Dissertação
A crônica vai a guerra: Rubem Braga e os escritos do front
Registro en:
Autor
Melo, Mariani Carolina de Souza
Institución
Resumen
This work has by subject matter the book Crônicas da guerra na Itália, from writer and
journalist Rubem Braga. The fabric of the literary work was in 1945, during the Second
World War, when Braga traveled to Italy as war correspondent of Diário Carioca, paper in
which he was working to follow the FEB Força Expedicionária Brasileira soldiers. In
this work are explored the main features of chronicle gender, aspects of its historicity and
the connections with the periodic or with the book. It stands out from the chronicles,
features as literary lightness, a lack of pretension and humor, however chronicle get other
shades, once that, in this case, the condition is the war itself. Given the time and place in
which they are written, the narratives merge the historic, the journalistic and literary in its
composition. In the same context are mixed the reality lived by the war correspondent and
the poetry, constant feature of this lyrical prose writer. To account for the specificity of
these writings, was selected a theoretical framework capable of handling memory, the story
of the horrors of war and this only place in the narrator witness. The Testimonial
Literature, first theoretical choice, studies how the trauma of neighboring events of
survivors is presented through language, in the case of chronic, between documentar and
fiction. Moreover, to better understanding of the narratives, it was essential some concepts
of the German thinker, Walter Benjamin, such as Experience, Storyteller, Threshold and
his conception about history. In chronicles analysis, we seek to understand how war
changed the lightness of some narratives, how the policial issue is embedded in almost all
events, since the departure of Brazilian soldiers to Europe, to the misery of the italian
population and how the ferocity of the conflict reached especially the most vulnerable
parts: women, children and old men. With keen eye and lyrical writing, the chronicler
exceeded the role of a mere correspondent to become a Narrator, in other words, one that
transmits experience, turning what he lived in shared sense. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Mestre em Teoria Literária Este trabalho tem por objeto de estudo o livro Crônicas da guerra na Itália, do escritor e
jornalista Rubem Braga. A tessitura da obra deu-se em 1945, durante a Segunda Guerra
Mundial, quando Braga viajou para a Itália como correspondente de guerra do Diário
Carioca, periódico no qual trabalhava, a fim de acompanhar os soldados da FEB Força
Expedicionária Brasileira. São exploradas neste trabalho as principais características do
gênero crônica, aspectos de sua historicidade e a ligação com o jornal ou com livro.
Destacam-se da crônica características como leveza, aparente despretensiosidade e humor,
no entanto as crônicas ganham outras tonalidades visto que, nesse caso, a circunstância é a
própria guerra. Tendo em vista o tempo e o lugar no qual são escritas, as narrativas fundem
na sua composição o histórico, o jornalístico e o literário. Plasmam-se na mesma paleta a
realidade vivida pelo correspondente e a poeticidade que sempre foi marca desse prosador
lírico. Para dar conta da especificidade desses escritos, foi selecionado um arcabouço
teórico capaz de lidar com a memória, o relato dos horrores da Guerra e esse lugar único
do narrador que testemunha. A Literatura de Testemunho, primeira escolha teórica, estuda
como o trauma dos sobreviventes de eventos limítrofes é apresentada por meio da
linguagem, no caso das Crônicas, entre o documental e o fictício. Além disso, foram
essenciais para melhor compreensão das narrativas alguns conceitos do pensador alemão
Walter Benjamin, como Experiência, Narrador, Limiar e sua concepção sobre história. Na
análise das crônicas, procura-se perceber como a guerra alterou a leveza de algumas
narrativas, como a questão política está imbricada em praticamente todos os eventos, desde
a partida dos pracinhas brasileiros para a Europa até a miséria da população italiana, e
como a ferocidade do conflito atingia principalmente as partes mais desprotegidas:
mulheres, crianças e velhos. Com olhar aguçado e escritura lírica, o cronista ultrapassou o
papel de simples correspondente para se tornar um Narrador, em outras palavras, aquele
que transmite experiência, transformando o que viveu em sentido compartilhado.