A resistência da teia alimentar da ictiofauna antes e após a formação do reservatório da UHE Santo Antônio no rio Madeira
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SILVA, Taís Melo da. A resistência da teia alimentar da ictiofauna antes e após a formação do reservatório da UHE Santo Antonio no rio Madeira. Dissertação de Mestrado - Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente( PGDRA), Fundação Universidade Federal de Rondônia -UNIR, 57 f, Porto Velho. 2016
Autor
Silva, Taís Melo da
Vilara, Gislene Torrente
Institución
Resumen
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, para obtenção do título de mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Orientadora: Dra. Gislene Torrente Vilara
Dissertação Resistência e resiliência ecológicas são dois conceitos fundamentais para o entendimento de
variações na estabilidade de comunidades naturais em resposta a distúrbios ambientais. A
estabilidade está relacionada à diversidade biológica, um importante fator para o
entendimento da estrutura trófica e funcionalidade biológica. A estrutura trófica em riosplanície
de inundação é determinada pelo pulso de inundação anual, o qual aumenta a
disponibilidade de material alóctone ao ambiente, alterando as interações entre espécies.
Contudo, esse processo está sendo ameaçado pela construção de reservatórios, especialmente
para peixes de água doce. Na Amazônia, cerca de 74 reservatórios estão em operação, e 94
planejados para a região. A maioria dos estudos em reservatórios são realizados apenas após a
implementação da barragem, gerando falta de dados antes do represamento.
Consequentemente, pouco é conhecido sobre mudanças nos aspectos funcionais da assembleia
de peixes em resposta ao represamento de rios. Nesse estudo foi avaliado a resistência da
estrutura trófica de peixes no reservatório Santo Antônio (UHE Santo Antônio), no rio
Madeira, antes e após o represamento do rio. A hipótese é que as relações tróficas
interespecíficas de peixes serão alteradas após o estabelecimento do reservatório em resposta
a alteração no pulso de inundação e mudanças na disponibilidade de alimento ao ambiente
aquático. A resistência da assembleia de peixes frente ao impacto ambiental causado pelo
represamento é possível através da reorganização das categorias tróficas entre as espécies,
aumentando o particionamento de recursos em função da homogeneização do ambiente.
Foram determinadas categorias tróficas no reservatório antes e após seu estabelecimento. A
dieta de 51 espécies de peixes, representando cerca de 90% da abundância da assembleia de
peixes possibilitou a identificação de nove categorias tróficas na área do reservatório. Oito
categorias tróficas ocorreram em cada período estudado, revelando frugívoros e
zooplanctívoros exclusivos do pré- e pós-UHE, respectivamente. Foram observadas
diferenças no particionamento de recursos entre os períodos, refletindo as mudanças no
ambiente. Apesar disso, a ictiofauna parece resistir aos impactos ambientais mantendo a
funcionalidade trófica nos dois primeiros anos de represamento. A resistência deve-se a
mudança na composição da dieta de espécies e categorias tróficas, refletindo no tamanho da
teias alimentares, especialização, conectância e aninhamento das teias, devido elevado
particionamento de recursos alimentares. Os resultados ressaltam a importância da floresta
inundada para a integridade e funcionalidade da assembleia de peixes.