Dissertation
Atrasos no tratamento do câncer de mama: fatores associados em uma coorte de mulheres admitidas em um centro de referência do Rio de Janeiro
Fecha
2016Registro en:
MONTEIRO, Sergio de Oliveira. Atrasos no tratamento do câncer de mama: fatores associados em uma coorte de mulheres admitidas em um centro de referência do Rio de Janeiro. 2016. 144 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública e Meio Ambiente) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2016.
Autor
Monteiro, Sergio de Oliveira
Institución
Resumen
O câncer de mama representa um grande problema de saúde pública no mundo pois atinge tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, embora haja diferenças importantes nos perfis de incidência, mortalidade e sobrevida nesses países. Nos países desenvolvidos, observam-se taxas de incidência e mortalidade maiores que nos países em desenvolvimento, porém com sobrevida também maior, o que pode ser efeito da qualidade do diagnóstico precoce e acesso ao tratamento oportuno. O presente estudo visou avaliar os atrasos no tratamento e seus fatores associados na coorte hospitalar de mulheres com câncer de mama no INCA, no Rio de Janeiro, de 2011 a 2013. Dentre as pacientes que chegaram com laudo histopatológico positivo, 39,8% já tinham seus diagnósticos entre 31 e 60 dias de confirmação e 32,1% com mais de 60 dias. Entre as pacientes cuja data do diagnóstico foi após a data da triagem, 83,5% os receberam em até 60 dias após a matrícula. A mediana de tempo para início do tratamento a partir do primeiro diagnóstico foi de 98 dias, com 55% das mulheres iniciando o tratamento após 91 dias de diagnóstico. Na análise univariada, o maior risco de atrasar mais que 60 dias para iniciar o tratamento esteve associado à idade maior que 70 anos em comparação às pacientes até 49 anos (OR: 1,32; IC95%1,01-1,71), as pacientes que vieram de outros municípios fora da cidade do Rio de Janeiro em comparação às que moravam na cidade (OR 1,47; IC 95% 1,22-1,77), as portadoras de tumores infiltrantes no dia da triagem em comparação aos in situ (estágios I e II: OR 2,95; IC 95% 2,15-4,06; estágio III: OR 2,45; IC 95% 1,76-3,40) e que chegaram com mais de 30 dias de diagnóstico histopatológico em comparação com as que chegaram com até 30 dias (OR: 16,02; IC 95%10,91-23,54). Chegar sem o diagnóstico histopatológico no dia da triagem conferiu proteção para o atraso (OR: 0,06; IC95% 0,05-0,08). Na análise multivariada, os fatores de risco isolados identificados para atraso maior que 60 dias foram a faixa etária entre 50 e 69 anos (OR ajustada 1,31; IC 95% 1,05-1,64) e ser portadora de doença nos estágios I e II ao chegar à triagem (O Rajustada 1,52; IC 95% 1,02-2,27). Conferiram proteção o fato de chegar à triagem sem o diagnóstico histopatológico em comparação às que chegaram com o diagnóstico (ORajustada 0,05; IC 95% 0,04-0,07) e o nível superior de escolaridade quando se compara às pacientes sem qualquer instrução (ORajustada 0,50; IC 95% 0,28-0,90). Este estudo evidencia atrasos no início do tratamento que contrariam a determinação legal de 60 dias e podem ter consequências no prognóstico dessas pacientes, tanto na sobrevida quanto na qualidade de vida. A atenção deve ser voltada para as pacientes que apresentam os fatores de risco aqui encontrados, principalmente àquelas que chegam à primeira consulta com mais de 60 dias da data do primeiro diagnóstico.