Perfil clínico-epidemiológico da Sífilis em gestantes, da Sífilis congênita e a associação com os indicadores contextuais

Abstract

Introduction: Syphilis during pregnancy and congenital syphilis have shown a significant increase in the number of cases in recent years representing a challenge mainly for public policies, health services in Brazil and worldwide. In the mother and child context, syphilis has a deleterious effect in the face of vertical transmission, exposing both mother and newborn to situations of risk. Objectives: analyze the association among the number of syphilis cases in pregnancy, congenital syphilis and the contextual indicators of the Mesoregion of the North of Minas Gerais; describe the epidemiological and clinical characteristics of syphilis in pregnant women and congenital syphilis in Brazil, in the State of Minas Gerais and in the Mesoregion of the North of Minas Gerais. Material and Methods: this is a retrospective, descriptive, analytical cohort study and with a quantitative approach. The records of the public database: Indicators and Basic Data of Syphilis in Brazilian Municipalities were compared with data referring to Brazil, the state of Minas Gerais and the Mesoregion of the North that state, collected in the period from 2010 to 2018. Data processing and analysis were performed usingdescriptive statistics, presenting variables in absolute and relative frequency. Inthe multivariate analysis, only the isolated effect of each variable was evaluated, without considering the influence of the other variables in the samemodel. Thinking about verifying the joint effect of the variables in relation to thenumber of syphilis cases, Generalized Linear models were used by means ofthe Poisson distribution. Results: 649 cases of syphilis in pregnant women and 364 cases of congenital syphilis were recorded in the historical grouping from 2010 to 2018 distributed in the 79 municipalities in the Mesoregion of the North of Minas Gerais, in the most prevalent age group of 20 to 29. Penicillin was prescribed as the treatment of choice in all regions of the study, with the most prevalent clinical diagnosis being primary syphilis. The diagnosis of syphilis according to the gestational age was made in the first quarter, except for pregnant women with late diagnosis of syphilis, third quarter in the referred Mesoregion. In the final statistical model, there was a reduction in the number of syphilis cases in pregnant women (6.7% reduction) and in congenital syphilis (7% reduction), with the expansion of population coverage by Teams of the Family Health Program for each 1% increase in this coverage, with a higher ratio of nurses per inhabitant, which reduces by 36.5% the number of cases of congenital syphilis. Something similar is observed with the improvement of other social indicators, such as the improvement in IDUS-GH from medium to high, with the reduction in cases of congenital syphilis of 9.7% and the reduction of 82.5% in syphilis during pregnancy by improving that same indicator. Conclusion: there was an increase in the number of cases of syphilis in pregnant women and in congenital syphilis in all regions of the study. An association was found among syphilis during pregnancy and congenital syphilis with the contextual indicators. It is necessary to identify gaps, failures in prenatal care to avoid vertical transmission and profound structural changes that impact on health determinants.

Introdução: A sífilis na gestação e a sífilis congênita apresentam um aumento significativo do número de casos nos últimos anos, o que constitui desafio e enfrentamento para políticas públicas, os serviços de saúde no Brasil e no mundo. No contexto materno-infantil, a sífilis apresenta efeito deletério diante da transmissão vertical, com impacto sérios na gestação e no feto, além da sífilis congênita. Objetivos: analisar a associação entre o número de casos de sífilis na gestação, de sífilis congênita e os indicadores contextuais da Mesorregião do Norte de Minas Gerais; descrever as características epidemiológicas e clínicas da sífilis em gestantes e da sífilis congênita no Brasil, em Minas Gerais e na Mesorregião do Norte de Minas Gerais. Material e Método: trata-se de estudo de coorte retrospectivo, descritivo, analítico e com abordagem quantitativa. Foram comparados os registros de banco de dados público: Indicadores e Dados Básicos da Sífilis nos Municípios Brasileiros, com dados referentes ao Brasil, ao estado de Minas Gerais e à Mesorregião do Norte do referido estado, coletados no período de 2010 a 2018. O processamento e a análise dos dados foram realizados por estatística descritiva, com apresentação das variáveis em frequência absoluta e relativa. Na análise multivariada, avaliou-se apenas o efeito isolado de cada variável, sem se considerar em um mesmo modelo a influência das demais variáveis. Para verificar o efeito conjunto das variáveis em relação ao número de casos de sífilis, foram utilizados Modelos Lineares Generalizados por meio da Distribuição de Poisson. Resultados: foram registrados no período, 649 casos de sífilis em gestantes e 364 casos de sífilis congênita, distribuídos nos 79 municípios da Mesorregião do Norte de Minas Gerais, na faixa etária mais prevalente de 20 a 29 anos de idade. Indicou-se a penicilina como tratamento de escolha em todas as regiões do estudo, sendo o diagnóstico clínico mais prevalente o de sífilis primária. O diagnóstico de sífilis segundo a idade gestacional foi feito no primeiro trimestre, exceto nas gestantes com diagnóstico tardio da sífilis, terceiro trimestre, na Mesorregião referida. Constatou-se, no modelo estatístico final, a redução do número de casos de sífilis em gestantes (6,7% de redução) e da sífilis congênita (7% de redução), com a ampliação da cobertura da população por Equipes de Saúde da Família para cada 1% de aumento dessa cobertura, com maior razão de enfermeiro por habitantes, o que reduz em de 36,5% no número de casos de sífilis congênita. Algo semelhante se observa com a melhoria de indicadores contextuais, como a melhoria no IDUS-GH do médio para o alto, com a redução nos casos de sífilis congênita de 9,7% e redução de 82,5% de sífilis na gestação pela melhora desse mesmo indicador. Conclusão: evidenciou-se o crescimento do número de casos de sífilis em gestantes e da sífilis congênita em todas as regiões do estudo. Constatou-se a associação entre a sífilis na gestação, sífilis congênita com os indicadores contextuais. É necessário identificar as lacunas, falhas na assistência ao pré-natal para evitar a transmissão vertical e as mudanças estruturais mais profundas que impactem nos determinantes de saúde.