Thesis
História do ecossistema e dos recursos pesqueiros frente a implementação de hidrelétricas na bacia do Rio Madeira
Registro en:
LIMA, Maria Alice Leite. História do ecossistema e dos recursos pesqueiros frente a implementação de hidrelétricas na bacia do Rio Madeira. 2017. 138 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, 2017.
Autor
Lima, Maria Alice Leite
Doria, Carolina R. da Costa
Angelini, Ronaldo
Institución
Resumen
Tese de Doutorado apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional
e Meio Ambiente, Área de Concentração em Desenvolvimento sustentável & diagnóstico ambiental, para obtenção do Título de Doutora em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. O peixe é tradicionalmente a principal fonte de proteína animal da população Amazônica e a alta
demanda por pescado nessa região confere à atividade pesqueira um importante papel econômico,
social e cultural. Apesar dessa importância a escassez de dados sobre a atividade, a dinâmica e a
complexidade das relações ecossistêmicas limitam a avaliação dos recursos pesqueiros em
sistemas Amazônicos. A hipótese testada foi: As barragens hidroelétricas construídas em rios
Amazônicos alteram as variações naturais do nível hidrológico que controlam a produção
pesqueira, modifica as relações tróficas do ecossistema, a quantidade e valores do pescado
desembarcado. Assim, os objetivos foram: i) avaliar a influência da dinâmica do nível hidrológico
na captura pesqueira; ii) identificar mudanças na série temporal de dados de desembarque
pesqueiro e valor da comercialização do pescado e, iii) avaliar os efeitos das hidrelétricas nas
interações tróficas. O estudo de caso foi a pesca realizada no médio rio Madeira, onde foram
recentemente instaladas duas grandes hidrelétricas. O modelo DFA foi construído com os dados
de captura das principais espécies comercializadas e variáveis hidrológicas, no período anterior a
construção das usinas hidrelétricas, para verificar tendências temporais compartilhadas entre as
espécies e a sazonalidade do rio Madeira. Nas análises das quebras estruturais foi utilizado uma
série temporal para avaliar a dinâmica nos valores médios da produção (1990 a 2014) e economia
pesqueira (de 1994 a 2013). E por fim, uma análise com abordagem ecossistêmica utilizando
Ecopath foi adotada para avaliar a teia trófica, as interações entre os componentes do sistema e a
simulação dos impactos com alterações na exploração pesqueira e mudanças ambientais. O melhor
modelo DFA foi com quatro variáveis explicativas: nível máximo da água, duração da inundação
do rio, fluxo do ano anterior e o incremento, entretanto, o nível hidrológico máximo explicou
melhor o aumento das capturas. Seis das nove espécies frequentes nos registros de captura e nos
dados econômicos apresentaram quebras estruturais nas capturas médias. A maior amplitude de
mudanças na captura média observada foi para a sardinha (aumento de 139,7%) e para a dourada
(queda de 74,4 %). Este trabalho sistematizou resultados inéditos das relações tróficas do rio
Madeira comparando os períodos antes e depois da construção das usinas hidrelétricas. Houve
expressiva redução nas produções do sistema, captura pesqueira e reciclagem de nutrientes. Houve
também troca de espécies-chave que antes eram de compartimentos não-peixes e passaram a ser
apenas de peixes, com a permanência da dourada como uma das principais em ambos os períodos.
As simulações mostraram que a situação pré barramento parece suportar mais o aumento do
esforço pesqueiro e o desmatamento. Nós encontramos respostas únicas entre a relação das
variações hidrológicas e captura pesqueira, verificamos a vulnerabilidade das populações de se
adequarem ao novo sistema e os impactos sociais causados na comercialização do pescado. As
análises realizadas com o suporte da modelagem ecossistêmica foram úteis para detectar padrões
ecológicos importantes para a manutenção e conservação dos organismos aquáticos, e subsidiar
políticas públicas para o funcionamento de futuras barragens, que devem manter a dinâmica dos
ecossistemas.