Tese de doutorado
Consumo de cocaína no Brasil e sua associação com violência Interpessoal e comportamento suicida - II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas/
Fecha
2018-04-25Autor
Abdalla, Renata Rigacci [UNIFESP]
Institución
Resumen
Introduction: This thesis analyzes the descriptive and analytical data of cocaine use
in Brazil and also its associations with two forms of violence: one directed to others,
denominated here as interpersonal violence, including both the victimization and
perpetration behaviors (excluding domestic violence) and one self-directed, named
as suicidal behavior, considering the personal history of suicidal ideation and suicide
attempts. These data are based on the II Brazilian National Alcohol and Drugs
Survey (BNADS).
Objectives: This is the result of three studies with data from the Second National
Survey of Alcohol and Drugs (BNADS II) that aims to: Study 1: estimate prevalence
of cocaine and crack use (in life and in the last year) between Brazilian adults and
adolescents and to analyze possible associations with risk and protection factors.
Study 2: Investigate an association between cocaine use and urban violence, having
alcohol consumption and the presence of depressive symptoms as mediators. Study
3: Investigate an association between substance use (alcohol, cannabis and cocaine)
and suicide ideation and attempt.
Method: A cross-sectional household survey based on data from the second national
survey of alcohol and drugs covering information on the consumption of all
psychotropic substances as well as sales, dependence, violent behaviors and
suicidal behavior. The three studies used different cutouts from the original sample of
4507 participants. Multivariate analyzes used different regression model models and
chemical odds ratios (ORs) adjusted for associations in the 3 studies. Model of
causal pathways for the mediator no study 2.
Results: Study 1: In the last year, consumption of all as cocaine forms 2.2% in the
total population, excluding the elderly group. The prevalence rate of use in life and in
the last year of cocaine aspirate was of 3,9% and 1,7%, respectively. The
consumption of cocaine smoked in Brazil was estimated at 1.5% for experimentation
and 0.8% in the last year. The dependence on cocaine was identified in 41.4% among the users of the previous year. Study 2: About 9.3% of the Brazilian
population has already been the victim of at least one form of urban violence. This
proportion increases to 19.7% among cocaine users and to 18.1% among alcohol
use disorders (AUD). The perpetration of violence was reported in 6.1% of the
sample. The use of cocaine and AUD increased by almost four times as a chance of
being an aggressor. Being religious and married were protective factors both in
relation to victimization and perpetration. Causal paths analysis was assessed
considering cocaine use as a predictor of urban violence (victimization or
perpetration) and alcohol consumption and depressive symptoms as mediators of
this relation and all the paths were valid. Study 3: Suicide Ideation (SI) and Suicide
Attempts (SA) were reported by 9.9% and 5.4% of the sample, respectively. This
prevalence was 20.8% and 12.4% among problematic alcohol users, 31.5% and
16.5% among cannabis users and 40.0% and 20.8% among cocaine users. After
adjusting for demographic characteristics, religion, tobacco use, family history of
suicide and depressive disorder, both SI and SA were positively associated with
alcohol, cannabis and cocaine misuse.
Conclusion: Brazil has relevant rates of cocaine use, including the smoked form.
Although men have a higher frequency of use, women are more vulnerable to the
worst effects of cocaine, as well as younger population with precarious schooling.
Although it does not establish causality, the association between substance use and
violence, whether interpersonal or self-directed, is well proved. Depression is a
frequently observed variable in all cases, assuming that the association between
substance use, violent behavior and depression is a reciprocal and multidirectional
relationship. Introdução: Esta tese analisa os dados descritivos e analíticos do consumo de
cocaína no Brasil e também suas associações com duas formas de violência: uma
voltada para o outro, denominada aqui de violência interpessoal, praticada na
comunidade, incluindo tanto a vitimização quanto a perpetração de comportamentos
violentos (excluindo dados de violência doméstica) e uma voltada para si próprio,
denominada de comportamento suicida, considerando a história pessoal de ideação
e tentativa de suicídio e antecedentes familiares de suicídio consumado. Os dados
são baseados no II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (II LENAD).
Objetivos: Essa tese busca relacionar o consumo de substâncias, sobretudo de
cocaína, a comportamentos violentos, sejam eles auto direcionados, como no
suicídio, ou hetero direcionados, como na violência interpessoal, sendo o resultado
de três estudos com os dados do Segundo Levantamento Nacional de Álcool e
Drogas (LENAD II) que tiveram os seguintes objetivos: Estudo 1: Estimou as
prevalências de uso de cocaína e crack e analisou a associação a características
sociodemográficas. Estudo 2: Investigou a associação entre uso de cocaína e
violência urbana, tendo o consumo de álcool e a presença de sintomas depressivos
como possíveis mediadores. Estudo 3: Investigou a associação entre uso de
substâncias (álcool, maconha e cocaína) a ideação e tentativa de suicídio.
Método: Estudo transversal através de levantamento domiciliar e representativo da
população brasileira que coletou informações sobre consumo de todas as
substâncias psicotrópicas bem como possíveis fatores associados como depressão,
dependência, comportamentos violentos e comportamentos suicidas. Os 3 estudos
utilizaram diferentes recortes da amostra original de 4507 participantes. Análises
multivariadas utilizando diferentes modelos ponderados de regressão foram
escolhidos para calcular a razão de odds (odds ratio- OR) ajustados para as
associações nos 3 estudos. Modelo de caminhos causais foi usado para investigar
possíveis mediadores no estudo 2. Resultados: Estudo 1: No ano anterior a pesquisa, o consumo de cocaína foi de
2,2% na população total. A prevalência de uso na vida e no último ano de cocaína
aspirada foi de 3,9% e 1,7%, respectivamente e o consumo de cocaína fumada no
Brasil foi estimado em 1,5% para experimentação e 0,8% no último ano. A
dependência em cocaína foi identificada em quase 16% entre os que
experimentaram e em 41,4% entre os que haviam usado nos 12 meses anteriores.
Estudo 2: Cerca de 8,6% da população brasileira foi vítima de pelo menos uma
forma de violência interpessoal no ano anterior a pesquisa. Essa proporção aumenta
para 19,7% entre usuários de cocaína e para 18,1% entre indivíduos com
transtornos de uso de álcool (AUD). A perpetração da violência foi relatada em 6,1%
da amostra. O uso de cocaína e AUD aumentaram em quase quatro vezes as
chances de ser agressor. Ser religioso e casado foram fatores protetores tanto em
relação a vitimização quanto a perpetração. As análises de caminhos causais que
consideraram o uso de cocaína como preditor de violência urbana (vitimização ou
perpetração) foram válidas e o consumo de álcool e sintomas depressivos foram
mediadores dessa relação. Estudo 3: Ideação Suicida (SI) e Tentativas de Suicídio
(SA) foram relatadas por 9,9% e 5,4% da amostra, respectivamente. Esta
prevalência foi de 20,8% e 12,4% entre usuários problemáticos de álcool, 31,5% e
16,5% entre usuários de maconha e 40,0% e 20,8% entre usuários de cocaína.
Depois de ajustar para características demográficas, religião, uso do tabaco, história
familiar de suicídio e transtorno depressivo, SI e SA foram associados positivamente
com o uso de álcool, de maconha e de cocaína.
Conclusão: O Brasil apresenta taxas relevantes de consumo de cocaína, incluindo
a forma fumada. A dependência de cocaína atinge aproximadamente 15% dos
indivíduos que experimentaram essa substância. Apesar de não estabelecer
causalidade, a associação entre o consumo de substâncias e violência, seja
interpessoal ou autodirigida, está comprovada. A depressão é uma variável
frequentemente observada em todos os casos, presumindo-se que a relação entre o
consumo de substâncias, comportamentos violentos e depressão constituem uma
relação recíproca e multidirecional .