São Geraldo Seringueiro – espacialidade da fé popular em Ariquemes - Rondônia
Registro en:
CAVALARI, Edson. São Geraldo Seringueiro – espacialidade da fé popular em Ariquemes - Rondônia. 2017. 177 f. : il. Dissertação ( mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Geografia, Fundação Universidade Federal de Rondônia, porto Velho, 2017.
Autor
Cavalari, Edson
Silva, Josué da Costa
Institución
Resumen
Dissertação de Mestrado apresentada
junto ao Programa de Pós-Graduação
em Geografia, Área de Concentração
em Território, Representações e
Políticas de Desenvolvimento – TRPD
para a obtenção do Título de Mestre em
Geografia. Orientador: Prof. Dr. Josué da Costa Silva O Culto São Geraldo, surgiu no Seringal Bom Jardim no rio Massangana, durante o
processo de ocupação para a produção da borracha ainda na segunda metade do
século XIX, seguindo o mesmo modelo de outras regiões produtoras da borracha,
sendo operada pelos migrantes, sobretudo os de origem nordestina, que para cá
migravam trazendo com eles toda a sua cultura, incluindo a sua religiosidade. Estes
grupos humanos inseridos na floresta amazônica entraram em contato com um
universo geográfico inteiramente diferente daquele de origem. Outro bioma, outro
modo de viver, outros mitos e lendas. Com a sua necessidade de explicar e viver
nesse meio, este migrante promoveu ressignificações em sua matriz religiosa,
criando manifestações religiosas próprias, derivadas do catolicismo. O culto a São
Geraldo surge a partir da morte de um seringueiro em estado de abandono em sua
colocação. Seu processo de santificação se dá através de uma petição na qual seu
amigo pede sua autorização para retirada de folhas da árvore que brotara sobre seu
túmulo, recebendo a cura, passa a ser cultuado como santo. Este santo popular
passou a fazer parte da cosmovisão desta população, mesmo à revelia dos
interesses da Igreja Católica em romanizar este tal fenômeno. Inicialmente o local de
seu túmulo era apenas um local de peregrinação, mas a partir da década de 1960 se
iniciaram seus festejos, os quais continuam até a atualidade. Nossos objetivos eram
estudar o processo de santificação destes santos populares; analisar como as
pessoas internalizam esses valores espirituais e identificar qual é o papel desses
valores na vida de seus seguidores. Mesmo não sendo um de nossos objetivos,
dedicamos parte da investigação a tirar da invisibilidade o papel das mulheres no
que tange a este santo. Para conseguirmos analisar este fenômeno religioso foi de
fundamental importância a adoção da fenomenologia, que nos possibilitou entender
os significados destes fenômenos para os sujeitos por ele envolvidos. Nossa
metodologia se pautou na busca de localizar e selecionar as pessoas que iriam
contribuir com seus relatos durante a coleta dos dados em campo, as quais se
iniciaram em 04 de maio de 2015 e se encerraram em 29 de Setembro de 2016.
Aplicando esta metodologia a fenomenologia nos deu o aporte necessário para
compreendermos a essência desta manifestação. Nossa fundamentação teórica
partiu de autores clássicos como: Claval, Geertz, Duvignaud, Loureiro e Maués,
além de valorizar a produção científica de outros autores amazônicos. Com base em
todo o nosso referencial teórico, apontamos um novo caminho para a interpretação
destas manifestações religiosas, uma vez que os fenômenos pesquisados revelaram
características próprias que se notabiliza por se enquadrar no reino das encantarias
amazônicas, porém sua finalidade é especificamente religiosa. Assim chegamos a
hipótese de que se trata de uma possível religião da floresta sem negar sua matriz
católica.