Atualmente, no Brasil, vê-se uma crescente onda do fundamentalismo religioso, de forma mais específica, do fundamentalismo cristão, que vem ocupando os mais diversos campos da nossa sociedade e se apropriando de diversos debates socialmente relevantes, principalmente no que diz respeito à garantia de direitos das minorias sociais. Essa forte onda de oposição às minorias sociais fere princípios fundamentais da democracia brasileira e fomenta, na sociedade, discursos de ódio e intolerância contra essas minorias, a fim de garantir e manter a posição de poder e controle social que os fundamentalistas exercem. A partir dessa lógica, os direitos reprodutivos das mulheres também se tornaram alvos desse fundamentalismo, que tem impactado fortemente os debates sobre sexualidade e educação sexual. Portanto, este estudo teve como objetivo geral: analisar o fenômeno do fundamentalismo religioso no Brasil contemporâneo e sua articulação com questões referentes à legalização do aborto, a partir da perspectiva de professores/as do Ensino Fundamental II. Para isso, foram realizadas seis entrevistas individuais semiestruturadas virtuais, com duas professoras e quatro professores do Ensino Fundamental II do Distrito Federal (DF) de forma integrada à apresentação de cinco imagens previamente selecionadas. Delimitou-se a pesquisa com professores/as, a fim de entender suas percepções acerca da temática e identificar as potencialidades da educação como instrumento de transformação social. Os resultados se mostraram bastante interessantes e o estudo revelou a preocupação dos/as profissionais com o avanço do fundamentalismo religioso e suas implicações na promoção de preconceitos sociais e sua influência nos direitos reprodutivos e na educação sexual nas escolas. Ademais, a pesquisa demonstrou o quanto os cursos de licenciatura carecem de uma formação para lidar com assuntos voltados à religiosidade e sexualidade em sala de aula.