Dissertação
Trânsitos da clínica do acompanhamento terapêutico (AT): da via histórica à cotidiana
Registro en:
ALVARENGA, Cérise. Trânsitos da clínica do acompanhamento terapêutico (AT): da via histórica à cotidiana. 2006. 147 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2006.
Autor
Alvarenga, Cérise
Institución
Resumen
This research has aimed to investigate the place/position occupied by the Therapeutical
Accompaniment clinic concerning the psycho-social practices. Field and bibliography
research were carried out, having used open interview as instrument and interpretation
psychoanalysis as methodology. The results to this work show that the practice of
Therapeutical Accompaniment clinic is accompanied by hierarchical relationships and
specialized knowledge.This practice is based not only on an erratic and experimental ethic,
but also on one of tutelage, inter-dialogue and social reheabilitation. Because this clinic began
in the midst of the psycho practices ( psychiatry, psychoanalysis, psychology) it reproduces its
values and ethics as well as allows reflections on the necessity of building-up practices that
take into consideration its complexity and dynamism.In conclusion, Therapeutical
Accompaniment needs strategies that allow the invention/creation of new knowledge and
practice to consider its erratic and experimental; qualities by which it is strongly identified
with. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Mestre em Psicologia Aplicada Este trabalho retrata as diferentes vias , histórica e cotidiana, habitadas pela pesquisadora ao
se propor a investigar as transformações da clínica do AT Acompanhamento Terapêutico
desde o seu surgimento, para pensar o lugar ocupado pela mesma no universo das práticas
psi. Nesse itinerário trabalhou-se com a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo, sendo
que o instrumento utilizado na última foi a entrevista aberta. Através da constituição histórica
do desenvolvimento dessa clínica e dos relatos dos ats acompanhantes terapêuticos a
respeito de suas práticas, emergiram temas que foram trabalhados a partir do método
interpretativo psicanalítico. Alicerçando-se na concepção deste método, colocou-se em
exercício a escuta dos sentidos advindos dos campos relacionais habitados pela
pesquisadora nas diferentes vias. Das relações do at com outras instâncias sociais: paciente,
famílias, instituições, outros profissionais, alguns sentidos se colocaram em movimento.
Observou-se que, em meio ao fazer quotidiano do AT, cuja clínica preconiza a idéia de
interdisciplinaridade, de uma interação entre diferentes profissionais sem que se estabeleça
uma relação hierarquizada, se faz presente um fazer clínico atravessado pela hierarquização e
demarcação de saberes por parte dos especialistas. Diferente da ética predominantemente
enfatizada na clínica do AT, que prima por uma postura nômade que investe
experimentalmente em teorias e práticas, o fazer dos ats e a literatura disponível sobre o
mesmo apresentam-se habitadas por diferentes posturas que parecem veicular outras éticas,
como a da tutela, da interlocução e da reabilitação psicossocial. A clínica do AT, tendo sido
constituída em meio aos saberes psi, psiquiatria, psicanálise, psicologia, por um lado veicula
em seu fazer diferentes modos de subjetivação, herdando diferentes valores ou éticas que
atravessam tais fazeres, reproduzindo-os; por outro, informa e reivindica a necessidade de se
construir um fazer clínico comprometido com a complexidade e o dinamismo a que tais
saberes estão submetidos. Esta investigação acaba por reconhecer a necessidade da clínica do
AT encontrar estratégias que dêem passagem para a invenção de saberes-fazeres,
reconciliando-a com as características "fronteiriça" e itinerante que a identificam.