor: violência na vida conjugal de uma mulher
Autor
Teixeira, Ana Carolina Gomes
Tamboril, Maria Ivonete Barbosa
Institución
Resumen
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Rondônia como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
mestre em Psicologia. A violência contra a mulher, também denominada de “violência conjugal”, é um
fenômeno que atinge mulheres de toda parte do mundo, classes sociais, idades, etnias e
gerações, não se restringindo a um determinado “jeito de ser mulher”. Ao investigarmos
o assujeitamento de mulheres à violência conjugal buscamos compreender a dinâmica
psíquica de uma mulher de classe média alta em condições de independência financeira
do cônjuge, possuindo nível superior completo que se assujeita a uma relação conjugal
violenta. Para isso, fez-se necessário uma análise do ponto de vista da mulher quanto a
sua percepção sobre o relacionamento violento. A investigação foi orientada pela
abordagem qualitativa, utilizando como recurso entrevistas livres e semidirigidas,
gravadas e transcritas na íntegra. A partir da análise dos resultados, foi possível verificar
que a mulher repete nas relações amorosas, decepções infantis que lhe causaram dor e
prazer, revelando um desejo masoquista satisfeito indiretamente, por um desvio, isto é,
pela escolha de um objeto amoroso sádico e a indulgência à sua perversão, enquanto
que a satisfação direta é recusada. A condição sócio-econômica da mulher não é um
fator preponderante para o rompimento da relação violenta, pois sua dependência não é
financeira e sim afetiva. A compreensão da dinâmica psíquica feminina em relação à
violência conjugal implica em transformações por mais sutis que sejam no acolhimento
das mulheres que procuram auxílio na delegacia de polícia da mulher ou nas clínicas
médicas, de modo a poder ajudá-las em suas demandas emocionais. É importante
compreender que não se pode equacionar o silêncio com o rompimento da relação
violenta, pois é difícil já que implica romper todo um modelo de vida, com a esperança
de mudança, ou com a fantasia que minimiza as perdas atuais, fazendo o rompimento
projetar-se como uma perda insuportável daquilo que de alguma maneira lhe causa
prazer.