Dissertação
Tendência e preditores de anticoagulação oral em pacientes com fibrilação atrial entre 2011-2016
Fecha
2019-11-29Autor
Geraldes, Maria de Fátima de Araújo
Geraldes, Maria de Fátima de Araújo
Institución
Resumen
INTRODUÇÃO: Embora anticoagulação oral com antagonistas da vitamina K (AVK)
proteja contra AVC em pacientes com fibrilação atrial (FA), a subutilização desta
terapia está bem documentada. Os anticoagulantes orais de ação direta (DOAC)
podem contribuir para mudar este cenário. OBJETIVO PRINCIPAL: Avaliar a
tendência de utilização de anticoagulantes orais em portadores de FA, em um
hospital terciário, privado, de Salvador-BA, entre maio de 2011 e junho de 2016.
DESENHO DO ESTUDO: Estudo observacional, retrospectivo, baseado em revisão
de prontuário eletrônico, com cortes transversais anuais, durante cinco anos
consecutivos, permitindo realizar um estudo de tendências. MATERIAL E
MÉTODOS: Foram incluídos todos os pacientes internados com FA, a partir da data
de aprovação do primeiro DOAC até 5 anos depois. Os dados sobre utilização de
anticoagulantes foram obtidos da prescrição de alta hospitalar. Para a comparação
entre os grupos foram utilizados os testes t de Student ou Mann-Whitney (variáveis
contínuas) e Qui-quadrado (variáveis categóricas). Para a análise de preditores, foi
construído um modelo de regressão logística multivariada. RESULTADOS: Foram
analisados 377 pacientes. A média de idade foi de 70 anos; 52% eram do sexo
masculino e 75% foram anticoagulados (20% com AVK e 55% com DOAC). Ao
longo de 5 anos, houve um aumento na frequência de anticoagulação de 22,4%. O
uso de DOACs aumentou de 29% para 70%, enquanto o uso de AVK caiu de 36 %
para 17%. A utilização de antiplaquetários isoladamente também caiu de 21% para
6%. Os preditores de anticoagulação foram episódios prévios de FA (RC 3,1; IC 95%
1,8 a 5,4; p<0,001), HAS (RC 3,0; IC 95% 1,7 a 5,6; p< 0,001) e HASBLED (RC 0,5;
IC 95% 0,4 a 0,7; p<0,001). Os preditores de uso de DOAC foram creatinina sérica
(RC 0,2; IC 95% 0,1 a 0,5; p=0,002), tamanho do átrio esquerdo (RC 0,9; IC 95% 0,9
a 1,0; p=0,003) e prótese valvar biológica (RC 0,1; IC 95% 0 a 0,6; p=0,007).
CONCLUSÕES: Após seu lançamento no mercado, os DOAC foram rapidamente
incorporados na prática clínica, substituindo os AVK e antiplaquetários, contribuindo
para uma maior utilização de anticoagulação em pacientes com FA. Os DOACs
foram apropriadamente evitados em pacientes com disfunção renal e portadores de
próteses valvares.