Trabalhos em Eventos
Toxoplasmose congênita em Sergipe: prevalência ao nascer e evolução clínica
Registro en:
Autorização para publicação no Repositório Institucional da Universidade Federal de Sergipe (RIUFS) concedida pelo editor
Autor
Inagaki, Ana Dorcas de Melo
Araújo, Raquel Melo
Ribeiro, Caíque Jordan Nunes
Gurgel, Ricardo Queiroz
Pinhata, Marisa Márcia Mussi
Institución
Resumen
Introdução: Estimativas da ocorrência de toxoplasmose congênita (TC) em recémnascidos
brasileiros têm sido feitas por meio do rastreamento neonatal. Objetivo: O estudo
objetivou estimar a prevalência de TC entre nascidos vivos no estado de Sergipe por
meio da triagem neonatal e conhecer a frequência de acometimento visual e neurológico. Método: O estudo teve dois desenhos, a primeira etapa foi um estudo transversal no qual foi verificada a presença de IgM contra Toxoplasma gondii por meio da analise de sangue absorvido em papel filtro de 15.204 recém-nascidos. Utilizou-se para análise um ensaio laboratorial do tipo ELISA por captura. Nesta etapa, 233 amostras revelaram-se reagentes e/ou duvidosas para a presença de IgM sendo repetidas em duplicata, utilizando-se o mesmo ensaio laboratorial e 53 permaneceram reagentes e/ou duvidosas. A segunda etapa foi um estudo prospectivo de coorte única no qual os pares, mãe-criança, foram convocados para a realização da coleta de sangue periférico para confirmação diagnóstica por meio de detecção quantitativa de IgG e qualitativa de IgM contra o toxoplasma, ambos utilizando o ensaio laboratorial “Microparticle Enzime Immunoassay” (MEIA) e seguimento. Consultou-se o resultado do pré-natal para conhecer o estado sorológico das mães. À avaliação inicial, as crianças foram submetidas a exame clínico completo,
avaliação oftalmológica, ultrassonografia transfontanelar e exame de líquor cefalorraquídeo para verificação da extensão do acometimento e da necessidade de tratamento. Crianças que apresentaram sinais compatíveis com a infecção congênita foram submetidas à avaliação da função hepática, além de excluídas outras infecções perinatais, tais como sífilis, rubéola e citomegalovirose. Durante o seguimento, foram repetidos testes de IgG e IgM anti-T.gondii trimestralmente das crianças com provável TC, além do seguimento
clínico, oftalmológico e da avaliação do crescimento e desenvolvimento. Resultados:
Seis crianças eram confirmadamente acometidas pela TC e nenhuma tinha sido
diagnosticada durante o pré-natal. A Prevalência estimada de TC foi de 4/10.000 [IC 95%: 1,4 – 8,0/:10.000] . Inicialmente três (50,0%) crianças apresentaram achados relacionados à infecção pelo T.gondii, uma com hepatoesplenomegalia, outra com coriorretinite e a terceira com calcificação cerebral. No decorrer do primeiro ano de vida mais duas crianças apresentaram coriorretinite, sendo uma anteriormente assintomática e a segunda já apresentava hepatoesplenomegalia, essa ultima desenvolveu coriorretinite em ambos os
olhos, totalizando três crianças (50,0%) com alterações oculares decorrentes da TC. Nenhuma apresentou alterações neurológicas. As demais duas crianças permaneceram
assintomáticas após os 20 meses de seguimento. Conclusão: A TC é um problema relevante em Sergipe com prevalência ao nascer de 4/10.000 nascidos vivos e alta morbidade, havendo necessidade de investimentos em prevenção primária e secundária.