A escola pensada e a escola vivida: discursos sobre a relação família-escola
Registro en:
LEITE, Lidiane Ferreira. A escola pensada e a escola vivida: discursos sobre a relação família escola. 2016. 148 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, 2016.
Autor
Leite, Lidiane Ferreira
Zibetti, Marli Lúcia Tonatto
Institución
Resumen
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestra em Psicologia.
Linha de Pesquisa: Psicologia Escolar e processos educativos
Orientador (a): Prof ª. Drª. Marli Lúcia Tonatto Zibetti. A presente pesquisa tem como objetivo investigar as relações entre família e escola, em uma instituição escolar pública no município de Porto Velho, identificando as trajetórias dessas famílias e suas percepções sobre o processo de escolarização dos filhos, mediante o investimento e participação das famílias no cotidiano escolar. Fundamenta-se no referencial teórico da Psicologia Escolar Crítica sobre a relação família e escola, compreendendo que esta relação, historicamente, tem sido construída de forma hierárquica e preconceituosa, baseada em modelos ideais de família que não correspondem à diversidade presente na realidade das escolas públicas. Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, que utilizou a entrevista semiestruturada como principal instrumento para a produção de dados. Foram colaboradores desta pesquisa quatro famílias de alunos dos sextos anos do Ensino Fundamental (mães, pais e irmãos destes alunos). Gestores escolares também foram ouvidos nas figuras da vice-diretora e do orientador. Em relação aos resultados da pesquisa, os discursos escolares confirmam os dados apresentados em outros trabalhos, evidenciando que as expectativas da escola investigada em relação às famílias de seus alunos referem-se, sobretudo, à presença física na escola, assim como ao pronto atendimento das exigências prescritas para uma participação satisfatória. As queixas da escola sobre as famílias também estão centradas na prerrogativa de uma maior participação dos pais no auxílio às tarefas escolares das crianças. Em relação às famílias ouvidas, suas trajetórias de vidas são marcadas por dificuldades relacionadas à luta por sobrevivência, o que implicou no fato dos genitores precisaram conciliar estudo e trabalho e quando isso foi impossível, abandonaram a escola. Para as famílias pesquisadas, o conceito de participação dos pais é consoante ao que é considerado pela escola, no qual a presença constante no ambiente escolar é fator indispensável para uma avaliação positiva dessa participação. Apesar do não reconhecimento da escola, as famílias pesquisadas, sobretudo na figura das mães, desenvolvem estratégias próprias para garantir o acesso, manutenção e sucesso das crianças na escola, reforçar a modalidade de acompanhamento dos filhos, empreendendo esforços para manter-se presente na rotina escolar destes. De modo geral, percebeu-se na fala dos entrevistados representantes da escola uma maior cobrança em relação às famílias de seus alunos, do que das famílias em relação à escola. De certo modo, a escola pensada pelas famílias é a escola que vivem no dia a dia. Suas expectativas giram em torno da continuidade do serviço que lhes é oferecido, com poucas solicitações de melhorias e aprimoramento do trabalho desenvolvido pela escola, descrito como diferente e melhor se comparado à época em que os pais estudavam. Por outro lado, para a escola, as famílias pensadas não são as famílias vividas, as famílias com as quais se relacionam. Há um hiato entre o ideal e o real, em relação ao que as famílias deveriam ser e o que realmente são.