Dissertação
Entre o mar e o rio : as percepções dos ex-moradores da comunidade do Cabeço acerca dos processos de mobilidade territorial coletiva da ilha fluviomarinha em Brejo Grande – Sergipe
Registro en:
TELES, Frederico Lima. Entre o mar e o rio : as percepções dos ex-moradores da comunidade do Cabeço acerca dos processos de mobilidade territorial coletiva da ilha fluviomarinha em Brejo Grande – Sergipe. 2021. 143 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2021.
Autor
Teles, Frederico Lima
Institución
Resumen
Riverside and island communities arouse people´s curiosity and have long attracted
researchers, who are drawn to them by natural beauty, a desire for peace, or an
interest in learning about social activities that differ from those seen in continental
societies. The way of life of those who rely on the adventure of facing seas and rivers
to provide for their families, combined with the peculiar daily life of these distant,
sometimes isolated, villages is particularly noteworthy for their uniqueness. These
villages, in turn, are territorialities built over a long period of coexistence between
them, which appears to be more evident when we refer to island communities, as the
geographic isolation of these settlements apparently increases the feeling of
communion among the natives, raising the question of whether this scenario can be
identified in the remnants of the former village Cabeço. Thus, this dissertation is the
result obtained from fieldwork, documental investigation, and bibliographic research
conducted between 2019 and 2021, with the goal of analyzing the perceptions, of
former residents of the former village Cabeço, about the direct impact caused to the
former community established on the island, which was located for more than a
century on the right side of the mouth of São Francisco River (municipality of Brejo
Grande - Sergipe) and which, after a significant decrease in the flow at its mouth,
resulted in the advance of coastal maritime water, causing the flooding of the entire
physical insular space, forcing residents of that region to take obligatory collective
mobility action. By using participant observation as an approach strategy, added to
the capture of oralities in interviews, it was possible to develop an ethnographic study
of the narratives of former residents, through the numerous reports recorded in the
researched field, of a community that was shaken by bad weather and is still affected
by its developments, by changing its social dynamics and potentializing other ways of
relating to the community´s old spaces. As comunidades ribeirinhas e insulares despertam a curiosidade das pessoas e
atraem pesquisadores há muito tempo, especialmente seduzidos pelas belezas
naturais, em busca de sossego ou por interesse em conhecer as práticas sociais,
diferentes das sociedades continentais. O modo de vida de quem na maioria das
vezes depende da aventura de enfrentar mares e rios para garantir o sustento
familiar, somado ao peculiar cotidiano destes povoados distantes, algumas vezes
vilarejos isolados, chamam a atenção especialmente pelas suas singularidades.
Estas, por sua vez, são territorialidades construídas ao longo de muito tempo de
convívio entre eles, parecendo ficar mais evidente quando nos referimos às
comunidades insulares, pois o isolamento geográfico destes povoamentos
aparentemente aumenta o sentimento de comunhão entre os nativos, surgindo o
questionamento se este cenário pode ser identificado nos remanescentes do antigo
povoado Cabeço. Assim, a presente dissertação é o resultado obtido do trabalho de
campo, investigação documental e pesquisa em fontes bibliográficas, realizados
entre os anos de 2019-2021 e tem como objetivo analisar as percepções dos ex-moradores do antigo Povoado Cabeço, acerca do impacto direto causado à antiga
comunidade estabelecida na ilha, que ficava localizada por mais de um século no
lado direito da foz do rio São Francisco (município de Brejo Grande- Sergipe) e que,
após significativa diminuição da vazão em sua desembocadura, resultou no avanço
das águas costeiras marítimas, provocando a inundação de todo o espaço físico
insular, obtendo como consequência a ação de mobilidade coletiva compulsória dos
moradores daquela região. Ao utilizar a observação participante como estratégia de
aproximação, somada à captação de oralidades em entrevistas, foi possível
desenvolver um estudo etnográfico das narrativas dos antigos moradores, através
dos inúmeros relatos registrados no campo pesquisado, de uma comunidade que foi
abalada por uma intempérie e que até hoje é atingida pelos desdobramentos desta,
ao mudar sua dinâmica social e potencializar outras formas de se relacionar com os
antigos espaços ocupados pela comunidade. São Cristóvão