Tese
Traços semânticos da referência à primeira pessoa do plural no português brasileiro: um estudo em tempo real
Registro en:
MENDONÇA, Josilene de Jesus. Traços semânticos da referência à primeira pessoa do plural no português brasileiro: um estudo em tempo real. 2022. 123 f. Tese (Doutorado em Letras) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2022.
Autor
Mendonça, Josilene de Jesus
Institución
Resumen
In Brazilian Portuguese, the form a gente (we) tends to be associated with first person plural
referents with a generic semantic feature, which is related to its nominal base origin. However,
an increase in the use of a gente in contexts of a lower referential comprehensiveness has been
evidenced by results of variationist studies, signalizing the loss of semantic distinction between
nós (we) and a gente. Our thesis is that a gente is gaining space in referential contexts of lower
comprehensiveness, causing a change in the frequency of use of the first person plural variants
in function of semantic features. In order to support this thesis, we analyzed, from a perspective
of a real time change of short span, the semantic features of the variants nós and a gente in two
sociolinguistic samples collected at different times (the years of 2010 and 2018) in the
community of practice Professor Alberto Carvalho Campus at the Federal University of Sergipe
in Itabaiana/SE. To investigate the change in the semantic features of the first person plural
forms, we considered the parameters: i) comprehensiveness of the referent; ii) referential group;
iii) reference; iv) definiteness/specificity; v) inclusion of the interlocutor; vi) discursive
sequence; and vii) kind of subject matter. The result of the analysis in real time of the
frequencies of use of the variants nós and a gente indicates that the expression of the first person
plural is going through a stable variation process over the considered period. The analysis of
the occurrences of a gente at each time reveals that the frequency of use of the form has been
increasing in contexts of lower comprehensiveness to refer to a paucal group in order to codify
referents with the semantic feature defined, and in referential situations in which the interlocutor
is excluded. This fact denotes a generalization process of the use of a gente in typical referential
contexts of the canonic pronoun. The results in function of the discursive contexts demonstrate
that the frequency of the form a gente is increasing in contexts of narrative sequence and with
private subject matters, which corroborates the results in function of semantic features, since
narrative sequencies and private discursive topics condition the presence of more restrict
referents of first person plural, with lower comprehensiveness. The results confirm our thesis
of a change in the semantic features of the variants of first person plural, demonstrating an
increase in the frequency of use of a gente in contexts of lower referential comprehensiveness. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES No português brasileiro, a forma a gente tende a ser associada a referentes de primeira pessoa
do plural com traço semântico genérico, o que está relacionado a sua origem de base nominal.
No entanto, resultados de estudos variacionistas têm evidenciado um aumento do uso de a gente
em contextos de menor abrangência referencial, sinalizando a perda da distinção semântica
entre nós e a gente. Nossa tese é de que a gente está ganhando espaço nos contextos referenciais
de menor amplitude, ocasionando uma mudança na frequência de uso das variantes de primeira
pessoa do plural em função dos traços semânticos. Para defendermos essa tese, analisamos, em
uma perspectiva de mudança em tempo real de curta duração, os traços semânticos das variantes
nós e a gente em duas amostras sociolinguísticas, constituídas em momentos distintos (nos anos
de 2010 e 2018) na comunidade de prática Campus Professor Alberto Carvalho da Universidade
Federal de Sergipe, situado em Itabaiana/SE. Para investigar a mudança nos traços semânticos
das formas de primeira pessoa do plural, consideramos os parâmetros i) amplitude do referente,
ii) grupo referencial, iii) referência, iv) definitude/especificidade, v) inclusão do interlocutor,
vi) sequência discursiva e vii) tipo de assunto. O resultado da análise em tempo real das
frequências de uso das variantes nós e a gente evidencia que a expressão da primeira pessoa do
plural está em processo de variação estável no período considerado. A análise das ocorrências
de a gente em cada marco temporal mostra que a forma está aumentando sua frequência de uso
em contextos de menor amplitude, para fazer referência a um grupo paucal, para codificar
referentes com o traço semântico definido e em situações referenciais em que o interlocutor
está excluído, o que evidencia um processo de generalização do uso de a gente para os contextos
referenciais típicos do pronome canônico. Os resultados em função dos contextos discursivos
mostram que a forma a gente está aumentando sua frequência de uso em contextos de sequência
narrativa e com assuntos particulares, o que corrobora os resultados em função dos traços
semânticos, uma vez que sequências narrativas e tópicos discursivos do âmbito particular
condicionam a presença de referentes de primeira pessoa do plural mais restritos, com menor
nível de amplitude. Os resultados confirmam nossa tese de mudança nos traços semânticos das
variantes de primeira pessoa do plural, evidenciando um aumento na frequência de uso de a
gente em contextos de menor abrangência referencial. São Cristóvão