Artigo Científico
A administração de reserpina aumenta o consumo de oxigênio mitocondrial em fatias do estriado de camundongos
Reserpine administration increases mitochondrial oxygen consumption in mice striatal slices
Autor
Magnabosco, Laura G.
Institución
Resumen
A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum em todo o mundo. É caracterizada principalmente pela perda progressiva de neurônios dopaminérgicos na via nigroestriatal, o que leva a uma disfunção motora debilitante. A reserpina, um inibidor do transportador vesicular de monoaminas (VMAT-2), causa depleção de neurotransmissores, entre eles a dopamina, o que induz distúrbios motores, rigidez muscular e movimentos trêmulos da mandíbula, efeitos que se assemelham às alterações motoras observadas nos pacientes acometidos pela DP. Uma quantidade adequada de suprimento de energia pelas mitocôndrias é crucial para a atividade neuronal, mas as mitocôndrias também são a principal fonte de espécies reativas de oxigênio (EROs) e servem como reguladores apoptóticos. Todas essas funções têm sido criticamente associadas à patogênese da DP. Neste estudo, objetivamos avaliar os efeitos da administração de reserpina na fosforilação oxidativa mitocondrial (OXPHOS), medida por respirometria de alta resolução, em uma região cerebral diretamente relacionada à DP, o estriado. Os camundongos foram injetados duas vezes (em dias alternados) com reserpina (1,0 mg/kg) ou solução salina, por via subcutânea, e receberam uma única administração via gavagem de guanosina (7,5mg/kg) ou salina. As fatias estriatais foram obtidas 24 horas após a última administração e preparadas para os ensaios de respirometria de alta resolução. Observamos que a reserpina aumenta as taxas de consumo de oxigênio (OCR) nas fatias estriatais, quando avaliados os quatro estados mitocondriais: BASAL, estado LEAK, estado de fosforilação associado aos complexos I e II, OCR máximo e OCR associado à capacidade de reserva mitocondrial. O tratamento com guanosina também promove um aumento na OCR, apresentando uma diferença significativa do grupo Reserpina somente na OCR máxima. Esses resultados mostraram que a reserpina promove um aumento da função mitocondrial no corpo estriado, a qual pode estar relacionada ao aumento da demanda bioenergética nessa região do cérebro, causada por sua neurotoxicidade. Estudos adicionais são necessários para avaliar nãos mecanismos de ação da reserpina e guanosina sobre a função mitocondrial.