Dissertação de mestrado
Diabetes mellitus em portadores de cirrose: prevalência e impacto prognóstico
Fecha
2018-12-03Autor
Carmo, Luiza Fabres do [UNIFESP]
Institución
Resumen
Introduction: Type 2 diabetes mellitus (DM) has been identified is 20 to 60% of
patients with cirrhosis and has been associated with poor outcomes in cirrhosis,
coursing with higher mortality from liver failure, increased risk of
decompensation and increased incidence and mortality due to hepatocellular
carcinoma (HCC). The impact of the presence of DM in cirrhotic patients has
been evaluated in few studies, mainly with selected subjects, which hampers
the applicability of their findings. Objectives: To identify the prevalence of DM
in cirrhotic patients; the influence of diabetes on the functional status of cirrhosis
and analyze the impact of DM on the natural history of liver cirrhosis. Methods:
Observational crosssectional
analytical study performed by reviewing of
standardized medical records of cirrhotics from any etiology, followed in an
outpatient clinic from a single referral center in Hepatology, between January
1986 and June 2014. Results: 303 patients were selected, with mean age of
54,6 ± 11,5 years, with male predominance (68,6%). Ninety eight subjects
(32.3%) were diabetic on admission. DM was more prevalent among Child A
patients than in those Child B or C (37.2% vs. 24.8%, respectively, p = 0.022);
likewise, DM was more common in subjects with MELD <10, as compared to
those with MELD score between 1014
and ≥ 15 (42.9%, 29.8% and 22.2%, in
this order, p = 0.011). In a logistic regression model, over a 10year
followup,
DM was considered an independent risk factor for death or liver transplantation
(odds ratio (OR): 1.52; 95% confidence interval (CI): 1.032.24;
p = 0.035),
hepatic decompensations (OR: 3.93, 95% CI: 1.808.56,
p = 0.001) and HCC
(OR: 4.43, 95% CI: 1.6611.85;
p = 0.003). Conclusion: DM was very prevalent
among cirrhotic patients, particularly amog those with compensated disease,
and was associated with increased mortality and higher incidence of major
complications of cirrhosis. Therefore, more attention should be paid to early
diagnosis and adequate management of glucose disorders in these patients. Introdução: Diabetes mellitus (DM) do tipo 2 tem sido observado em 20 a 60%
dos portadores de cirrose e foi associado a piores desfechos da cirrose
hepática (CH), cursando com maior mortalidade por falência hepática, maior
risco de descompensação e aumento na incidência e na mortalidade do
hepatocarcinoma (HCC). O impacto evolutivo da presença de DM em
portadores de CH tem sido avaliado em um número pequeno de estudos, os
quais, em sua maioria, incluíram casuísticas selecionadas, o que dificulta a
aplicabilidade de seus achados para a população geral de cirróticos.
Objetivos: Identificar a prevalência de DM nos cirróticos, avaliar a influência do
DM na caracterização funcional da CH e analisar o impacto da presença de DM
na evolução da doença hepática. Métodos: Tratase
de um estudo analítico
observacional transversal, realizado pela revisão de prontuários padronizados
de portadores de CH, de qualquer etiologia, admitidos em seguimento
ambulatorial de um único centro de referência em Hepatologia, entre janeiro de
1986 e junho de 2014. Resultados: Foram selecionados 303 pacientes, com
média de idade de 54,6 ± 11,5 anos e predomínio do gênero masculino
(68,6%). Noventa e oito sujeitos (32,3%) eram diabéticos à admissão. O DM foi
mais prevalente entre os pacientes Child A, em comparação àqueles com Child
B ou C (37,2% vs. 24,8%, respectivamente; p = 0,022) e entre os indivíduos
com MELD < 10, quando comparados aos com MELD entre 10 e 14 e ≥ 15
(42,9%, 29,8% e 22,2%, nesta ordem; p = 0,011). Em um modelo de regressão
logística, durante um período de 10 anos de seguimento, o DM foi considerado
fator de risco independente para óbito ou transplante hepático, (odds ratio
(OR): 1,52; intervalo de confiança de 95% (IC95%): 1,03–2,24; p = 0,035),
descompensações hepáticas (ascite, hemorragia digestiva alta varicosa,
encefalopatia hepática ou icterícia) (OR: 3,93; IC95%: 1,80–8,56; p = 0,001) e
HCC (OR: 4,43; IC95%: 1,66–11,85; p = 0,003). Conclusão: o DM foi bastante
prevalente entre os cirróticos, sendo mais frequente entre os pacientes
compensados à admissão, e cursou com aumento da mortalidade e da
incidência das principais complicações da CH. Portanto, tornase
necessária
maior atenção ao diagnóstico precoce e manejo adequado dos distúrbios da
glicose nesses pacientes.