Dissertação
O racismo como gatilho do genocídio da juventude negra periférica e a construção de resistências
Autor
Resende, Joyce Queiroga
Institución
Resumen
The present research sought to perform, initially, through a bibliographical and
documentary review, a study on the genocide of black youth in the urban periphery,
hypothesis that this phenomenon is associated with the historical process of racial
violence that crosses the colonization and formation of the capitalist system. This
process, aligned with the capitalist structure and a necropolitics, intensifies the negative
visibility of black youth in contemporary times, since it understands and perpetuates the
idea of the black as an inferior race, thus being capable of elimination. Along the way
we try to understand the bases of the relations of violence that were established from the
beginning between the colonizer and the colonized, that goes through the construction
of a rationality of Eurocentric superiority and that contributed significantly to the racist
structuring of the capitalist mode of production. Subsequently, we made reflections on
how racism deepens social and economic inequalities, as well as contributing to the
increase of criminalized peripheral territories and as the system uses techniques of
Necropolitics and the State of Exception as a device for disposal of bodies considered
disposable. At the last moment of the work we reviewed some studies on genocide of
the black population, specifically the black youth of urban periphery. We undertook a
brief historical resumption of the black movement in Brazil and its essential role in the
fight against genocide, exemplifying the international movement Black Lives Matter
(Black Lives Matter) and its influence in the country. We conclude this dissertation by
presenting an exploratory research of some movements, groups and anti-racist
collectives active in the city of Juiz de Fora - MG, which act on different fronts of the
fight against racism. We conclude that racism is structural, so that it structures the
capitalist system of production, thus influencing all our relations in society. It is an
intrinsic part of our socio-historical formation since the colonization process, carrying
out, throughout history and today, the genocide process of the non-white population,
especially the peripheral black youth. However, we highlight that there are forms of
resistance and struggle that seek to overcome policies of death perpetrated by the
capitalist state, affirming the search for another project of society that is not based on
any kind of exploitation, discrimination, inferiorization and elimination of lives. A presente pesquisa buscou realizar, inicialmente, por meio de uma revisão
bibliográfica e documental, um estudo sobre o genocídio da juventude negra de periferia
urbana, partindo da hipótese de que este fenômeno está associado ao histórico processo
de violência racial que atravessa a colonização e formação do sistema capitalista. Tal
processo, alinhado à estrutura capitalista e uma necropolítica, intensifica a visibilidade
negativa da juventude negra na contemporaneidade, posto que entende e perpetua a
ideia do negro como raça inferior, sendo assim, passível de eliminação. No percurso
procuramos entender as bases das relações de violência que se estabeleceram desde o início
entre o colonizador e o colonizado, que passa pela construção de uma racionalidade de
superioridade eurocêntrica e que contribuiu de forma significativa para estruturação racista do
modo capitalista de produção. Posteriormente, realizamos reflexões sobre o modo como o
racismo aprofunda as desigualdades sociais e econômicas, assim como contribui para o aumento
dos territórios periféricos criminalizados e como o sistema utiliza técnicas da Necropolítica e do
Estado de Exceção como dispositivo para eliminação dos corpos considerados descartáveis. No
último momento do trabalho revisamos alguns estudos sobre genocídio da população negra,
especificamente da juventude negra de periferia urbana. Empreendemos uma breve retomada
histórica do movimento negro no Brasil e seu papel essencial na luta contra o genocídio,
exemplificando o movimento internacional Vidas Negras Importam (Black Lives Matter) e sua
influência no país. Finalizamos a presente dissertação apresentando uma pesquisa exploratória
de alguns movimentos, grupos e coletivos antirracistas atuantes na cidade de Juiz de Fora - MG,
os quais atuam em diferentes frentes de luta contra o racismo. Concluímos que o racismo é
estrutural, de modo que ele estrutura o sistema capitalista de produção, influenciando assim,
todas as nossas relações em sociedade. Ele é parte intrínseca da nossa formação sócio-histórica
desde o processo colonizatório, levando à cabo, no decorrer da história e na atualidade, o
processo de genocídio da população não branca, principalmente, da juventude negra periférica.
Porém, destacamos que existem formas de resistência e luta que buscam superar políticas de
morte perpetradas pelo Estado capitalista, afirmando a busca por outro projeto de sociedade que
não tenha por base nenhum tipo de exploração, discriminação, inferiorização e eliminação de
vidas.