Dissertação
Discurso, mídia e ensino: processos de objetivação/subjetivação no movimento escolar do Brasil contemporâneo
Registro en:
SANTOS, Alisson França. Discurso, mídia e ensino: processos de objetivação/subjetivação no movimento escolar do Brasil contemporâneo. 2020. 96 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2020.
Autor
Santos, Alisson França
Institución
Resumen
The object of this research is the discourse produced by a school movement in contemporary
Brazil. To begin with, we refer to two draft laws (DL) that were submitted to the legislators’
analysis from the year 2015 to 2019 as part of the emergence conditions of a set of utterances
triggered in cyberspace. The first one, DL 7800/2016, was passed by the Legislative Assembly
of the State of Alagoas in 2015, but suspended by the Federal Supreme Court in 2017; the
second one, DL 867/2015, was submitted to the Chamber of Deputies in 2015, but interrupted
years later, in 2019. Such projects, despite their specificities, proposed the “fight against
indoctrination” and the punishment of teachers “for propagation of ideological content”. Our
hypothesis is that these different DLs were configured as an event that institutionalized the
words of this movement, producing a dispersion of their utterances in the digital sphere,
especially in social networks. We investigated the discourse on the “School Without Party” web
page on Facebook, the social network platform. And, in order to guide our research, we defined
three research questions in order to understand the objectification/subjectification processes
produced by the school movement in contemporary Brazil, in which discourse, media, and
teaching are combined: what knowledge is mobilized by the movement School Without Party
discourse and what is the historicity of this knowledge? Which discursive and non-discursive
practices are perpetuated through the knowledge mobilized by the discourse under analysis?
Finally, considering the set of practices and the mobilization of knowledge in the discourse of
the movement School Without Party, what regularities can be found in the different utterances
examined? To carry out this work, our corpora consisted of two materials: the first one was
made up of Articles 4 and 5 of the DL 867/2015, which deal with the teachers' duties and the
space for regulating their speech in the classroom. The second material was composed of ten
publications collected from the School Without Party page on Facebook, posted on the platform
between the years 2016 and 2019. The analysis was based on the postulates of Michel Foucault
(2008, 2010, 2013, 2014a, 2014b), with contributions from Deleuze (1996), Gregolin (2015),
and Milanez (2019), aiming at an archaeo-genealogical analysis of the discourse. A presente pesquisa tem como objeto o discurso produzido pelo movimento escolar no Brasil
contemporâneo. Para tanto, aludimos, inicialmente, a dois Projetos de Lei (doravante PL), cujas
tramitações datam dos anos de 2015 a 2019, como partes das condições de emergência de um
conjunto de enunciados desencadeados no ciberespaço. O primeiro, o PL 7800/2016, aprovado
em votação pela Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas (ALE-AL) em 2015, mas
suspenso em 2017 pelo Supremo Tribunal Federal (STF); o segundo, o PL 867/2015,submetido
à Câmara dos Deputados em 2015, arquivado anos depois, em 2019. Tais projetos, a despeito
de suas especificidades, propunham em comum o “combate à doutrinação” e a punição de
professores “por propagação de conteúdo ideológico”. A nossa hipótese é a de que esses
diferentes PLs se configuraram como um acontecimento que institucionalizou os dizeres desse
movimento, produzindo uma dispersão de seus enunciados na esfera digital, sobretudo nas redes
sociais. Por essa razão, investigamos o discurso em pauta na página “Escola sem Partido”,
presente na plataforma virtual do Facebook. E, com o fim de nortear a nossa pesquisa,
elaboramos algumas perguntas decorrentes da problemática apresentada, quais sejam: que
saberes são mobilizados pelo discurso do Escola sem Partido e qual a historicidade desses
saberes? Por meio dos saberes mobilizados pelo discurso em análise, quais práticas discursivas
e não discursivas são perpetuadas? Finalmente, considerando o conjunto de práticas e a
mobilização de saberes no discurso do Escola sem Partido, que regularidades podem ser
encontradas nos diferentes enunciados examinados? Tais questões apresentaram-se como ponto
de partida para a pesquisa a fim de compreendermos os processos de objetivação/subjetivação
produzidos pelo movimento escolar do Brasil contemporâneo, em que discurso, mídia e ensino
estão conjugados. Para a realização deste trabalho, os corpora foram constituídos de dois
materiais: o primeiro deles são os artigos 4º e 5º do PL 867/2015, que tratam dos deveres do
professor e do espaço de regulação desses dizeres em sala de aula; o segundo é composto de
dez publicações coletadas da página “Escola Sem Partido” na plataforma virtual do Facebook,
entre os anos de 2016 e 2019. A análise está fundamentada nos postulados de Michel Foucault
(2008, 2010, 2013, 2014a, 2014b), com contribuições de Deleuze (1996), Gregolin (2015) e
Milanez (2019), visando a uma perspectiva de análise “arquegenealógica” do discurso. São Cristóvão