Thesis
Uso de psicofármacos e a incapacidade funcional entre idosos residentes em comunidade
Fecha
2018Registro en:
FALCI, Denise Mourão. Uso de psicofármacos e a incapacidade funcional entre idosos residentes em comunidade. 2018. 88 f. Tese (Doutorado Saúde Coletiva)-Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Instituto René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz, Belo Horizonte, 2018.
Autor
Falci, Denise Mourão
Institución
Resumen
O uso de psicofármacos tem sido apontado como um dos fatores de risco para o desenvolvimento da incapacidade funcional entre idosos, mas os resultados ainda são controversos. O objetivo deste trabalho foi investigar a associação entre o uso de psicofármacos e a incapacidade funcional entre idosos residentes em comunidade. Para esse
propósito, foram realizados dois estudos, um transversal e outro longitudinal, ambos baseados nos dados da coorte de idosos do Projeto Bambuí. O estudo transversal baseou-se nos dados coletados no ano de 2008, entre os idosos da coorte então sobreviventes, com mais de 70 anos
de idade. Nele, a regressão logística multinomial foi utilizada para avaliar a associação entre uso de psicofármacos e incapacidade funcional (para
atividades instrumentais de vida diária–AIVD e para atividades básicas de vida diária–ABVD), ajustado por variáveis sociodemográficas, de condições de saúde e uso de serviços de saúde. Já o segundo estudo
baseou-se nos dados coletados entre 1997 e 2001, entre os idosos com 60 ou mais anos na linha-base e que eram livres de incapacidade funcional. A associação entre uso de psicofármacos e o desenvolvimento de incapacidade funcional (para AIVD ou para ABVD)
foi testada por meio do modelo de riscos proporcionais de Cox estendido. As análises foram estratificadas por sexo e ajustadas por características sociodemográficas, comportamento em saúde e condições de saúde. Na vertente transversal, 27,9% dos idosos relataram alguma incapacidade funcional (18,0% exclusivamente para AIVD e 9,9% para AIVD/ABVD). O uso de antipsicóticos foi associado à incapacidade para
AIVD (OR=2,79; IC95%: 1,07-7,27) e o de benzodiazepínicos à incapacidade para ABVD (OR=2,38; IC95%: 1,27-4,89). Na vertente
longitudinal, as taxas de densidade de incidência (p/ 1.000 pessoas-ano) para a incapacidade nas AIVD e ABVD, foram respectivamente de 84,0 e 56,9, sendo que as mulheres tornaram-se incapazes mais precocemente que os homens. No estrato feminino, o uso de dois ou mais psicofármacos foi associado tanto à incapacidade para AIVD (HR=1,58; IC95%: 1,17-2,13)
quanto para ABVD (HR=1,43; IC95%: 1,05-1,94), o uso de benzodiazepínicos foi associado à incapacidade para AIVD (HR=1,32; IC95%: 1,07-1,62) e de antidepressivos a ambas, para AIVD (HR= 1,51; IC95%: 1,16-1,98) e ABVD (HR= 1,44; IC95%: 1,10-1,90). No estrato
masculino, por sua vez, o uso de antipsicóticos foi associado à incapacidade para AIVD (HR=3,14; IC95%: 1,49-6,59). Nossos resultados evidenciaram a relação entre o uso de psicofármacos e o desenvolvimento da incapacidade funcional, apontando a necessidade de
uma prescrição cautelosa desses medicamentos para idosos e do monitoramento contínuo do seu uso por essa população, para que, nessa utilização, os riscos de ocorrência de eventos adversos não venham superar os benefícios terapêuticos esperados.