Dissertação
Origem da estabilização de eritrócitos por sorbitol
Registro en:
BERNARDINO NETO, Morun. Origem da estabilização de eritrócitos por sorbitol. 2006. 67 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2006.
Autor
Bernardino Neto, Morun
Institución
Resumen
ABSTRACT - CHAPTER I
With the aim of guarantee the stability of the biological organization
complexes, nature uses several mechanisms, as the control of pH, temperature
and concentration of solutes in the internal medium. The control of the solute
concentration contributes to what we can call as osmostabilization. This paper
tries to apply the known theories about the stabilization of proteins now on the
biological membranes. The osmostabilizing solutes, also called as osmolytes,
increase the free energy of the native state (N), but increase much more the free
energy of the unfolded state (D) of a protein, in such a way that the osmolytes
stabilize the N state of a protein by the increase in free energy barrier between the
states, which makes less probable the unfolding and the loss of the protein
function. The reason of this difference would be in the preferential interaction of
the protein with the water. The protein prefers binds to water than to the osmolyte,
which is then excluded from the inner hydration shell of the protein surface,
according an effect that was designated as solvophobic or osmophobic effect. The
larger contact surface of the D state requires a higher investment of free energy
for its hydration, beyond a better organization of the water molecules around the
external surface, in such a way that the conformational entropy of the solvent is
lower around the D state than it is around the N state. This means that the
osmolytes stabilize the native state in relation to the unfolded state of the protein.
The biological membranes have an important aspect of their structures in common
with water soluble proteins. They also hide their hydrophobic groups in their
anhydrous interior, constituted by a phospholipids bilayer, in which the polar heads
of these lipids make contact with the aqueous surrounding in the external and
internal media of the biological structure encompassed by the membrane. The
erythrocytes constitute a very valid model to study the behavior of the membranes. The utilization of osmolytes increases the stability of erythrocytes preparations and
permits even their cryopreservation. In the presence of osmolytes the erythrocytes
suffer reversible morphological alterations with volume decrease. Thus, the
erythrocytes will exist in an equilibrium process between two states, an expanded
(R) and a compact one (T), where T is the more stable state. In this study, we
tentatively explained this larger stability of the T state of the erythrocytes with
basis in the preferential hydration theory of Timasheff.
ABSTRACT - CHAPTER II
The erythrocyte constitutes a very adequate model to study the stability of
biological membranes, since the rupture of its membrane promotes release of
hemoglobin, which capacity to adsorb light in the visible region of the spectra
permits the monitoration of the membrane denaturation. In this work, we studied
the effect of the presence of sorbitol on the thermal dependence of the stability of
human erythrocytes against the denaturant action of ethanol in 0,9% NaCl. The
membrane denaturation was monitored by the measurement of the absorbance at
540 nm (A540 nm). The dependence of A540 nm with the ethanol concentration in
0.9% NaCl, in the absence and presence of 1 mol.L-1 sorbitol, was studied at 27,
32, 37 and 42 °C. After complete denaturation of the erythrocytes, the A540 nm
values were converted in percentage of hemolysis. All the dependencies of the %
of hemolysis with the concentration of ethanol followed sigmoidal transition lines,
which were adjusted to the Boltzman equation, in order to determine the
concentration of ethanol able to promote 50% of hemolysis (D50). The
incorporation of 1 mol.L-1 sorbitol promoted statistically significant decreases
(P<0.01) in the D50 values, for all considered temperatures. The increase in the
temperature also promoted statistically significant decreases (P<0.01) in the D50
values in the absence and in the presence of sorbitol. The values of D50 presented
a linear dependence with the temperature. The slope of that line in the presence of
sorbitol was significantly smaller (P<0.01) than it was in absence of that solute.
This means that the presence of 1 mol.L-1 sorbitol increases the chaotropic action
of ethanol, at the same time that it presents a stabilizing action, which increase
with an increase in the temperature. If we assume linearity beyond the interval of
27 and 42 °C, those regression lines will intercept around 68.8 °C, where the
stabilizing effect of sorbitol would neutralize its synergism with the chaotropic action of ethanol. These effects were explained with basis in a two state
equilibrium model for the erythrocyte, a less stable expanded state and a more
stable contracted state. The rationality of the model is discussed. Whatever is the
adopted explanation, our results permit conclude that 1 mol.L-1 sorbitol, in the
presence of 0.9% NaCl, increases the chaotropic action of ethanol and
temperature on the erythrocyte membrane, although it does not present any
chaotropic action itself between 0 and 1.5 mol.L-1, by the same time that it also
presents a stabilizing action on the membrane that increases with the increase in
the temperature. Mestre em Genética e Bioquímica RESUMO - CAPITULO I
Na tentativa de garantir a estabilidade dos complexos organizacionais
biológicos, a natureza emprega vários mecanismos, como o controle do pH, da
temperatura e da concentração de solutos no meio interno. O controle da
concentração de solutos contribui para o que podemos chamar de
osmoestabilização. Esse trabalho procura aplicar teorias conhecidas para a
estabilização de proteínas agora sobre as membranas biológicas. Os solutos
osmoestabilzadores, também chamados de osmólitos, aumentam a energia livre
do estado nativo (N), mas aumentam muito mais a energia livre do estado
desenovelado (D) de uma proteína, de tal forma que os osmólitos estabilizam o
estado N de uma proteína pelo aumento da barreira de energia livre entre eles, o
que torna menos provável o desenovelamento e a perda de função da proteína. A
razão dessa diferença estaria na interação preferencial da água com a proteína. A
proteína prefere ligar-se à água do que ao osmólito, que é então excluído da
esfera de hidratação mais próxima à superfície da proteína, segundo um efeito
que foi denominado de solvofóbico ou de osmofóbico. A maior superfície de
contato do estado D exige um maior investimento de energia livre para sua
hidratação, além de uma maior organização das moléculas de água em torno de
sua superfície externa, de tal forma que a entropia conformacional do solvente é
menor em torno do estado D do que do estado N. Isso significa que o osmólito
estabiliza o estado nativo em relação ao estado desnaturado de uma proteína. As
membranas biológicas têm um aspecto importante de sua estrutura em comum
com as proteínas solúveis em água. Elas também escondem seus grupos
hidrofóbicos em um interior anidro, constituído por uma bicamada de fosfolipídios,
em que as cabeças polares desses lipídios fazem contato com o meio externo e interno da estrutura biológica circundada pela membrana. Os eritrócitos
constituem um modelo muito válido para estudo do comportamento de suas
membranas. A utilização de osmólitos aumenta a estabilidade de soluções de
eritrócitos e permite inclusive sua criopreservação. Na presença de osmólitos os
eritrócitos sofrem alterações morfológicas reversíveis com a diminuição de
volume. Assim, os eritrócitos existem numa situação de equilíbrio entre dois
estados, um estado expandido (R) e um estado condensado (T), onde T é o
estado de maior estabilidade. Neste trabalho nós explicamos tentativamente essa
maior estabilidade do estado T dos eritrócitos com base na teoria da hidratação
preferencial de Timasheff.
RESUMO - CAPÍTULO II
O eritrócito constitui um modelo muito adequado para estudo da
estabilidade de membranas, uma vez que a ruptura de sua membrana promove
liberação de hemoglobina, cuja absorção de luz na região do visível permite a
monitoração da desnaturação da membrana. Neste trabalho nós estudamos o
efeito da presença de sorbitol sobre a dependência térmica da estabilidade de
eritrócitos humanos contra a ação desnaturante do etanol em NaCl 0,9%. A
desnaturação da membrana foi monitorada pela medida da absorvância em 540
nm (A540 nm). A dependência de A540 nm com a concentração de etanol em solução
de NaCl a 0,9%, na ausência e na presença de sorbitol a 1 mol.L-1, foi estudada a
27, 32, 37 e 42 °C. Após desnaturação completa dos eritrócitos, os valores de
A540 nm foram convertidos em percentagem de hemólise. Todas as dependências
da % de hemólise com a concentração de etanol seguiram linhas de transição
sigmoidal, que foram ajustadas à equação de Boltzman, para determinação da
concentração de etanol capaz de promover 50% de hemólise (D50). A
incorporação de sorbitol a 1 mol.L-1 promoveu declínios estatisticamente
significantes (P<0,01) nos valores de D50, em todas as temperaturas
consideradas. O aumento da temperatura promoveu declínios também
estatisticamente significantes (P<0,01) nos valores de D50 tanto na ausência
quanto na presença de sorbitol. Os valores de D50 apresentaram uma
dependência linear com a temperatura. A inclinação da reta de dependência
térmica de D50 na presença de sorbitol foi significativamente menor (P<0,01) do
que na ausência do osmólito. Isso significa que o sorbitol a 1 mol.L-1 aumenta o
efeito caotrópico do etanol, ao mesmo tempo em que apresenta uma ação
estabilizadora que é tanto maior quanto maior é a temperatura. Assumindo linearidade além do intervalo de temperatura de 27 a 42 °C, as duas linhas de
regressão devem sofrer uma intersecção em torno de 68,8 °C, ponto em que a
ação estabilizadora do sorbitol neutralizaria seu sinergismo com a ação caotrópica
do etanol. Esses efeitos foram explicados de acordo com um modelo de equilíbrio
em dois estados para o eritrócito, um estado expandido de menor estabilidade e
um estado contraído de maior estabilidade. Independentemente da explicação
adotada, nossos resultados permitem concluir que, a 1 mol.L-1 e na presença de
NaCl a 0,9%, o sorbitol acentua a ação caotrópica do etanol e da temperatura,
entre 27 e 42 °C, sobre a membrana do eritrócito, embora ele não tenha ação
caotrópica entre 0 e 1,5 mol.L-1, ao mesmo tempo em que também promove
estabilização da membrana, numa intensidade que aumenta com o aumento da
temperatura.