Dissertação
Prática da episiotomia durante a assistência ao parto: tendência e fatores de risco em uma coorte retrospectiva de cinco anos
Episiotomy during labor assistance: trends and risk factors in a five-year retrospective cohort
Registro en:
Autor
Morato, Michelle Gonçalves Vilela de Andrade
Institución
Resumen
Introduction: Episiotomy is one of the most commonly performed surgical procedures
in the world, although it has been introduced in clinical practice without strong scientific
evidence of its benefits. This procedure is often performed in order to prevent third or
fourth degree lacerations and to reduce the second period of labor, despite the lack of
proof of its effectiveness. Due to the morbidity associated with performing episiotomy
during delivery, clinical guidelines and systematic reviews recommend the restrictive
use of this procedure. In the literature, the risk factors associated with this practice are
controversial. Objective: To analyze the tendency of episiotomy and the risk factors
associated with maternal, fetal and care assistance during vaginal delivery in the
women attending in the HCU-UFU. Methods: Retrospective cohort with medical
records of women admitted to vaginal delivery at HCU-UFU, from January 1, 2013 to
December 31, 2017. The medical records were identified using the following codes
from the International Classification of Diseases (CID- 10): 080, 081 and 082.
Descriptive analyzes were used to characterize the population. Lost data were
recovered by means of random multiple imputation. Poisson regression was used to
determine the risk of episiotomy according to maternal variables (age, ethnicity,
gestational age, parity), fetal (presence of meconium and fetal deceleration) and care
assistance (admission in spontaneous labor, induction or increased labor, use of
partogram, amniotomy, place of delivery, lithotomy position). Results: A total of 3318
records of women who had vaginal delivery were analyzed. Of these, 1,229 were
submitted to episiotomy. The episiotomy occurred at a rate of 37.04%, with a significant
decrease during the five years of the study of 63% to 25% (p = 0.000; X2
= 268.570).
The risk factors for episiotomy during delivery were: maternal age between 35-39 years
(RR = 1.592, 95% CI, 1.118-2.436); black / brown ethnicity (RR = 1,100, 95% CI 1.040-
1.290) and non-use of the partogram during labor assistance (RR = 1,502, 95% CI,
1,230-1,891). Conclusion: Our results show a significant decrease in episiotomy rates
over the five years of this study. Health professionals need to be aware of the increased
risk of episiotomy in the group of older women, without partogram registered, with black
/ brown ethnicity and increase efforts to minimize the short- and long-term morbidity
associated with this practice. Strategies to reduce unnecessary episiotomy, such as
using a partogram and adopting upright positions during childbirth, are also needed. Dissertação (Mestrado) Introdução: A episiotomia é um dos procedimentos cirúrgicos mais comumente
realizados no mundo, embora tenha sido introduzida na prática clínica sem evidências
científicas fortes de seus benefícios. Esse procedimento é frequentemente realizado
com o intuito de prevenir lacerações de terceiro ou quartos graus e de reduzir o
segundo período do trabalho de parto, apesar da falta de comprovação de sua
eficácia. Devido à morbidade associada à realização da episiotomia durante o parto,
diretrizes clínicas e revisões sistemáticas recomendam o uso restritivo desse
procedimento. Na literatura, os fatores de risco associados à sua prática são
controversos. Objetivo: Analisar a tendência da episiotomia e os fatores de risco
maternos, fetais e assistenciais associados à sua prática durante o parto vaginal das
mulheres atendidas no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia
(HCU-UFU). Material e métodos: Coorte retrospectiva com prontuários de mulheres
admitidas para parto vaginal no HCU-UFU, no período de 01 de janeiro de 2013 a 31
de dezembro de 2017. Os prontuários foram identificados por meio do uso dos
seguintes códigos da 10ª Classificação Internacional de Doenças (CID-10): 080, 081
e 082. Análises descritivas foram utilizadas para caracterização da população. Dados
perdidos foram recuperados por meio de imputação múltipla aleatória. Utilizou-se
regressão de poisson para determinar o risco da realização de episiotomia segundo
as variáveis maternas (idade, etnia, idade gestacional, paridade), fetais (presença de
mecônio e desaceleração fetal) e assistenciais (admissão em trabalho de parto
espontâneo; indução ou aumento do trabalho de parto, uso de partograma,
amniotomia, local de parto, posição de litotomia). Resultados: Foram analisados 3318
prontuários de mulheres que tiveram parto vaginal. Dessas, 1.229 foram submetidas
à episiotomia. A episiotomia ocorreu em uma taxa de 37,04%, com uma diminuição
significativa durante os cinco anos do estudo de 63% para 25% (p = 0,000; X2 =
268,570). Os fatores de risco para a realização da episiotomia durante o parto foram:
idade materna entre 35-39 anos (RR = 1.592; IC95% 1.118-2.436); etnia negra / parda
(RR = 1.100; IC95% 1.040-1.290) e não utilização do partograma durante a
assistência ao trabalho de parto (RR = 1.502; IC95% 1.230-1.891). Conclusão:
Nossos resultados mostram uma diminuição significativa nas taxas de episiotomia ao
longo dos cinco anos deste estudo.