Áreas dialetais no Tocantins: estudo dialetológico e geolinguístico no campo das brincadeiras infantis
Registro en:
MENEZES, Bruna Lorraynne Dias. Leitura compartilhada e desenvolvimento do leitor crítico no 5º ano do ensino fundamental por meio do gênero discursivo conto.2021.188f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-Graduação em Letras, Porto Nacional, 2021.
Autor
Menezes, Bruna Lorraynne Dias
Institución
Resumen
The population of 32-year-old state of Tocantins, Brazil, hails from different states to the
detriment of settlement processes during centuries. The state actually became a multi variegated space due to gold rushes between the 17th and 19
th centuries on the northern region
of the state of Goiás. In the 20th century, due to the construction of highway BR-153 and the
separation of territory from the state of Goiás, the space became the scene of different social
cultures and, consequently, linguistic variations. Current dissertation provides a macro-view
of the state´s dialectical variation through the analysis of variants collected for the toys/games
field collected by the Topodynamic and Topostatic Linguistic Atlas of the state of Tocantins
(SILVA, 2018), at twelve sites, with 96 informers. Data are analyzed from the aspect of
Pluridimensional and Relational Dialectology (THUN, 1998) to provide variations according
to the general diatopic and diatopic-kinetic dimensions, or rather, responses given by
topostatic informers in contrast to topodynamic groups. Further, current dissertation
contrasted variants collected on the field, featuring studies by Ribeiro (2012) on discourse
from Bahia, and by Portilho (2013) on discourse from the Amazon region, to investigate
which variants were shared by the three spaces. Results are given in tables, linguistic charts
and graphs to represent variants of the semantic field under analysis and to detect co relationships with migration and transmigration processes. As a rule, the thirteen issues
revealed a preference of informers calling children´s games by normal or school forms. When
contrasting current analysis with that by Ribeiro (2012) and Portilho (2013), we perceive the
usage of dialects from the Northern and Northeastern regions of Brazils, with a trend towards
the latter. In the case of the informer´s mobility, the autochthone and allochthone populations
maintain the same trends, with slight differences, when they mention toys/games. On
abstentions, in two issues, the non-answers go beyond the variants pique and cair no poço,
whilst in four issues they ranked second and they featured poor productivity in another four.
Therefore, from the dialectical point of view, data indicate that the Tocantins speech is in
process. In fact, there are lexical preferences for forms also evident in the Amazon and Bahia
types of speech, coupled to the use of variants from other different Brazilian regions. Variants
were predominantly retrieved in the center-south region of the state of Tocantins. O atual Estado do Tocantins, com 32 anos de emancipação, comporta uma população
proveniente de outros estados, em detrimento dos processos colonizatórios ocorridos ao longo
dos séculos. Em um primeiro momento, o Estado tornou-se um espaço multivarietal em
detrimento das explorações auríferas ocorridas entre os séculos XVII a XIX, quando ainda era
conhecido como Norte de Goiás. Após esse momento, no século XX, a construção da BR-153
e o desmembramento das terras goianas para formação do Estado do Tocantins trouxeram
pessoas vindas de vários lugares, transformando o espaço em um cenário de variações
culturais, sociais e, consequentemente, linguísticas. Partindo desses pressupostos, é interesse
deste trabalho fornecer uma macrovisão da variação dialetal do Estado a partir das análises
das variantes do campo dos brinquedos/brincadeiras coletadas pelo Atlas Linguístico
Topodinâmico e Topoestático do Estado do Tocantins (SILVA, 2018), em 12 localidades
tocantinenses, com 96 informantes. Analisamos os dados sob o viés da Dialetologia
Pluridimensional e Relacional (THUN, 1998), com o intuito de apresentar a variação
conforme as dimensões: diatópica geral e diatópico-cinética, ou seja, as respostas fornecidas
pelos informantes topoestáticos em contraste com os grupos topodinâmicos. Além disso, a
presente dissertação contrastou as variantes coletadas em solo tocantinense com os trabalhos
de Ribeiro (2012) sobre o falar baiano, e de Portilho (2013) sobre o falar amazônico, com a
intenção de observar quais variantes os três espaços compartilham entre si. Assim, os
resultados obtidos estão dispostos em quadros, cartas linguísticas e gráficos, como forma de
apresentar as variantes do campo semântico em estudo e observar se há influência dos
processos de migrações e transmigrações. Dentre as 13 questões analisadas observamos que,
no âmbito geral, há preferência dos informantes em chamar os entretenimentos infantis pelas
formas consideradas norma (escolarizada). Ao contrastarmos este trabalho com Ribeiro
(2012) e Portilho (2013), evidenciamos que no falar tocantinense ocorrem variantes tanto
nortistas quanto nordestinas, aproximando-se mais deste último. Em relação ao recorte por
mobilidade do informante, o público autóctone e alóctone mantêm as mesmas escolhas ao
designarem os brinquedos/brincadeiras, com pequenas diferenças. Sobre as abstenções, em
duas questões as não respostas superam as variantes pique e cair no poço; já em quatro
perguntas elas ocorreram em segundo lugar e em outras quatro tiveram baixa produtividade.
Portanto, sob o ponto de vista dialetal, os dados indicam que há um falar tocantinense em
construção, pois notamos preferências lexicais pelas formas também presentes no falar
amazônico e no falar baiano, assim como também a utilização de variantes advindas de outras
regiões brasileiras, variantes essas coletadas predominantemente no centro-sul do Tocantins.