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Casos de família: análise da abordagem de feminicídio íntimo no jornalismo popular
Fecha
2018Registro en:
SAAD, Maria Amélia Pedro; MAKSUD, Ivia Maria Jardim; SOUZA, Edinilsa Ramos de. Casos de família: análise da abordagem de feminicídio íntimo no jornalismo popular. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS EM SAÚDE, 8., 2019, João Pessoa. Anais... João Pessoa: ABRASCO, 2019. 2 p.
978-85-85740-10-8
Autor
Saad, Maria Amélia Pedro
Maksud, Ivia Maria Jardim
Souza, Edinilsa Ramos de
Institución
Resumen
Esta pesquisa discute a violência contra a mulher, que atinge seu grau mais profundo e de extrema preocupação nas diversas esferas sociais, tendo como objeto de estudo, feminicídios íntimos, sob a ótica das notícias veiculadas em um jornal popular de Goiás. Analisar notícias sobre assassinatos e tentativas a mulheres, cujos autores eram parceiros, ou ex-parceiros íntimos das vítimas, caracterizando, seus perfis através da análise do discurso social da produção dessas notícias jornalísticas. Entre março de 2015 (mês que a Lei do Feminicídio entrou em vigor) a junho de 2016, foram encontradas 121 veiculações se enquadram como feminicídios íntimos e tentativas de feminicídio. Para analisar como estes fatos eram relatados pelo veículo de comunicação, realizou-se a análise do discurso crítica (FAIRCLOUGH, 2003) e análise do discurso das mídias (CHARAUDEAU, 2015), alicerçadas por estudos multidisciplinares baseados especialmente na saúde coletiva, sociologia, comunicação e, teorias feministas. A partir das análises foi constatado que o jornal não categoriza o feminicídio íntimo como tal, mas o representa como crime passional. Foi possível traçar um perfil das vítimas, autores, o que falam as fontes jornalísticas. A análise contribui para a compreensão de como as fontes e a mídia auxiliam na perpetração da “dominação masculina” (BOURDIEU, 2002), através de um discurso que legitima – ou naturaliza - o feminicídio íntimo, não o reconhecendo como um crime de gênero, bem como fortalecendo estereótipos dos atores sociais envolvidos. O jornalismo popular contribui para a perpetuação do discurso de dominação e que, ainda se prefere configurar tais fatos como crimes passionais ou como atos isolados desse fenômeno histórico. Destacamos que mesmo com erros relativos à cobertura dos casos, o jornalismo possui uma função social imprescindível. Através das notícias é possível conhecer dados e relatos de casos muitas vezes ocultados pelos números oficiais.