Dissertação
Análise espacial e determinantes socioeconômicos e socioambientais associados à transmissão da esquistossomose mansoni no estado de Alagoas, Brasil
Socioeconomic determinants and spatial pattern of schistosomiasis mansoni in the state of Alagoas, Brazil
Registro en:
SOUZA, Mariana do Rosário. Análise espacial e determinantes socioeconômicos e socioambientais associados à transmissão da esquistossomose mansoni no estado de Alagoas, Brasil. 2020. 60 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Parasitária) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2020.
Autor
Souza, Mariana do Rosário
Institución
Resumen
The mansoni’s schistosomiasis (MS) is a serious and chronic parasitic disease, caused
by trematode worms of the species Schistosoma mansoni (S. mansoni). Several
factors (social and environmental) are associated with the high prevalence rates of MS
in endemic areas. Data presented by the Schistosomiasis Control Program (SCP), in
2014, revealed 27,525 positive tests for MS in northeastern Brazil. Of these, 9,775
(35.51%) were reported in the state of Alagoas, that is the second state in the country
with the highest prevalence rate of this parasitosis. In addition, it has a deficiency in
water supply and in the population's sewage system. Most municipalities in Alagoas
have Human Development Index (HDI) below the national average and the illiteracy
rate in the state is still high. Therefore, this study aimed to analyze the spatial
distribution and socioeconomic factors associated with MS cases in the municipalities
of the Alagoas state, between 2007 and 2016. It is an epidemiological study, of the
ecological type and time series, based on cases reported by the Information System
of the Schistosomiasis Control Program (SISPCE). Socioeconomic factors were
collected on the IBGE website and we used: HDI by Municipality (MHDI), Adequate
Sanitation, Urbanization of public roads, Schooling Rate (SR) and Gross Domestic
Product. The time trend was analyzed using the Joinpoint regression software. To
assess the correlation between SCP data and socioeconomic variables, Spearman's
correlation test (R) was applied and the association between variables was made
through simple logistic regression. The spatial analysis maps were built using the QGIS
and TerraView software. Alagoas state has 102 municipalities, of which 29 (28.43%)
were classified as a moderate prevalence of MS and five (4.9%) as a high prevalence,
most of them located mainly in the northwest region and coastal strip of the state. It
was observed that positivity decreased in this period, from 8.11% in 2007 to 4.96% in
2016 (Annual Percentage Change, APC = -5.71%; p <0.05). However, there was also
a reduction in the number of the population worked (APC = -2.84%; p <0.05) and of
examinations performed (APC = -5.05%; p <0.05). There was a negative and
significant correlation between infection by S. mansoni and MHDI (R = -0.34*) and TE
(R = -0.24*). The main species of snail identified was Biomphalaria glabrata (94.79%).
However, B. straminea showed a higher percentage of positivity for S. mansoni
(10.11%). There was report of identification of B. tenagophila in Alagoas (n = 28; 0.5%).
The lack of data in the municipalities from backwoods of the state is due to the non coverage of these areas by the PCE and may, therefore, indicate underreporting of
cases. Despite the reduction in the number of cases over this period, the
epidemiological scenario of MS in Alagoas is still worrying and insidious, requiring
emergency planning, investments and improvements in the programs of diagnosis,
control and prevention of the disease. A esquistossomose mansoni (EM) é uma doença parasitária grave e de evolução
crônica, causada por vermes trematódeos da espécie Schistosoma mansoni (S.
mansoni). Diversos fatores (sociais e ambientais) estão associados às altas taxas de
prevalência da EM nas áreas endêmicas. Dados apresentados pelo Programa de
Controle da Esquistossomose (PCE), no ano de 2014, revelaram 27.525 exames
positivos para a EM no nordeste brasileiro. E destes, 9.775 (35,51%) foram reportados
no estado de Alagoas, que é o segundo estado no país com maior taxa de prevalência
desta parasitose. Além disso, apresenta deficiência no abastecimento de água e na
rede de esgotamento sanitário da população. A maioria dos municípios de Alagoas
possui Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média nacional e a taxa
de analfabetismo no estado é ainda elevada. Diante disso, este estudo objetivou
analisar a distribuição espacial e os fatores socioeconômicos e socioambientais
associados à transmissão da EM nos municípios do estado de Alagoas, entre os anos
de 2007 e 2016. Trata-se de um estudo epidemiológico, do tipo ecológico e série
temporal, com base em casos notificados pelo Sistema de Informação do Programa
de Controle da Esquistossomose (SISPCE). A coleta dos fatores socioeconômicos
ocorreu pelo site do IBGE e foram utilizados: IDH por Município (IDHM), Esgotamento
Sanitário Adequado, Urbanização das vias públicas, Taxa de Escolarização (TE) e
Produto Interno Bruto. A tendência temporal foi analisada pelo software de regressão
Joinpoint. Para avaliar a correlação entre os dados do PCE e aos determinantes
aplicou-se o teste de correlação de Spearman (R) e para explicação da ocorrência da
EM foi realizada a regressão linear múltipla. Os mapas de análise espacial foram
construídos no programa QGIS e TerraView. Alagoas possui 102 municípios, destes
29 (28,43%) foram classificados com prevalência moderada da EM e cinco (4,9%)
com prevalência alta, a maioria localizada principalmente na região noroeste e faixa
litorânea do estado. Foi observado que a positividade decresceu neste período,
passou de 8,11% em 2007 para 4,96% em 2016 (Variação Percentual Anual, APC = -
5,71%; p <0,05). Contudo, houve redução também no número da população
trabalhada (APC = -2.84%; p <0,05) e de exames realizados (APC = -5.05%; p <0,05).
Houve correlação negativa e significativa entre a infecção por S. mansoni e IDHM (R
= -0,34*) e TE (R = -0,24*). A principal espécie de caramujo identificada foi a
Biomphalaria glabrata (94,79%). No entanto, B. straminea apresentou maior
percentual de positividade para S. mansoni (10,11%). Houve relato de identificação de
B. tenagophila em Alagoas (n = 28; 0,5%). A inexistência de dados nos municípios do
sertão e alto sertão do estado deve-se a não cobertura dessas áreas pelo PCE e
podem indicar, portanto, subnotificação de casos. Apesar da redução no número de
casos ao longo desse período, o cenário epidemiológico da EM em Alagoas ainda é
preocupante e insidioso, requerendo emergencialmente planejamento, investimentos
e melhorias nos programas de diagnóstico, controle e prevenção da doença. São Cristóvão, SE