Dissertation
Polimorfismos do Gene VEGFA: avaliação de impacto sobre a evolução clínica do câncer de mama
Gene polymorphisms VEGFA: evaluation of impact on the clinical outcome of breast cancer
Registro en:
MONTEIRO, Hayra de Andrade Vieira. Polimorfismos do Gene VEGFA: avaliação de impacto sobre a evolução clínica do câncer de mama. 2015. 114 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública e Meio Ambiente) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2015.
Autor
Monteiro, Hayra de Andrade Vieira
Resumen
O câncer de mama é uma doença heterogênea com alta incidência, sendo a principal causa de
morte por câncer entre as mulheres. Dentre os processos que contribuem para a carcinogênese
e que dependem do microambiente do hospedeiro, destaca-se o processo de angiogênese,
sendo o fator de crescimento vascular endotelial (VEGFA) o principal fator pró-angiogênico
com influente papel no desenvolvimento do câncer de mama. O gene que codifica o VEGFA é
altamente polimórfico e seus polimorfismos estão associados a diferentes padrões de
expressão gênica, afetando os níveis de VEGFA em diversos modelos celulares, incluindo o
câncer de mama. O presente estudo teve como objetivo investigar a associação entre
polimorfismos de um único nucleotídeo (SNPs) do VEGFA (rs699947, rs833061, rs1570360,
rs2010963 e rs3025039) e características histopatológicas com valor prognóstico no câncer de
mama, bem como avaliar o potencial de genótipos e haplótipos VEGFA como preditores do
risco de progressão da doença. A população do estudo consistiu de uma coorte de mulheres
brasileiras com câncer de mama unilateral e não metastático, submetidas à ressecção tumoral
ou à quimioterapia neoadjuvante como primeira abordagem terapêutica (N=1043). O DNA
genômico foi extraído de amostras de sangue periférico, e usado para genotipagem de VEGFA
(N=895). Os resultados foram divididos em dois manuscritos. O primeiro avaliou a associação
dos SNPs do VEGFA ou seus haplótipos com as características histopatológicas com valor
prognóstico para o tratamento do câncer de mama; e o segundo avaliou o impacto de genótipos
e haplótipos VEGFA sobre a evolução clínica de pacientes tratadas inicialmente com cirurgia
curativa. As associações entre SNPs e características histopatológicas foram estimadas pelas
razões de chance (OR) e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%), sendo os
preditores independentes validados por regressão logística. As curvas de sobrevida livre de
doença foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier e o impacto dos de genótipos e
haplótipos VEGFA sobre o risco de recorrência foi avaliado com modelos multivariados de
regressão de risco proporcional de COX, sendo calculadas as razões de risco ajustadas (HR) e
seus respectivos IC95%. Em relação à associação com as características histopatológicas, os
genótipos variantes do rs699947 (CA + AA) foram mais prevalentes entre os tumores de mama
não-luminais, ou seja, dos tipos HER2-like ou Triplo-Negativo (ORajustado = 1,49; IC95% =
1,03-2,16), e o haplótipo *4, formado por rs699947A, rs833061C, rs1570360G, rs2010963G,
mostrou um aumento significativo entre os tumores negativos para o receptor de estrogênio
(OR ajustado = 1,59; IC95% = 1,03-2,47) e entre os tumores não-luminais (OR ajustado = 1,61;
IC95% = 1,02-2,53). Em relação à sobrevida livre de doença após tratamento cirúrgico, os
SNPs de VEGFA ou seus haplótipos não mostraram impacto significativo sobre o risco de
progressão, caracterizado pela presença de recorrências ou metástases, tanto considerando toda
a coorte de estudo, como após a estratificação das pacientes de acordo com os subtipos
tumorais. Também não foram observadas diferenças significativas nas curvas de sobrevida
livre de doença quando apenas os indivíduos com diplótipos homozigotos foram considerados.
Como conclusão, os haplótipos VEGFA não foram validados como preditores independentes
da progressão rápida do câncer de mama em pacientes de câncer de mama inicial, tratadas com
terapias padronizadas. Apesar disso, em vista da associação do SNP rs699947 ou o haplótipo
*4 do gene VEGFA com tumores não-luminais, estudos futuros a respeito da relevância dos
SNPs VEGFA para o prognóstico do câncer de mama devem abordar em especial os tumores
dos tipos HER2-like ou Triplo-Negativo, que têm menos opções terapêuticas, e podem se
beneficiar de novas terapias. Breast cancer is a heterogeneous disease with high incidence among women, being the leading
cause of cancer death. Among the host microenvironment processes that contribute to
carcinogenesis, angiogenesis plays a central role, and the Vascular Endothelial Growth Factor
A (VEGFA) is the main pro-angiogenic factor, with impact in the development of breast
cancer. The gene encoding VEGFA is highly polymorphic, and their polymorphisms have been
associated with different patterns of gene expression, affecting VEGFA levels in different cell
models, including breast cancer. The present study aimed to investigate the association
between single nucleotide polymorphism (SNP) of VEGFA (rs699947, rs833061, rs1570360,
rs2010963 and rs3025039) and histopathological features with prognostic value in breast
cancer, and to evaluate the potential of VEGFA genotypes and haplotypes as risk predictors of
disease progression. The study population consisted of a cohort of Brazilian women with
unilateral and non-metastatic breast cancer, who underwent tumor resection or neoadjuvant
chemotherapy as their first therapeutic approach (N=1043). Genomic DNA was extracted from
peripheral blood samples, and used for VEGFA genotyping (N=895). The results were divided
into two manuscripts. The first shows the association of VEGFA SNPs or haplotypes with
histopathological characteristics with prognostic value for the treatment of breast cancer. The
second evaluates the impact of VEGFA genotypes and haplotypes on the risk of breast cancer
progression among patients initially treated with curative surgery. The associations between
SNPs and histopathological characteristics were estimated by odds ratios (OR) and their
respective confidence intervals of 95% (CI 95%), and the independent predictors were
validated by logistic regression. Disease-free survival curves were estimated by the KaplanMeier method and the impact of VEGFA genotypes and haplotypes on the risk of breast cancer
progression (characterized by the incidence recurrence or metastasis) was evaluated using
multivariate regression models of COX proportional hazards, with calculation of the adjusted
hazard ratios (HR) and their 95% CI. Regarding the association with the histopathologic
features, rs699947 variant genotypes (CA + AA) were more prevalent among non-luminal
breast tumors, ie HER2-like or triple negative (ORadjusted = 1.49; 95% CI = 1.03 to 2.16), and
the haplotype *4, formed by rs699947 A, rs833061 C, rs1570360 G, rs2010963 G, was
significantly increased among tumors with negative estrogen receptor status (ORadjusted = 1.59;
95% CI = 1.03 to 2.47), as well as among non-luminal tumors (HER2-like or triple negative)
(ORadjusted = 1.61, 95% CI 1.02 to 2.53). With regards to disease-free survival, VEGFA
genotypes or haplotypes showed no significant impact on the risk of breast cancer progression,
either considering the entire study cohort, or after patient stratification according to tumor
subtypes. There were also no significant differences in disease-free survival curves when only
individuals with homozygous diplotypes were considered. In conclusion, VEGFA haplotypes
were not validated as independent predictors of early-onset breast cancer progression in earlystage breast cancer patients treated with standard first-line therapies. Nevertheless, in view of
the apparent association between VEGFA rs699947 or haplotype *4 and non-luminal tumors,
future studies on the functional relevance of VEGFA SNPs in breast cancer prognosis should
focus in specific subtypes, especially in HER2-like tumors or Triple-negative, which have
fewer treatment options, and are more likely to benefit from new therapies.