Dissertação
O Emprego do Objeto Direto Anafórico de Terceira Pessoa na Língua Falada de Fortaleza
Registro en:
LIMA, T. M. (2016)
Autor
Lima, Tereza Maria de
Resumen
LIMA, Tereza Maria de. O emprego do objeto direto anafórico de terceira pessoa na língua falada de Fortaleza. 2016. 157 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado Acadêmico em Sociobiodiversidade e Tecnologias Sustentáveis, Instituto de Engenharias e Desenvolvimento Sustentável, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira, Redenção-Ceara, 2016 Este estudo, que tem como pressupostos teórico-metodológicos a Teoria da Variação e da
Mudança Linguística (LABOV, 1994; 2001; 2006 [1972]; WEINREICH; LABOV;
HERZOG, 2006 [1968]), aborda o emprego do objeto direto anafórico de terceira pessoa na
língua falada de Fortaleza. Para a investigação, far-se-á uma análise das formas de realização
do objeto direto anafórico: clítico acusativo, sintagma nominal anafórico, pronome lexical e
objeto nulo ou categoria vazia. Parte-se da hipótese geral de que a faixa etária dos mais idosos
e o nível de escolaridade mais alto favoreceriam o uso da variante padrão: clítico acusativo e,
por consequência, a faixa etária dos mais jovens e o nível de escolaridade mais baixo
propiciariam o uso das variantes não padrão: SN anafórico, objeto nulo ou categoria vazia e
pronome lexical. O objetivo é investigar os fatores linguísticos e extralinguísticos que
influenciam essas formas de uso do objeto direto anafórico, principalmente a variante
pronome lexical, e avaliar se há indícios de processo de mudança ou de variação estável.
Selecionamos 107 informantes do banco de dados NORPOFOR (Norma Oral do Português
Popular de Fortaleza) e dois tipos de inquéritos que compõe o corpus: DID (Diálogo entre
Informante e Documentador) e D2 (Diálogo entre Dois Informantes). Os informantes foram
estratificados em função do sexo, da faixa etária e da escolaridade. As variáveis controladas
foram: sexo, faixa etária, escolaridade, tema discursivo, tipo de registro (extralinguísticas) e
traço semântico do antecedente; número do sintagma nominal objeto; tempo e modo verbal;
estrutura sintática da sentença; tipo de oração; presença ou ausência do sujeito; tipo de
antecedente; topicalização do antecedente (linguísticas). Inicialmente, realizamos uma rodada
geral (quaternária), para sabermos as frequências de uso das quatro variantes analisadas e
testarmos a nossa hipótese geral, o lugar da variante pronome lexical na fala de fortalezenses.
Com o auxílio do programa computacional GOLDVARB X, obtivemos os seguintes resultados
gerais: clítico acusativo 0,4%, sintagma nominal anafórico 38,2%, pronome lexical 23,6% e
objeto nulo ou categoria vazia 37,7%. Realizamos também uma rodada binária (pronome
lexical x outras: clítico acusativo, sintagma nominal anafórico e objeto nulo ou categoria
vazia). Os resultados dessa análise, com pesos relativos, apontaram relevância dos fatores:
traço semântico do antecedente, presença ou ausência do sujeito, forma verbal, escolaridade,
sexo. Com a análise dos dados, constatamos que os clíticos estão cada vez mais em desuso no
português do Brasil e o uso do pronome lexical é espontâneo e crescente na língua falada, o
que pode confirmar a aceitação do falante, independentemente do nível de escolaridade, ao
uso de uma forma linguística desconsiderada pelo padrão gramatical. O SN anafóricomostrou-se bastante produtivo em nossa amostra, seguido do uso considerável do objeto nulo
ou categoria vazia como recursos para a realização do objeto direto anafórico.