Orientadora: Prof.ª Dr.ª Sandra Mara MacielCoorientadora: Prof.ª Dr.ª Marina de Lourdes Calvo FracassoTese (doutorado em Odontologia Integrada) - Universidade Estadual de Maringá, 2019O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto de um programa odontológico desenvolvido nos primeiros anos de vida na experiência e severidade de cárie em adolescentes. Realizou-se um estudo epidemiológico tipo caso-controle. O Grupo de estudo (GE) foi composto por 291 adolescentes, de ambos os gêneros, nascidos entre 1999 e 2008, adscritos a um Programa de Cuidados Odontológicos para Bebês do município de Maringá, sul do Brasil. O Grupo controle (GC), pareado por gênero e idade (N=292), envolveu estudantes que não haviam participado de programas de saúde bucal nos primeiros anos de vida. Dados sociodemográficos, comportamentos alimentares e de higiene bucal (HB) foram coletados de prontuários no GE e, entrevistas e exames clínicos bucais foram conduzidos no GC. A experiência e severidade de cárie foram avaliadas pelos índices CPO-D e ceo-d, segundo critérios da Organização Mundial de Saúde. Os dados foram analisados utilizando-se os testes qui-quadrado (associações entre variáveis), Mantel-Haenszel (fatores de proteção à cárie - FPC e fatores de risco à cárie - FRC). Para as análises quantitativas foram empregadas as medidas de tendência central (média e desvio padrão) e o teste t. O nível de significância foi fixado em 5%. Observou-se que o GE apresentou médias menores de cárie não tratada (C) (p<0,0001), assim como maior proporção de severidade de cárie baixa/muito baixa (p=0,05), quando comparado ao GC. Houve tendência estatística (p<0,087) do índice CPO-D ser menor no GE (1,74±2,44), que no GC (2,12±2,90). O GE também apresentou maiores proporções de mães que: amamentaram mais de 6 meses, receberam orientação HB, iniciaram HB antes da erupção dentária, realizavam escovação dental três vezes ou mais/dia. Por outro lado: o GC apresentou maiores proporções de: mamadeiras noturnas e produtos açucarados na mamadeira. Foram identificados os seguintes FPC: [GE: HB assim que os primeiros dentes erupcionaram (OR=0,47;CI:0,22-0,99)] e [GC: maior escolaridade (OR=0,46;IC:0,27-0,80) e maior renda (OR=0,28;CI;0,10-0,76)]. Os FRC registrados no GE foram: mãe não ter amamentado ou tê-lo feito por menos de 6 meses (OR=1,7;IC:1,02-2,87) e o adolescente ter tido experiência de cárie em decíduos (OR=1,78;CI:1,09-2,89). Estes achados apontam que ter participado do programa preventivo nos primeiros anos de vida impactou positivamente nas condições bucais dos adolescentes, que apresentaram menor severidade e prevalência de cárie não tratada. Amamentação exclusiva por 6 meses e iniciar HB assim que primeiros dentes erupcionaram tiveram efeito protetor na experiência de cárieThe aim of this study was to evaluate the impact of a dental program developed in the early years of life on the experience and severity of caries in adolescents. A case-control epidemiological study was performed. The study group (SG) was composed of 291 adolescents of both genders, born between 1999 and 2008, enrolled in a Baby Care Program in the city of Maringá, southern Brazil. The control group (CG), paired by gender and age (N=292), involved students who had not participated in oral health programs in the first years of life. Sociodemographic data, eating behaviors and oral hygiene (OH) were collected from medical records in the SG and interviews and clinical oral examinations were conducted in the CG. The experience and caries severity were assessed by the DMFT and dmft indexes according to World Health Organization criteria. Data were analyzed using chi-square tests (associations between variables), Mantel-Haenszel (caries protection factors - CPF and caries risk factors - CRF). For the quantitative analyzes the central tendency measures (mean and standard deviation) and the t-test were used, and the significance level was set at 5%. It was observed that SG presented lower averages of untreated caries (D) (p<0.0001), as well as higher proportion of severity of low / very low caries (p=0.05) when compared to CG. There was a statistical tendency (p<0.087) of DMFT index to be lower in the SG (1,74±2,44) than in the CG (2,12±2,90). The SG also presented higher proportions of mothers who: breastfed more than 6 months, received OH guidance, started OH before tooth eruption and performed brushing three times or more/day. On the other hand, the CG presented higher proportions of: night baby bottles and sugary products in the baby bottle. The following CPF were identified: [SG: OH as soon as the first teeth erupted (OR=0,47; CI:0,22-0,99)] and [CG: Higher Education (OR=0,46; CI:0,27-0,80) and higher income (OR=0,28; CI:0,10-0,76)]. The CRF registered in the SG were: mother had not breastfed or had breastfed for less than 6 months (OR=1,7; CI:1,02-2,87) and the adolescent had caries experience in deciduous (OR=1,78; CI:1,09-2,89). These findings indicate that having participated in the preventive program in the first years of life positively impacted the oral conditions of adolescents, who had lower severity and prevalence of untreated caries. Exclusive breastfeeding for 6 months and starting OH as soon as first teeth erupted had a protective effect on the caries experience