“Este artigo propõe uma nova interpretação da mitologia e a religião asteca ou mexica, conjuntamente com sua política. Embora tenham sido uma sociedade hierárquica com poder centralizado, os Mexica praticavam uma cosmopolítica análoga às praticas dos povos amazônicos. Neste sentido, relatos da criação do mundo mostram a maneira como seres (humanos e não humanos) com poderes xamânicos se transformam em deuses, os quais criaram os humanos numa relação de constante metamorfose e intercâmbio. Analisa-se aqui também como a prática cosmopolítica mexica tentava manter o funcionamento de uma sociedade estratificada ao mesmo tempo em que o funcionamento de um cosmos hierarquizado entre deuses e humanos. O objetivo era construir verticalidades num pluriverso que tendia sempre a voltar às transformações horizontais e gerar as relações entre os seres e realidades diferentes por meio da cosmohistória.””This article proposes a new interpretation of the mythology and religion of the Aztecs (or Mexicas), together with their politics. Although the Mexicas were a hierarchical society with a centralized power structure, they practiced a cosmopolitics that can be likened to that of the Amazonian peoples. In this sense, their stories about the creation of the world show how human and non-human beings with shamanic powers were transformed into gods, and how they in turn created mankind in a relation of constant transformation and exchange. Also analyzed are the ways in which Mexica cosmopolitics sought to maintain the workings of a stratified society together with the workings of a cosmos in which deities and humans were hierarchically related. Their aim was to construct verticality in a pluriverse which always tended to revert to horizontal transformations, and to manage the relations between different beings and realities through cosmohistory.”