Dissertation
Morbidade materna near miss em um maternidade de referência do Rio de Janeiro
Fecha
2010Registro en:
GUIMARÃES, Roberto Ubirajara Cavalcanti. Morbidade materna near miss em uma maternidade de referência do Rio de Janeiro. 2010. 116 f. Dissertação (Mestrado em Saúde da Criança e da Mulher)-Instituto Fernandes Figueira, Fundaçõa Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2010.
Autor
Guimarães, Roberto Ubirajara Cavalcanti
Institución
Resumen
Objetivo – Descrever o perfil epidemiológico das mulheres com condições
potencialmente capazes de levar ao near miss (CPNM) e dos casos de near miss
materno (NM). Identificar as principais causas de CPNM e NM, bem como analisar a
trajetória de acesso à assistência percorrida por estas mulheres.
Método - Estudo transversal descritivo realizado na maternidade do Hospital
Federal de Bonsucesso (HFB) durante maio-outubro de 2009. Entre os partos
ocorridos, foram identificadas as pacientes que CPNM e os casos de NM de acordo
com os critérios propostos pela Organização Mundial de Saúde em 2009. Fonte de
informação foram entrevistas com as mulheres com uso de questionários e dados dos
prontuários. Características epidemiológicas, clínicas, sócio demográficas e a trajetória
de acesso a assistência das pacientes destes dois grupos foram analisadas através de
análise estatística descritiva. Foram estimados a razão de incidência NM e demais
indicadores propostos pela OMS.
Resultados – Foram observados 1107 partos com 1080 crianças nasceram vivas.
As pacientes CPNM foram 109, destas 22(20,2%) foram NM. Ocorreram 7 mortes
maternas (MM). A razão de incidência de near miss foi 20,37 casos por 1000 nascidos
vivos (NV) e a razão de desfecho materno grave foi 26,85 por 1000 NV. O Índice de
Mortalidade entre as mulheres com desfecho materno grave foi 24%. Dentre os critérios
utilizados para identificação das pacientes CPNM, os relativos à gravidade do manejo
foram os mais presentes. Para identificação do NM, os critérios clínicos estiveram
presentes em 81,7% dos casos, os laboratoriais em 63,5% e os de manejo em 45,3%. A
maior parte da amostra era composta por mulheres pardas e negras. Quanto à
escolaridade, a maioria das pacientes tinha no máximo, o ensino fundamental completo.
Entre as pacientes CPNM, 50,5% moravam em regiões com pouca infra-estrutura. A
baixa renda familiar predominou nos dois grupos. Cerca de 30% das CPNM não fez
pré-natal. A demora na tomada de decisão foi a principal causa apontada por elas para o
atraso na busca de assistência. Dentre as pacientes, 47,7 % das pacientes CPNM e
68,2% das NM passaram por pelo menos uma unidade de atendimento antes do HFB.
Apenas, 4,5 % foram transferidas com o uso de ambulância.
Conclusões– A maioria das mulheres CPNM apresentavam nível sócioeconômico
desfavorável. O acesso ao pré-natal foi inadequado. Metade delas teve que
percorrer duas ou mais unidade para ter acesso à assistência médica. Esta peregrinação
se deu por meios próprios. O monitoramento das condições potencialmente
ameaçadoras propostos pela OMS pode contribuir para prevenção do near miss e de
morte materna.