Teses
Compatibilidade de Trichoderma spp. com agrotóxicos e inibição de patógenos do solo por cepas comerciais e não comerciais.
Autor
BOTELHO, A. S.
Institución
Resumen
O fungo Trichoderma é um dos principais agentes de controle biológico de doenças fúngicas. Seu uso tem como vantagens o baixo impacto ambiental, a redução da seleção de microrganismos resistentes, sua permanência na rizosfera da planta por um período e a capacidade de colonizar estruturas de sobrevivência. Além disso, é reconhecido pela sua capacidade de atuar por diferentes mecanismos de ação, como competição, micoparasitismo, antibiose, promoção de crescimento e indução de resistência. Tais características torna Trichoderma um importante aliado no manejo de doenças, especialmente as ocasionadas por fungos habitantes do solo, como Macrophomina phaseolina, Sclerotinia sclerotiorum, Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii. Esses patógenos infectam uma diversidade de culturas, além de sobreviverem no solo em forma de estruturas de sobrevivência. Existem, disponíveis no mercado, alguns biofungicidas recomendados para o controle desses patógenos, exceto S. rolfsii. O controle biológico pelo uso de Trichoderma pode ser combinado com outras estratégias de manejo dessas doenças de solo, incluíndo o controle químico. Testes de compatibilidade devem ser realizados para garantir que os produtos químicos utilizados nas culturas de interesse não afetem o fungo agente de biocontrole. O objetivo do presente estudo foi comparar cepas comerciais de Trichoderma quanto à capacidade de inibição micelial de M. phaseolina, S. sclerotiorum, R. solani e S. rolfsii, por meio de testes de pareamento de culturas e da exposição aos compostos orgânicos voláteis do antagonista (atmosfera compartilhada). Também avaliou-se a supressão dos mesmos fitopatógenos por cepas não comerciais, utilizando as mesmas metodologias de cultivos pareados e exposição aos compostos orgânicos voláteis e filtrados autoclavados de Trichoderma spp. Por fim, realizaram-se testes de compatibilidade entre cepas de Trichoderma e agrotóxicos. Todas as cepas comerciais inibiram o crescimento dos patógenos, sendo que T. harzianum CCT 7589 incluiu-se entre as que apresentaram as maiores porcentagens de inibição, em ambos os experimentos conduzidos. Todas as cepas não comerciais de Trichoderma inibiram o crescimento dos patógenos testados no cultivo pareado e na atmosfera compartilhada, com destaque para T. asperelloides CEN1277 e CEN1559. Os tratamentos com filtrados autoclavados de T. afroharzianum CEN287 T. afroharzianum e T. rifaii CEN288 apresentaram as maiores porcentagens de inibição de S. sclerotiorum, 75,6 e 79,2 %, respectivamente. Já M. phaseolina e R. solani não foram inibidos por nenhum dos tratamentos, nesses testes, e S. rolfsii apresentou resultados inconsistentes entre as repetições dos experimentos. Os resultados de compatibilidade com agrotóxicos variaram entre as cepas, doses e metodologias utilizadas. O inseticida Fipronil foi o único que apresentou compatibilidade em todos os casos. Os fungicidas Picoxistrobina/Tebuconazol/Mancozeb, Metconazol, Fenpropimorfe/Cilco-hexanona e Bixafem/Protioconazol/Trifloxistrobina demonstraram ser incompatíveis com as quarto cepas testadas. O fungicida Fludioxonil e os inseticidas Clorantraniliprole e Imidacloprido/Tiodicarbe, recomendados para o tratamento de sementes, não afetaram o crescimento micelial de Trichoderma spp. Dissertação (Mestrado em Fitopatologia) - Universidade de Brasília, DF. Orientadora: Sueli Corrêa Marques de Mello, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.