Thesis
Adoecer e adolescer com hiv/aids: experiências de trajetórias terapêuticas
Fecha
2012Registro en:
CARDIM, Mariana Gomes. Adoecer e adolescer com hiv/aids: experiências de trajetórias terapêuticas. 2012. 145 f. Tese (Doutorado em Saúde da Criança e da Mulher)-Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Autor
Cardim, Mariana Gomes
Institución
Resumen
Trata-se de uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa que teve
como objetivo compreender a experiência de adoecimento e cuidado
vivenciada por adolescentes com HIV/Aids por transmissão vertical e sua
família. A coleta de dados foi realizada entre fevereiro e julho de 2012, no
ambulatório de Doenças Infecciosas Pediátricas e se deu através da técnica de
entrevista de História de Vida com dezesseis adolescentes e seus respectivos
responsáveis. Os relatos apontaram para a emergência de três categorias:
Adolescer com HIV/Aids: experiências de uma trajetória terapêutica; A
(Re)construção das relações familiares a partir da doença e A (Re)construção
da vida pública e privada a partir da doença. Os resultados apontaram para um
cotidiano marcado pelos momentos de infância e adolescência acrescido da
singularidade da presença do HIV/Aids. Esses momentos não se configuram
como demarcações cronológicas e o momento da revelação do diagnóstico
aparece como um grande demarcador dessas fases. Nessa etapa da vida,
balizada pelo conhecimento da sua doença, são desvelados novos desafios.
Assim, muitas vezes, são lançados a serem adolescentes em termos de
autonomia plena com o seu tratamento de saúde, a partir de uma rede de
expectativas e representações sócio-culturais dos adultos com relação à
adolescência. Demonstram haver uma lacuna entre a vivência cotidiana do
tratamento e aquilo que é preconizado pela equipe de saúde. Entretanto,
entendem a necessidade de tratamento e criam estratégias aderentes. O
itinerário terapêutico é marcado pelo gerenciamento do segredo de viver com
HIV/Aids na vida pública e privada. Na maioria das vezes, o manejo do segredo
tem um caráter de proteção da vivência do estigma. Aparece com destaque a
figura da mulher como gerenciadora do tratamento e cuidadora principal. A
infecção pelo vírus HIV traz experiências singulares na trajetória de vida
desses adolescentes, gerando a necessidade de (re)construções de
identidades, de relações fam iliares e de vida pública e privada. É travada uma
luta diária para manter-se “normal” e saudável, o que ressignifica o adolescer
desses indivíduos. São necessárias intervenções mais dialógicas e menos
normativas, especialmente aquelas de cunho educativo, promovendo a
autonomia do cuidado de si e o exercício saudável e seguro da sexualidade.
Neste sentido, destacamos a necessidade de utilização de estratégias lúdicas
que se adaptem à fase de vida desses indivíduos. As histórias desveladas
apontam ainda para a necessidade de um modelo de cuidado que abranja toda
a família.