Dissertation
Trabalho e sofrimento psíquico na Marinha Mercante: um estudo sobre a tripulação embarcada
Fecha
1999Registro en:
SANTOS, Janaina Aparecida dos. Trabalho e sofrimento psíquico na Marinha Mercante: um estudo sobre a tripulação embarcada. 1999. 115 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 1999.
BR526.1; R150, S237t
Autor
Santos, Janaina Aparecida dos
Institución
Resumen
O presente estudo aborda o trabalho marítimo, particularmente o trabalho
embarcado em navios de longo curso, cuja tripulação está exposta a longos
períodos em viagem, longe do convívio familiar e social, o que pode acarretar em
sofrimento psíquico. Procura compreender as conseqüências da atual política de
redução de custos (que no caso da Marinha Mercante vem privilegiando, não a
modernização tecnológica e sim o corte no número de tripulantes) para a
saúde/saúde mental dos trabalhadores.
O trabalho de campo foi realizado a bordo de navio petroleiro da Frota
Nacional de Petroleiros (FRONAPE), durante percurso compreendido entre Angra
dos Reis (Rio de Janeiro/Brasil) e Cape Town (África do Sul), no período de 25 de
maio a 08 de junho de 1998, sendo realizadas observações das atividades
desenvolvidas e das relações de vida e trabalho da tripulação a bordo, bem como
entrevistas individuais com onze tripulantes, que foram analisadas tendo como
principal abordagem teórico metodológica a Psicodinâmica do Trabalho.
Constatou-se que a família assume papel importante na vida do
trabalhador, sendo o seu distanciamento a principal fonte de sofrimento psíquico e
o debruçar-se sobre o trabalho o principal mecanismo defensivo utilizado pelos
trabalhadores para o seu enfrentamento. Esse sofrimento está sendo
intensificado pelo não reconhecimento desse dar-se de si no trabalho e pela
queda na remuneração salarial. Contudo, o trabalhador embarcado a partir do
prazer gerado pelo uso de sua criatividade e do bom humor na realização da
tarefa, vem conseguindo não sucumbir ao sofrimento, mantendo-se dentro do
domínio da normalidade.