Artigo de Evento
Estudo do enriquecimento ambiental em saguis (Collithrix penicillota) cativos
Autor
Prezoto, Fábio
Jobim, Camila Mendonça Netto
Institución
Resumen
- Primatas não humanos são particularmente usados em certas áreas da pesquisa biomédica, pois são filogeneticamente muito próximos aos
humanos. Contudo, o uso destes primatas implica numa série de questões éticas, incluindo as condições de seu cativeiro e os potenciais fatores da
experimentação que podem acarretar dor, injúrias e estresse, interferindo diretamente no bem-estar do indivíduo. O presente trabalho buscou avaliar
as respostas comportamentais frente a quatro técnicas de enriquecimento ambiental em sagüis Callithrix penicillata cativos relacionando-as à
medições dos níveis de cortisol presentes nas fezes, visando melhorar o bem-estar. Além disso, buscou-se também verificar se havia diferença
comportamental entre machos e fêmeas em cada enriquecimento. As observações foram realizadas em uma colônia de 10 fêmeas e 8 machos de C.
penicillata mantidos no Centro de Biologia da Reprodução da UFJF. Foram realizados quatro tipos de enriquecimento alimentar associados a
observações comportamentais antes, durante e depois da aplicação da técnica e à coleta de cortisol fecal desses animais em cada etapa. O
comportamento de alimentação da dieta usualmente oferecida foi o que mais sofreu alteração, diminuindo durante a aplicação do enriquecimento. Tal
fato mostra a preferência dos animais pelos alimentos oferecidos como novidade. A partir de nossa observação podemos confirmar que machos e
fêmeas apresentam modos diferentes de obter alimento, provavelmente porque eles estão envolvidos diferentemente em aspectos fisiológicos e
comportamentais na gestação e no cuidado parental. O enriquecimento induziu também, principalmente nas fêmeas, a apresentação de
comportamentos naturais no cativeiro. Podemos inferir que a técnica de enriquecimento ambiental bem monitorada aliada a medições
comportamentais e fisiológicas é uma boa ferramenta na promoção do bem-estar de animais de cativeiro. É importante desenvolver melhores
métodos quantitativos para mensurar o bem-estar dos animais. Com a franca expansão da pesquisa farmacêutica utilizando-se de primatas como
cobaias, faz-se necessária a aplicação destas técnicas de promoção do bem-estar garantindo a fidelidade dos resultados. Já que animais com o
bem-estar comprometido apresentam alterações fisiológicas que podem alterar o resultado destas pesquisas.