Investigação da contribuição de fatores ambientais e genéticos de risco para o desenvolvimento de experiências psicóticas em crianças e adolescentes

Abstract

Psychotic experiences (PE) commonly represent subliminal forms of hallucinations and delusions, however, they do not constitute a psychotic disorder as it does not have the characteristic functional impairment. Given the contribution of genetic and environmental factors to the development of these experiences, it is necessary to understand the complex interrelationship of these factors in specific stages of the individual, as well as their impact on development and their phenotypic progression through the combination of different scores (PRS – polygenic risk score and PERS – polyenviromental risk score). Objective: Verify the ability to predict the development of PE using PRS and PERS, in order to verify whether both scores are able to predict, separately and jointly, such phenotype in children and adolescents of the Conexão/INPD Project. Methods: The score referring to PE was generated from the positive scale of symptoms contained in the CAPE questionnaire; the PRS score was generated after DNA genotyping by Illumina's Global Screening Array-24 v2.0 (GSA) and was based on both schizophrenia GWAS (PGC-2) and psychosis GWAS (Ben Neale Group); and the PERS score was generated based on 9 environmental risk variables (time of birth, urbanicity, marijuana use, paternal age, obstetric/prenatal complications, history of physical and sexual abuse, neglect and loss/separation of parents). After the generation of all interest scores, different statistical analyses were performed. Results: In general, through the three statistical approaches used, we observed that the scores individually and together are not able to predict the outcome (PE). Conclusion: Although we did not obtain positive results, the study made it possible to calculate the polygenic risk score for schizophrenia and psychosis for all individuals in the cohort; as well as the calculation, for the first time in our cohort, of the score of environmental risk factors for all individuals.

As experiências psicóticas (EP) representam, comumente, formas subliminares de alucinações e delírios, no entanto, as mesmas não constituem um transtorno psicótico propriamente dito, pois não apresentam o prejuízo funcional característico. Visto a contribuição de fatores genéticos e ambientais para o desenvolvimento destas experiências se faz necessário entender a complexa interrelação destes fatores em fases específicas do indivíduo, bem como seu impacto no desenvolvimento e sua progressão fenotípica através da combinação de diferentes escores (PRS – escore poligênico de risco e PERS – escore de fatores ambientais de risco). Objetivo: Verificar a capacidade de predição do PRS e do PERS sobre o desenvolvimento de EP, de modo a verificar se ambos escores são capazes de predizer, isolada e conjuntamente, tal fenótipo em crianças e adolescentes do Projeto Conexão/INPD. Métodos: O escore referente às EP foi gerado a partir da escala positiva de sintomas contidos no questionário CAPE; o escore PRS foi gerado após a genotipagem do DNA pelo Global Screening Array-24 v2.0 (GSA) da Illumina e teve como base tanto o GWAS de esquizofrenia (PGC-2) quanto o GWAS de psicose (Ben Neale Group); e o escore PERS foi gerado tendo como base 9 variáveis ambientais de risco (época de nascimento, urbanicidade, uso de maconha, idade paterna, complicações obstétricas/pré-natais, histórico de abuso físico e de abuso sexual, negligência e perda/separação dos pais). Após a geração de todos os escores de interesse, diferentes análises estatísticas foram realizadas. Resultados: De forma geral, através das três abordagens estatísticas utilizadas, observamos que os escores de forma individual e em conjunto não são capazes de predizer o desfecho (EP). Conclusão: Apesar de não obtermos resultados positivos, o estudo possibilitou o cálculo do escore poligênico de risco para esquizofrenia e para psicose para todos os indivíduos da coorte; bem como o cálculo, pela primeira vez em nossa coorte, do escore dos fatores ambientais de risco para todos os indivíduos.