Dissertação
O Método fenomenológico nas práticas das psicoterapias fenomenológicas, humanistas e existenciais: modalidades e tendências
The phenomenological method in the practice of phenomenological, humanist and existential psychotherapies: modalities and tendencies
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Autor
Schievano, Bruna Alves
Institución
Resumen
This study was divided into three chapters, whose central axis is the search for understanding
how Humanistic, Phenomenological and Existential Psychotherapies have dealt with the
phenomenological method in relation to qualitative research in Psychology and clinical
practice, aiming to find out how they proceed, what are the modalities and trends. For this, in
chapters I and II, narrative reviews were carried out that presented a brief history of
Psychotherapy, whose main objective was to provide a base historical context and theoretical
consistency to the following studies. In Chapter II, the focus was on the emergence and early
developments of humanistic, phenomenological and existential psychotherapies. The
realization of the “Third force” movement is highlighted, in addition to the socio-political and
cultural context sensitive to the reception of Humanistic Psychology. At that time,
Philosophical Phenomenology (Husserl and Heidegger) and Existentialism were assumed as
theoretical and methodological resources in psychopathological investigations and
psychotherapeutic practices developed by this new approach: Humanistic Psychology.
However, as the study pointed out, these appropriations were carried out superficially,
generically and more explicitly a posteriori by other collaborators. In Chapter III, a qualitative
systematic review of the literature was carried out, in search of the main objective of this study.
Articles in Portuguese, complete and referring to the period from 2011 to 2021, were selected
from searches in the LILACS, PePSIC and SciELO-Brasil databases. As keywords were used:
(phenomenological method) AND (clinical OR psychotherapy). The localized references were
selected according to established inclusion criteria, and the corpus consisted of 45 articles,
which were quantitatively analyzed (Distribution of published articles; Performance of
Brazilian journals; Rank of psychologists with the highest publication rate; Institutional
affiliations of authors and co-authors) and qualitatively according to the dimensions: (I)
methodological design employed, (II) data analysis, (III) description of the phenomenological
method, (IV) phenomenological method in therapeutic practice. The results indicate: greater
production of articles in 2020; concentration of publications in a humanistic journal;
predominance of authors and universities from Ceará and predominance of empirical
productions. The most used instrument for data collection is the semi-structured interview; for
data analysis, much was used to the one proposed by Giorgi and Sousa, however the most cited
analysis method in the researches was the existential-hermeneutic phenomenological one,
which was based on different authors and philosophers. The philosophical concepts proposed
by Husserl appear in the psychotherapeutic practice of psychologists in a different way from
that explored as described and detailed by Husserl, conceiving it as a (professional) posture, an
attitude of understanding taken by the psychologist, thus evidencing his way of of intervention.
Still, it is perceived the lack of a distinction between the specificities and objectives of the
method, since the authors treat as synonyms the ideas of epoché, reduction, phenomenological
reduction, with a general meaning of attitude, a posture of finding the client/patient without
prejudices. Thus, it seems incoherent to apply the phenomenological method in the practice of
Psychotherapy, directly as a psychotherapeutic resource, in view of its elaboration and
development as a method of investigation and validation of phenomena, a particularly
introspective, rational and reflective task. Dissertação (Mestrado) Esse estudo foi dividido em três capítulos, cujo eixo central é a busca pelo entendimento sobre
como as Psicoterapias Humanistas, Fenomenológicas e Existenciais têm lidado com o método
fenomenológico com relação à pesquisa qualitativa em Psicologia e à prática clínica, visando
averiguar como procedem, quais as modalidades e tendências. Para isso, nos capítulos I e II
foram realizadas revisões narrativas que apresentaram um breve histórico acerca da
Psicoterapia, cujo objetivo principal foi fornecer um contexto histórico de base e uma
consistência teórica aos estudos seguintes. No Capítulo II, o foco esteve sob o surgimento e os
primeiros desenvolvimentos das Psicoterapias humanistas, fenomenológicas e existenciais.
Desatacam-se a concretização do movimento da “Terceira força”, além do contexto
sociopolítico e cultural sensível à recepção da Psicologia Humanista. Nessa época, a
Fenomenologia filosófica (Husserl e Heidegger) e o Existencialismo foram assumidos como
recurso teórico e metodológico nas investigações psicopatológicas e práticas psicoterapêuticas
desenvolvidas por essa nova abordagem: a Psicologia Humanista. Todavia, conforme apontou
o estudo, essas apropriações foram realizadas de forma superficial, genérica e mais
explicitamente a posteriori por outros colaboradores. No Capítulo III, realizou-se uma revisão
sistemática qualitativa da literatura, na busca do objetivo principal desse estudo. Foram
selecionados artigos em português, completos e referentes ao período de 2011 a 2021, a partir
de buscas nas bases de dados LILACS, PePSIC e SciELO-Brasil. Como palavras chave foram
utilizadas: (método fenomenológico) AND (psicoterapia OR clínica). As referências
localizadas foram selecionadas conforme critérios de inclusão estabelecidos, e o corpus foi
constituído por 45 artigos, os quais foram analisados quantitativamente (Distribuição de artigos
publicados; Desempenho dos periódicos brasileiros; Ranque dos psicólogos com maior índice
de publicação; Filiações institucionais dos autores e coautores) e qualitativamente em função
das dimensões: (I) desenho metodológico empregado, (II) análise de dados, (III) descrição do
método fenomenológico, (IV) método fenomenológico no fazer terapêutico. Os resultados
apontam: maior produção de artigos em 2020; concentração de publicações em um periódico
de orientação humanista; predominância de autores e universidades cearenses e predominância
de produções empíricas. O instrumento mais utilizado para coleta de dados a entrevista
semiestruturada; para análise de dados muito se recorreu ao proposto por Giorgi e Sousa, porém
o método de análise mais citado nas pesquisas foi o fenomenológico existencial-hermenêutico,
que se baseou em diferentes autores e filósofos. Tem-se que os conceitos filosóficos propostos
por Husserl aparecem na prática psicoterapêutica dos psicólogos de forma diferente daquela
explorada conforme descreveu e detalhou Husserl, concebendo-o como uma postura
(profissional), uma atitude de compreensão tomada pelo psicólogo, evidenciando, assim seu
modo de intervenção. Ainda, percebe-se a falta de uma distinção entre as especificidades e
objetivos do método, pois os autores tratam como sinônimos as ideias de epoché, redução,
redução fenomenológica, com um significado geral de atitude, uma postura de encontrar o
cliente/paciente sem preconceitos. Assim, parece incoerente aplicar o método fenomenológico
na prática da Psicoterapia, diretamente como recurso psicoterapêutico, tendo em vista a sua
elaboração e desenvolvimento como método de investigação e validação dos fenômenos, tarefa
particularmente introspectiva, racional e reflexiva. 2024-11-22