Tese
A territorialização do capital financeiro e as multideterminações da expropriação capitalista no litoral norte sergipano
Registro en:
GESTEIRA, Luiz André Maia Guimarães. A territorialização do capital financeiro e as multideterminações da expropriação capitalista no litoral norte sergipano. 2021. 292 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2021.
Autor
Gesteira, Luiz André Maia Guimarães
Institución
Resumen
The speculative real estate market and the tourism industry, with all the facets they have acquired in the contemporary world, have gained fundamental importance among the strategies guaranteeing the capitalist reproduction process. As strategies for expanding accumulation, they fetishize from the possibility of private appropriation and consumption of nature, while ideologically embracing the discourse of social and environmental sustainability, concealing the intense and harmful processes of territorial expropriation that they provoke. Following the logic of capitalist spatial adjustments, due to its landscape attributes, the northern coast of the state of Sergipe has been gradually inserted since the mid-2000s in an intense course of touristic and real estate speculation fundamentally characterizedby thefunctional action oftheStateto thecapital. Process that had as itstrigger the construction of the Bridge that connects the municipality of Barra dos Coqueiros gateway to the north coast of Sergipe - to the municipality of Aracaju, in 2006, but that also includes a series of other mediations of the State in the sense of encourage the expansion of financial capital in the region, such as the projection, construction and expansion of several highways and other transport infrastructures in the municipalities of Pirambu, Pacatuba and Brejo Grande, interconnecting the entire north coast of Sergipe, while connecting it also to the touristy trendy coast of Alagoas, significantly expanding the boundaries of tourism-real estate speculation in the region. This process of capital expansion has been promoting, in conjunction with its territorialization, a pernicious course of territorial expropriation of traditional local communities, by greatly reducing the supply of available land for extractive activities, by precarizing the socio-environmental conditions of permanence and by also allowing the demarcation of urban perimeters in the agrarian space of some of these communities, thus enabling the possibility of charging high rates of Property and Urban Territorial Tax (IPTU) in some areas of these municipalities. Furthermore, the joint action of State and Capital has also put in place a major project for the exploitation of fossil fuels in the midst of the implementation of the Energy Park, which will enable the Construction of an Industrial Complex in the vicinity of the Port of Sergipe, greatly accentuating the socio-environmental vicissitudes already in place. materialized in the region. In this way, the regional planning of the State for road integration and tourist-real estate and industrial expansionon thenorth coast ofSergipereveals itselfas theproject ofafallacious integration, since in reality it results in the disguised disintegration of communities by inserting new and deleterious sociability in the agrarian space, producing the space according to the logic of the socio-metabolic expansion of capital, that is, from the socio-spatial segregation and the privateand excessive appropriation of nature. O especulativo mercado imobiliário e a indústria do turismo, com toda as facetas que adquiriram na contemporaneidade, ganharam importância fundamental dentre as estratégias garantidoras do processo de reprodução capitalista. Como estratégias de expansão da acumulação, fetichizam a partir da possibilidade da apropriação privada e consumo da natureza, ao mesmo tempo em que encampamideologicamente o discurso dasustentabilidade social e ambiental, dissimulando os intensos e deletérios processos de expropriação territorial que provocam. Seguindo a lógica dos ajustes espaciais capitalistas, devido a seus atributos paisagísticos, o litoral norte do estado de Sergipe vem sendo inserido de forma progressiva desde meados da década de 2000 em um intenso decurso de especulação turístico-imobiliária fundamentalmente caracterizado pela ação funcional do Estado ao capital. Processo que teve como estopim a construção da Ponte que liga o município de Barra dos Coqueiros - porta de entrada do litoral norte sergipano - ao município de Aracaju, no ano de 2006, mas que inclui ainda uma série de outras mediações do Estado no sentido de fomentar a expansão do capital financeiro na região, a exemplo da projeção, construção e ampliação de diversas rodovias e demais infraestruturas de transportes nos municípios de Pirambu, Pacatuba e Brejo Grande, interligando todo o litoral norte de Sergipe, ao passo em que liga-o também ao turisticamente badalado litoral alagoano, ampliando de forma relevante as fronteiras da especulação turístico-imobiliária na região. Esse processo de expansão do capital vem promovendo, em conjunção à sua territorialização um pernicioso decurso de expropriação territorial das comunidades tradicionais locais, ao reduzir sobremaneira a oferta de terras disponíveis à atividade extrativista, ao precarizar as condições socioambientais de permanência e ao possibilitar ainda a demarcação de perímetros urbanos no espaço agrário de algumas dessas comunidades, viabilizando assim a possibilidade de cobrança de altas taxas de Imposto PredialeTerritorial Urbano (IPTU)em algumas áreas desses municípios. Outrossim, a ação conjunta Estado, capital tem colocado em prática também um vultoso projeto de exploração de combustíveis fósseis no bojo da implementação do Parque Energético que viabilizará a Construção de um Complexo Industrial no entorno do Porto de Sergipe, acentuando sobremodo as vicissitudes socioambientais já materializadas na região. Dessa forma, o planejamento regional do Estado para a integração rodoviária e expansão turístico-imobiliária e industrial no litoral norte de Sergipe revela-se como o projeto de uma integração falaciosa, uma vez que na realidade tem por consequência a dissimulada desintegração das comunidades locais, ao inserir novas e deletérias sociabilidades no espaço agrário, produzindo o espaço de acordo coma lógica da expansão sociometabólica do capital, ou seja, a partir da segregação socioespacial e da apropriação privada e desmedida da natureza. São Cristóvão/SE