Dissertação
Caminhos para a despersonificação : uma iconografia de mulheres negras
Registro en:
SANTANA, Arima de Andrade. Caminhos para a despersonificação : uma iconografia de mulheres negras. 2022. 116 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2022.
Autor
Santana, Arima de Andrade
Institución
Resumen
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES A despersonalização revela um desinteresse em avaliar ou formar impressão sobre o outro.
Nela o outro já não é mais percebido nem mesmo desperta sentimentos. Desse modo, o objetivo
desta pesquisa foi avaliar os processos de despersonalização da mulher negra por homens
brancos e homens negros. A pesquisa foi dividida em seis capítulos, sendo o capítulo I, teórico,
sobre os processos de significação do corpo das mulheres negras com o objetivo de
compreender os fenômenos sociais que as conduziram a serem objetificadas. No capítulo II,
discutimos os efeitos do sexismo (benevolente e hostil) e do racismo como um duplo golpe nas
vivências das mulheres negras, discorrendo sobre os aspectos históricos, sociais e econômicos
e analisando os processos de personalização e despersonificação da mulher negra em privilégio
da mulher branca. O capítulo III consiste em um estudo empírico, através do qual realizamos a
adaptação e a validação de Medida de Objetificação de Mulheres. A medida contém 12 itens
subdivididos em três fatores: i) Objetificação internalizada; ii) Desempatia e comentários; iii)
Insulto a mulheres. Os resultados mostraram bons índices de validade de conteúdo e índices
satisfatórios de validade da estrutura fatorial e consistência interna. No capítulo IV, analisamos
experimentalmente os efeitos da cor da pele e do status profissional da mulher na
despersonalização. Para isso, foram utilizados dois vídeo em que se variava a cor de pele
(Branca vs. Negra) das duas mulheres participantes e o status profissional (Funcionária vs.
Gestora). Para essa análise, consideramos os efeitos da objetificação, do sexismo ambivalente
e do racismo revitimizador, que se acentuam na despersonalização da mulher negra. A medida
de despersonalização foi operacionalizada pela contagem de informações lembradas das
mulheres dos vídeos. Participaram desse estudo 539 participantes, todos do sexo masculino
com idades entre 18 e 67 anos (M = 32,3; DP = 11,48). 70,4% dos participantes são
heterossexuais; 12,6 % são homossexuais; 15,1% são bissexuais; 0,2% dos participantes
preferiram não identificar a orientação sexual; e 1,7% informou pertencer a outras categorias.
Com relação à cor da pele, 63,6% da amostra se autodeclaram brancos, 19,1%, morenos, 9,8%,
negros e apenas 7,5% disseram pertencer a outro grupo étnico. No capítulo V, apresentamos
os resultados que demostraram significativamente que os homens despersonificam com mais
evidência a mulher negra do que a mulher branca. Além disso, análises de moderação
apontaram que a relação entre a cor de pele da mulher e a despersonalização depende dos níveis
de objetificação, sexismo e racismo, sendo essa relação mais forte em pessoas com alta
objetificação, alto sexismo hostil e alto racismo. No capítulo VI, refletimos sobre o programa
de estudo, analisando que ele contribui teoricamente com o campo de estudos sobre a
despersonalização de mulheres negras e apresentamos um conjunto de evidências sobre os
constructos relacionados com esse processo. São Cristóvão