info:eu-repo/semantics/article
Escrever outra vez: luto e jogo em Quatro-Olhos, de Renato Pompeu
Escrever outra vez: luto e jogo em Quatro-Olhos, de Renato Pompeu
Registro en:
10.5902/1679849X31046
Autor
Conde, Miguel Bezzi
Institución
Resumen
In this essay, I argue that the novel Quatro-olhos (1976), by Renato Pompeu, alternates between mourning and play in approaching life during Brazil’s military dictatorship (1964-1985). This ambivalence can be understood as a way of indicating the irreparable grievances caused by authoritarian violence, while at the same time re-inscribing in the present a gesture of insubordination that avoids melancholic immobility. Writing is defined in the novel as the attempt to “write once more” or to “write another time” (“escrever outra vez”) a book seized by political repression and missing ever since. In the act of “escrever outra vez”, what returns from the past is the gesture of writing itself. Incapable of retrieving what is lost and undo what has been done, this gesture incorporates a measure of invention. The gaps of remembrance become an open field for experimentation, and mourning is combined with play Argumento neste ensaio que o romance Quatro-olhos (1976), de Renato Pompeu, oscila entre luto e jogo ao falar da vida durante a ditadura militar brasileira (1964-1985). Essa ambivalência pode ser compreendida como uma forma de assinalar as perdas irrecuperáveis causadas pela violência autoritária, sem deixar de buscar reinscrever no presente também um gesto de insubordinação que evite a paralisia melancólica. A escrita se define como a tentativa de “escrever outra vez” um livro apreendido pela repressão política e desde então desaparecido. No ato de “escrever outra vez”, o que retorna e se repete do passado não são pessoas, coisas ou projetos, mas o próprio gesto da escrita. Incapaz de recuperar o perdido e desfazer o que aconteceu, ele se assume também como gesto de invenção. As lacunas da recordação se tornam um espaço de experimentação e o luto se faz acompanhar do jogo.