Promoção da saúde bucal em escolares quilombolas do Tocantins
Registro en:
LIMA, Isnaya Almeida Brandão. Promoção da saúde bucal em escolares quilombolas do Tocantins. 2020. 105f. Dissertação (Mestrado em Ensino em Ciência e Saúde) – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-Graduação em Ensino em Ciência e Saúde, Palmas, 2020.
Autor
Lima, Isnaya Almeida Brandão
Institución
Resumen
Introduction: The Brazilian quilombola population still suffers the consequences of a past of
prejudice, discrimination, injustice, inequality and inequity. The families that still resist in the
remaining quilombo communities live with significant economic, political, social and cultural
inequalities that directly reflect on the compromise of health. Poor oral health conditions, for
example, are consequences of the difficulty in accessing actions to promote, prevent and
recover oral health. And it is from this declared need to reduce health inequalities that Health
Promotion arises, a policy whose movement advocates different fields of action in search of the
quality of life and well-being of the populations. Among them, we highlight the training of the
community and the development of individual and collective skills, which require the
incorporation of educational actions, whether directed towards self-care or popular education.
Objective: To estimate the prevalence of caries and evaluate the impact of an oral health
education program on improving oral hygiene conditions in quilombola schoolchildren.
Methodology: This is a quasi-experimental, prospective, comparative community study, of the
before and after type, with 48 schoolchildren from 5 to 12 years old from a quilombola
community in the state of Tocantins. After calculating the prevalence of caries, an Education
Program for the Promotion of Oral Health was carried out through playful workshops and
collective actions of supervised tooth brushing and topical application of fluoride, whose impact
was measured at the end of the intervention. The instruments used in data collection were the
socioeconomic questionnaires and the forms for calculating the ceo-d / CPO-D and IHO-S
indices. Results: The prevalence of caries in the total sample was 78.72%. The ceo-d at 5 years
was 1.5 and the CPO-D at 12 years was 1.25, with a predominance of components “c” and “C”,
respectively. Of the 37 students who had a history of caries, only 2 (5.4%) had access to the
restorative dental service. Regarding social class, it was possible to observe that all belonged to
classes C2, D or E, and 62.2% were beneficiaries of the Bolsa Família Program. As for access
to fluoridated public water supply, coverage of only 35.1% of this benefit was obtained, so that
most families use water from wells or springs. And finally, on the impact of educational action,
it was observed that quilombola children and adolescents did not have satisfactory oral hygiene
habits (initial IHO-S of 1.84) and that the intervention focused on oral health education had a
positive impact in the condition of oral hygiene, confirmed by the final IHO-S of 1.17.
Conclusion: The results found suggest difficulties in accessing the curative dental service,
reduced public supply of fluoridated water and the need for greater attention to oral health
through frequent education and health promotion actions. Thus, despite being slow and gradual,
the educational process tends to generate satisfactory results in the medium and long term. For
this reason, the union between community, professionals and public health policies is essential
to reduce the prevalence of oral diseases in the quilombola population. Introdução: A população quilombola brasileira ainda sofre as consequências de um passado
de preconceitos, discriminação, injustiça, desigualdades e iniquidade. As famílias que ainda
resistem nas comunidades remanescentes de quilombos convivem com significativas
desigualdades econômicas, políticas, sociais e culturais que refletem diretamente no
comprometimento da saúde. Condições precárias de saúde bucal, por exemplo, são
consequências da dificuldade de acesso às ações de promoção, prevenção e recuperação da
saúde da boca. E é dessa necessidade declarada de reduzir as desigualdades em saúde que surge
a Promoção de Saúde, uma política cujo movimento preconiza diferentes campos de ação em
busca da qualidade de vida e bem-estar das populações. Dentre eles, destacam-se a capacitação
da comunidade e o desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas, os quais requerem
a incorporação de ações educativas, sejam elas voltadas para o autocuidado ou para a educação
popular. Objetivo: Estimar a prevalência de cárie e avaliar o impacto de um programa de
educação em saúde bucal na melhoria da condição de higiene oral em escolares quilombolas.
Metodologia: Trata-se de um estudo comunitário quase-experimental, prospectivo,
comparativo, do tipo antes e depois, com 48 escolares de 05 a 12 anos de idade de uma
comunidade quilombola do estado do Tocantins. Após o cálculo da prevalência de cárie, foi
executado um Programa de Educação para Promoção de Saúde Bucal através de oficinas lúdicas
e ações coletivas de escovação dental supervisionada e aplicação tópica de flúor, cujo impacto
foi mensurado ao final da intervenção. Os instrumentos utilizados nas coletas de dados foram
os questionários socioeconômicos e as fichas para cálculo dos índices ceo-d/CPO-D e IHO-S.
Resultados: A prevalência de cárie da amostra total foi de 78,72%. O ceo-d aos 5 anos foi de
1,5 e o CPO-D aos 12 anos foi de 1,25, com predomínio dos componentes “c” e “C”,
respectivamente. Dos 37 escolares que apresentaram história de cárie, apenas 2 (5,4%) tiveram
acesso ao serviço odontológico restaurador. Com relação à classe social, foi possível observar
que todos pertenciam às classes C2, D ou E, e 62,2% eram beneficiários do Programa Bolsa
Família. Quanto ao acesso à água de abastecimento público fluoretada, obteve-se uma cobertura
de apenas 35,1% desse benefício, de modo que a maioria das famílias faz uso das águas de
poços ou de nascentes. E por fim, sobre o impacto da ação educativa, observou-se que os
escolares quilombolas não tinham hábitos satisfatórios de higiene oral (IHO-S inicial de 1,84)
e que a intervenção com foco na educação em saúde bucal impactou positivamente na condição
de higiene oral, comprovada pelo IHO-S final de 1,17. Conclusão: Os resultados encontrados
sugerem dificuldades de acesso ao serviço odontológico curativo, reduzido fornecimento
público de água fluoretada e necessidade de maior atenção à saúde bucal por meio de frequentes
ações de educação e promoção de saúde. Assim, apesar de ser lento e gradual, o processo
educativo tende a gerar resultados satisfatórios a médio e longo prazo. Por isso, torna-se
essencial a união entre comunidade, profissionais e políticas públicas de saúde para reduzir a
prevalência de doenças bucais na população quilombola.