Monografia
Áreas prioritárias para a conservação da Mata Atlântica : uma análise geoecológica em Sergipe
Registro en:
Soares, Rayanne Maria Santos. Áreas prioritárias para a conservação da Mata Atlântica: uma análise geoecológica em Sergipe. São Cristóvão, 2020. Monografia (graduação em Ecologia) – Departamento de Ecologia, Centro de Ciência Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2020
Autor
Soares, Rayanne Maria Santos
Institución
Resumen
A Mata Atlântica, um dos 25 hotspots mundiais de biodiversidade, é a segunda maior floresta pluvial tropical do continente americano. Atualmente, encontra-se distribuída em fragmentos de mata rodeados por áreas totalmente descaracterizadas da sua vegetação original, situação ainda mais grave nos estados do Nordeste brasileiro. Face essa situação, o presente estudo tem como objetivo identificar áreas prioritárias para a conservação dos remanescentes de Mata Atlântica no município de Santo Amaro das Brotas, Sergipe. Para tanto, foi realizado um levantamento de dados referentes à descaracterização dos remanescentes florestais no município com base em imagens dos satélites Landsat 1 (1978), 5 (1996), 8 (2015) e Sentinel-2 (2018) e em shapefiles presentes no Atlas Digital da SRH (2010) e no CAR, Cadastro Ambiental Rural (2019). Tais dados foram processados nos softwares ArcGis e Fragstat. A análise da fragmentação florestal e do estado de conservação dos remanescentes florestais ocorreu com base nos mapas gerados, para cada um dos anos acima citados, sendo os valores obtidos pelo software ArcGis. A análise dos dados estatísticos foi feita com os programas Past e GraphPad Prism, com intervalo de confiança de 95%, tendo sido utilizado o teste de X2 para identificar diferenças entre as áreas de remanescentes florestais e aquelas utilizadas para cultivos agrícolas e atividades pecuárias entre os anos de 1978 e 2018. Os resultados mostram uma mudança significativa na paisagem (x2 = 3317; p < 0,01), a qual, nos últimos 40 anos, sofreu constante alterações, entre elas o crescimento das áreas destinadas à produção agrícola e pecuária que, neste intervalo de tempo, obtiveram um aumento de quase 130% (1978 a 2018). Em contrapartida, os remanescentes florestais perderam mais de 52% da sua área total. Além disso, o tamanho médio desses remanescentes, também indicativo do grau de fragmentação, apresentou uma marcante diminuição (97%), particularmente no caso dos fragmentos maiores (de 1076 para 477 ha), os quais perderam aproximadamente 56% do seu tamanho total, enquanto fragmentos pequenos tornaram-se ainda menores. Foi constatado, também, que dentre as áreas de conservação previstas por lei, como as áreas de Reserva Legal (RL) e as Áreas de Preservação Permanente (APP), ainda existe um grande problema de efetivação dessas áreas, demonstrado pelo fato de 153 (95,6%) destas reservas legais ainda estarem em fase de “proposta” pelos donos dos imóveis e apenas cinco delas (3,2%) encontram-se averbadas. As APPs demarcadas no CAR encontram-se reduzidas a pequenos fragmentos dispersos (de um total de 318 APPs, 96% tem área maior ou igual a 10 ha e apenas quatro delas possuem área maior que 40 ha). Além disso, nem todas as APPs, como previsto na legislação, como as áreas destinadas a preservação de corpos hídricos, por exemplo, foram demarcadas. Os fragmentos de maior extensão e maior grau de conservação estão localizados em regiões mais elevadas, áreas que dificultam a sua destinação para atividades agrícolas e expansão urbana. Por este motivo, estes fragmentos e aqueles próximos a áreas de RL e APPs foram selecionados como prioritários para a conservação e a implantação de corredores ecológicos, de modo a aumentar a conectividade e o seu potencial de resiliência. Por fim, ressalta-se a necessidade de maior envolvimento dos órgãos gestores e fiscalizadores na tentativa de minimizar a degradação dos remanescentes florestais do município, registrada nesse trabalho. São Cristóvão, SE