Padrões de resistência, consumo e prescrição de betalactâmicos em bacilos gram negativos em três unidades de terapia intensiva de um hospital universitário de alta complexidade

Abstract

Introduction: It is widely known and accepted that over-consumption and misuse of antibiotics are the driving force behind the emergence of antimicrobial resistance, and its misuse is an increasing phenomenon. Consequently, antibacterial drugs have become less effective, resulting in a global health emergency. Objectives: To describe the main gram-negative bacteria related to healthcare-associated infections (HAI) in three adult intensive care units (ICUs) of Hospital São Paulo and their sensitivity and resistance patterns; analyze the consumption patterns of the selected beta-lactam antimicrobials: cefepime (FEP), meropenem (MERO) and piperacillin/tazobactam (PTZ) and demonstrate the prescriptive pattern of the therapeutic regimens of these antimicrobials used in the chosen hospital units. Methods: A retrospective observational study was conducted in three adult ICUs at Hospital São Paulo (HSP). The distributions of the sensitivity profile and the minimum inhibitory concentration (MIC) of the pathogens Acinetobacter baumannii, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, and Pseudomonas aeruginosa have been described, isolated from blood cultures, aspirated broncho-alveolar, liquor, pleural fluid, and urine, against each of the antimicrobials of the study. We used the microbiological database, provided by the HSP-UNIFESP Central Laboratory. The consumption of FEP, MERO, and PTZ was calculated, in defined daily dose (DDD) and density of DDD/1000 patients-day (PD), from the Central Pharmacy-HSP database, in the period from 2013 to 2017. Data were collected for a sample study of the prescriptive patterns of FEP, MERO, and PTZ antimicrobials, based on a standard questionnaire. Data collection was through the Electronic Patient Records, from January to December 2017. Results: Among the gram-negative bacilli (GNB) found in the ICUs studied, Klebsiella pneumoniae is the most frequent, followed by Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa, and Escherichia coli. During the study period, there was a percentage decrease in the resistance of Klebsiella pneumoniae to cefepime and piperacillin/tazobactam in ICU 1; in ICU 3, an increase in the resistance of Klebsiella pneumoniae to cefepime was observed. There was a percentage reduction in the resistance of Pseudomonas aeruginosa to cefepime in ICU 1. In ICU 1, there was a decrease in the trend of consumption in DDD/1000 patientsdays of meropenem, from 2013 to 2017. In ICU 2, there was a trend of increasedxiii consumption in DDD/1000 patients-days for cefepime and piperacillin/tazobactam, and a tendency to decrease the consumption of meropenem in the five years of study. In ICU 3, there was a trend of decrease in consumption in DDD/1000 patients-day of cefepima and meropenem. Meropenem 1.0 g 3 x a day and piperacillin/tazobactam 4.5 g 4 x a day were the most frequently prescribed dosages in the three ICUs of the study, however, the most observed prescriptive pattern of cefepime was 2.0 g 3 x per day, in ICUs 2 and 3, and 1.0 g 2 x a day in ICU 1, in the period studied. Conclusion: Klebsiella pneumoniae is the GNB frequently isolated in ICUs, but the percentage of antimicrobial resistance in the study varied among them. There was a significant decrease in meropenem consumption in DDD/1000 patients-days in the three ICUs of the study. However, the consumption of cefepime and piperacillin/tazobactam did not follow the same patterns among the three ICUs. As for prescriptions, meropenem and piperacillin/tazobactam had the same prescriptive pattern in the ICUs studied, the same did not occur for cefepime. Further studies are needed to evaluate the particular characteristics of each ICU to understand the differences found with this research.

Introdução: É amplamente conhecido e aceito que o consumo excessivo e o uso indevido de antibióticos são a força motriz por trás do surgimento da resistência antimicrobiana, sendo seu uso incorreto um fenômeno crescente. Consequentemente, os medicamentos antibacterianos tornaram-se menos eficazes, resultando em uma emergência de saúde global. Objetivos: Descrever as principais bactérias Gram negativas relacionadas à Infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) em três unidades de terapia intensiva (UTI) adulto do Hospital São Paulo e seus padrões de sensibilidade e resistência; analisar os padrões de consumo dos antimicrobianos betalactâmicos selecionados: cefepima (FEP), meropenem (MERO) e piperacilina/tazobactam (PTZ) e demonstrar o padrão prescritivo dos regimes terapêuticos desses antimicrobianos, usados nas unidades hospitalares escolhidas. Métodos: Foi realizado um estudo observacional retrospectivo em três UTI para adultos, do Hospital São Paulo (HSP). Foram descritas as distribuições do perfil de sensibilidade e das concentrações inibitórias mínimas (CIM) dos patógenos Acinetobacter baumannii, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa, isolados de culturas de sangue, aspirado bronco alveolar, liquor, líquido pleural e urina, frente a cada um dos antimicrobianos do estudo, foi utilizado o banco de dados microbiológico, cedido pelo Laboratório Central do HSP-UNIFESP, no período de 2013 a 2017. Foi calculado o consumo de FEP, MERO e PTZ, em Dose Definida Diária (DDD) e densidade de DDD/1000 pacientes-dia (PD), a partir do banco de dados da Farmácia Central-HSP, no período de 2013 a 2017. Foram coletados dados para estudo amostral dos padrões prescritivos dos antimicrobianos FEP, MERO e PTZ, com base em questionário padrão, a coleta dos dados foi por meio do Prontuário eletrônico de pacientes (Pep), no período de janeiro a dezembro de 2017. Resultados: Dentre os bacilos Gram-negativos (BGN) encontrados nas UTIs estudadas, Klebsiella pneumoniae é a mais frequente, seguido por Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli. No período do estudo, ocorreu diminuição percentual de resistência de Klebsiella pneumoniae à cefepima e piperacilina/ tazobactam, na UTI 1; e na UTI 3 foi observado aumento de resistência de Klebsiella pneumoniae a cefepima. Ocorreu diminuição percentual na resistência de Pseudomonas aeruginosa a cefepima na UTI 1. Na UTI 1 foi observada diminuiçãoxi na tendência de consumo em DDD/1000 pacientes-dia de meropenem, no período de 2013 a 2017. Na UTI 2, verificou-se tendência de aumento de consumo em DDD/1000 pacientes-dia para cefepima e piperacilina/ tazobactam, e tendência de diminuição de consumo de meropenem, nos 5 anos de estudo. Na UTI 3 ocorreu tendência de diminuição no consumo em DDD/1000 pacientes-dia de cefepima e meropenem. Meropenem 1,0 g 3 x ao dia e piperacilina/ tazobactam 4,5 g 4 x ao dia foram as dosagens mais frequentemente prescritas nas 3 UTIs do estudo, todavia, o padrão prescritivo mais observado de cefepima foi de 2,0 g 3 x ao dia, nas UTIs 2 e 3, e de 1,0 g 2 x ao dia na UTI 1, no período estudado. Conclusão: Klebsiella pneumoniae é a BGN frequentemente isolada nas UTIs, porém o percentual de resistência aos antimicrobianos do estudo variou entre as UTIs. Ocorreu diminuição importante no consumo de meropenem em DDD/ 1000 pacientes-dia nas três UTIs do estudo. Entretanto, o consumo de cefepima e piperacilina/ tazobactam não seguiram os mesmos padrões entre as três UTIs. Quanto às prescrições, meropenem e piperacilina/ tazobactam tiveram o mesmo padrão prescritivo nas UTIs estudadas, o mesmo não ocorreu para cefepima. Estudos complementares são necessários para avaliar as características particulares de cada UTI para que haja entendimento das diferenças encontradas com esta pesquisa.