Tese
Crítica dos estudos do território : para além de antinomias e metáforas
Registro en:
NUNES, Pedro Paulo de Lavor. Crítica dos estudos do território : para além de antinomias e metáforas. 2021. 215 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2021.
Autor
Nunes, Pedro Paulo de Lavor
Institución
Resumen
A significant fraction of geographers in Brazil, most present in the last forty years, has
produced conceptual studies of the territory based on liberal and irrationalist
conceptions, under the cover of “plurality” and a “relational approach”, aiming to meet
the perspectives aimed at territoriality studies and projects and plans invested at the
local scale, as well as supporting and legitimizing various liberal public discourses and
policies under the interest of the bourgeoisie. Among such studies, the studies carried
out by Rogério Haesbaert in Brazil stand out, both for the amount of research that uses
it as a basic theoretical foundation, and for the theoretical effort in conceptualizing /
problematizing the territory, combining antinomies and spatial metaphors, of what he
relates between concrete-functional and symbolic-identity processes. If, on the one
hand, the concept of territory as a locality, territoriality or place was (re) valued, on the
other, there was a complete trivialization of economic-political issues, severely
reducing the debate about conflicts, the domination of certain social classes over the
others, the active character of the bourgeois state and the multiple relations and
determinations encompassed in the totality of the capitalist production of space. This
thesis proposes a fundamental ontological reflection for the criticism of Haesbaert's
epistemological studies on the territory, in the commitment to contribute with a
theoretical-methodological orientation to understand the social reality in spaces of
territorial appropriation and domination. Thus, space, dialectics, materiality, spatial
scales and totality will be procedurally evidenced, from the perspective of the
materialist conception of history, supported by the triad critical-reflexive-operational
direction. The method of analysis that guided this research and the writing of all the
doctoral work is dialectical historical materialism. Therefore, like the method devised
by Marx, the study of the contradictory real was carried out through criticism of the
fundamentals and theoretical movements before liberal conceptions and denial of the
transformation of the world. In the midst of the denial of revolutionary praxis, poststructuralist and post-modern geographers prolong Foucault's understanding of the
universalization of the fragmentary “power relations” for the field of Geography. And
so, in reproducing a distorted conception of history or a total abstraction from it,
Haesbaert (as a representative of the studies of the territory in Brazil) in his thought
production process has converted dialectical contradictions into antinomies and
elevated isolated moments of a contradictory totality in spatial metaphors. In criticizing
the post-structuralist and post-modern assumptions, here we advocate a Geography
committed to social transformation, beyond antinomies and metaphors of a science
aimed at reproducing the liberal logic and promoting policies for the reproduction of
capital. A Geography that besides denouncing the contradiction between the world of
appearances and consumption and the irrationality present in society as a whole, can
also proclaim what liberal conceptions have tried to destroy: the issues of the struggle
for another society and real human freedom.________________________________________________________________________________________________________________________________ Une fraction significative des géographes au Brésil, la plupart présents ces quarante
dernières années, a produit des études conceptuelles du territoire basées sur des
conceptions libérales et irrationnelles, sous couvert de «pluralité» et d'une «approche
relationnelle», visant à répondre aux perspectives sur les études de territorialité et sur
les projets et plans investis à l'échelle locale, ainsi que sur le soutien et la légitimation
de divers discours et politiques publiques libérales dans l'intérêt de la bourgeoisie.
Parmi ces études, les études menées par Rogério Haesbaert au Brésil se distinguent,
à la fois par la quantité de recherche qui l'utilise comme fondement théorique de base,
et par l'effort théorique de conceptualisation / problématisation du territoire, combinant
antinomies et métaphores spatiales, de ce qu'il rapporte entre processus concretfonctionnel et symbolique-identitaire. Si, d'une part, la notion de territoire comme
localité, territorialité ou lieu était (ré) valorisée, d'autre part, il y avait une banalisation
complète des enjeux économico-politiques, réduisant fortement le débat sur les
conflits, la domination de certains les classes sociales par rapport aux autres, le
caractère actif de l'État bourgeois et les multiples relations et déterminations
englobées dans la totalité de la production capitaliste de l'espace. Cette thèse propose
une réflexion ontologique fondamentale pour la critique des études épistémologiques
de Haesbaert sur le territoire, dans l'engagement de contribuer avec une orientation
théorico-méthodologique à comprendre la réalité sociale dans des espaces
d'appropriation et de domination territoriales. Ainsi, l'espace, la dialectique, la
matérialité, les échelles spatiales et la totalité seront mis en évidence
procéduralement, du point de vue de la conception matérialiste de l'histoire, soutenue
par la triade direction critique-réflexive-opérationnelle. La méthode d'analyse qui a
guidé cette recherche et la rédaction de tout le travail doctoral est le matérialisme
historique dialectique. Ainsi, comme la méthode imaginée par Marx, l'étude du réel
contradictoire s'est faite à travers la critique des fondamentaux et des mouvements
théoriques avant les conceptions libérales et le déni de la transformation du monde.
Au milieu du déni de la praxis révolutionnaire, les géographes post-structuralistes et
postmodernes prolongent la compréhension de Foucault de l'universalisation des
«rapports de pouvoir» fragmentaires pour le domaine de la géographie. Et ainsi, en
reproduisant une conception déformée de l'histoire ou une abstraction totale de celleci, Haesbaert (en tant que représentant des études du territoire brésilien) dans son
processus de production de pensée a converti les contradictions dialectiques en
antinomies et élevé des moments isolés d'une totalité contradictoire dans les
métaphores spatiales. En critiquant les hypothèses post-structuralistes et postmodernes, nous prônons ici une Géographie engagée dans la transformation sociale,
en plus des antinomies et des métaphores d'une science visant à reproduire la logique
libérale et à promouvoir des politiques de reproduction du capital. Une Géographie qui,
en plus de dénoncer la contradiction entre le monde des apparences et de la
consommation et l'irrationalité présente dans la société dans son ensemble, peut aussi
proclamer ce que les conceptions libérales ont tenté de détruire: les enjeux de la lutte
pour une autre société et une vraie liberté humaine. Uma significativa fração de geógrafos no Brasil, em maior presença nos últimos
quarenta anos, tem produzido estudos conceituais do território com fundamento em
concepções liberais e irracionalistas, sob o manto da “pluralidade” e de uma
“abordagem relacional”, tendo objetivo atender as perspectivas voltadas aos estudos
da territorialidade e aos projetos e planejamentos investidos à escala local, assim
como, amparar e legitimar diversos discursos e políticas públicas liberais sob interesse
da burguesia. Dentre tais estudos, ressaltam-se, no Brasil os realizados por Rogério
Haesbaert, tanto pela quantidade de pesquisas que o utiliza como fundamentação
teórica básica, quanto pelo esforço teórico na conceituação/problematização do
território, conjugando antinomias e metáforas espaciais, do que ele relaciona entre
processos concreto-funcionais e simbólico-identitários. Se, por um lado, o conceito de
território enquanto localidade, territorialidade ou lugar foi (re)valorizado, por outro,
ocorreu a completa banalização das questões econômico-políticas, reduzindo
rigorosamente o debate sobre os conflitos, a dominação de determinadas classes
sociais sobre as outras, o caráter ativo do Estado burguês e as múltiplas relações e
determinações abarcadas na totalidade da produção capitalista do espaço. Esta tese
propõe uma reflexão ontológica de fundamento para a crítica dos estudos
epistemológicos de Haesbaert sobre o território, no compromisso de contribuir com
uma orientação teórico-metodológica para compreender a realidade social em
espaços de apropriação e dominação territoriais. Assim, espaço, dialética,
materialidade, escalas espaciais e totalidade serão processualmente evidenciados,
sob perspectiva da concepção materialista da história, sendo respaldada a tríade
direção crítica-reflexiva-operacional. O método de análise que orientou esta pesquisa
e a escrita do conjunto do trabalho doutoral foi o materialismo histórico dialético.
Portanto, como o método elaborado por Marx, realizou-se o estudo do real
contraditório através da crítica aos fundamentos e das movimentações teóricas ante
concepções liberais e de negação da transformação de mundo. No bojo de negação
da práxis revolucionária, geógrafos pós-estruturalistas e pós-modernos prolongam o
entendimento foucaultiano de universalização das fragmentárias “relações de poder”
para o campo da Geografia. E, assim, ao reproduzir uma concepção distorcida da
história ou uma abstração total dela, Haesbaert (como representante dos estudos do
território no Brasil) em seu processo de produção de pensamento tem convertido
contradições dialéticas em antinomias e elevado momentos isolados de uma
totalidade contraditória em metáforas espaciais. Na crítica aos pressupostos pósestruturalistas e pós-modernos, aqui defende-se uma Geografia compromissada com
a transformação social, para além de antinomias e metáforas de uma ciência voltada
para reprodução da lógica liberal e fomentadora de políticas para reprodução do
capital. Uma Geografia que além de denunciar a contradição entre o mundo das
aparências e do consumo e a irracionalidade presente no conjunto da sociedade,
possa também proclamar aquilo que as concepções liberais tem tentado destruir: as
questões da luta por uma outra sociedade e da liberdade humana real. São Cristóvão, SE