Other
A saúde mental do cônjuge cuidador familiar da parceira em sofrimento psíquico grave
Registro en:
BATISTA, Eraldo Carlos. A saúde mental do cônjuge cuidador familiar da parceira em sofrimento psíquico grave. 2015. 136 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós- Graduação em Psicologia, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, 2015.
Autor
Batista, Eraldo Carlos
Silva, José Carlos Barboza da
Institución
Resumen
Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação: Mestrado Acadêmico em Psicologia - MAPSI, da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) como requisito final para a obtenção do título de Mestre em Psicologia. Orientador: Prof. Dr. José Carlos Barboza da Silva. O cenário do cuidado familiar de pessoa que se encontra em sofrimento psíquico grave tem passado por grandes transformações no decorrer da história da loucura. Contudo, é no contexto da reforma psiquiátrica, por meio do processo de desinstitucionalização, que a família passa a ocupar um lugar importante no cuidado ao indivíduo em sofrimento, ocasião em que um de seus membros assume a condição de cuidador principal, ficando responsável pelos provimentos indispensáveis ao cotidiano do familiar doente. Historicamente, esse cuidador tem sido, na maioria das vezes, uma mulher da família. Contudo, a literatura tem mostrado que é crescente o número de homens que têm a função de cuidador familiar principal de pessoas em sofrimento psíquico, entre os quais se encontram os cônjuges. Como objetivo deste estudo, buscou-se a compreensão das experiências vividas por seis cônjuges cuidadores do sexo masculino, cujas parceiras se encontram em sofrimento psíquico grave (Transtorno Psicótico), valendo-se de uma abordagem qualitativa de orientação fenomenológica, na qual foram utilizados como instrumentos para a coleta das informações a entrevista semiestruturada, a observação e o caderno de campo. Nos discursos dos participantes, podem-se perceber as dificuldades encontradas no cotidiano tais como: a garantia das necessidades básicas da família; a coordenação das atividades domésticas diárias; a administração da medicação da esposa em sofrimento; o acompanhamento aos serviços de saúde; a convivência com os comportamentos problemáticos e episódios de crise. Ainda foi possível observar que o papel do cuidador tem gerado sobrecarga física e emocional no cuidador, levando-o a um estado de adoecimento mental, fato apontado nesse estudo que se refere às questões de gênero imbricadas na construção social do cuidado como contribuição para o adoecimento mental do cuidador. Em acréscimo, observou-se que o cuidador no início da doença da esposa encontra maior dificuldade em exercer seu papel, devido à falta de compreensão da doença mental, o que leva a um estado de desesperança; que o sofrimento psíquico da esposa pode estar dificultando a relação conjugal, diminuindo a afetividade entre os cônjuges; e que existe uma visão estereotipada sobre o sofrimento psíquico, a qual influencia a vivência social dos cônjuges. Pelo exposto, o presente estudo sugere que a assistência domiciliar em saúde mental representa um importante instrumento na abordagem do cuidador familiar.