Dissertation
Identidade e violência na construção da nação guineense
uma leitura das narrativas de Abdulai Sila
Autor
Cá, Ianes Augusto
Resumen
CÁ, Ianes Augusto. Identidade e violência na construção da nação guineense: uma leitura das narrativas de Abdulai Sila. 2020. 123 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado Interdisciplinar em Humanidades, Instituto de Humanidades e Letras - IHL, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro- Brasileira - Unilab, Redenção, 2020. Este trabalho tem como objeto de estudo quatro dos romances do escritor guineense Abdulai Sila (1958-), a saber, Eterna paixão (1994), A Última Tragédia (1995) e Mistida (1997) - correspondentes ao que o próprio Sila denomina de trilogia -, mais Memórias SOMânticas (2016). A escolha destas obras atende, conforme sua composição narrativa, à representação metafórica e diegética da construção histórica da identidade nacional guineense, continuamente atropelada por diversos matizes e ciclos de violências. Acreditamos que estes romances correspondem à representação dos diferentes períodos da história mais recente de Guiné-Bissau, retratando, precisamente, a colonização, as lutas pela independência e a situação pós-independência. As narrativas de Sila nos proporcionam, com efeito, uma investigação extensiva para que se possa compreender as persistentes atualizações de violências na formação da identidade nacional guineense, antes e pós-independência. Para isso, na perspectiva dos estudos culturais e da abordagem interdisciplinar, os nossos aportes teóricos e analíticos voltam-se ao prisma dos estudos pós-coloniais, decoloniais e africanos. Nessa concepção, para além da denúncia ao colonialismo e às tentativas de invisibilização das identidades culturais autóctones, é necessário se levar em conta o entrecruzamento entre o discurso histórico e o ficcional, haja vista que a proposta silariana da construção da identidade guineense se configura pelo pressuposto do hibridismo entre o tradicional e o moderno. As narrativas de Abdulai Sila caracterizam-se, portanto, como metáfora de construção histórica da identidade nacional guineense, assinalando as suas diversas faces de violências, em suas múltiplas dimensões políticas, culturais e sociais.