O plurivocalismo de raça e gênero em “Melanctha”, de Gertrude Stein
Registro en:
SILVA, Yasmine Sthefane Louro da. O plurivocalismo de raça e gênero em “Melanctha”, de Gertrude Stein.2021.167f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-Graduação em Letras, Porto Nacional, 2021.
Autor
Silva, Yasmine Sthefane Louro da
Institución
Resumen
The aim of this work is to analyze the inter-racial and gender elements articulated through
plurivocalic discourse, in the short story “Melanctha”, part of the book Three Lives (1909), by
Gertrude Stein. The main objective is to identify these voices, as representations of blackness
and whiteness in order to establish the parameters that determine these relationships and, in
turn, how they influence the ethnic relations represented in the narrative. Regarding the
theoretical background a dialogue has been articulated between Cultural Studies ─ more
precisely authors such as Woodward (2004) ─ and feminist theorists, such as Davis (2016) and
hooks (2019). For the analysis of the plurivocal quality of the narrative will be followed
Bakhtin's (1988) theory of plurivocalism. Regarding the critical reception of Stein´s work, will
be considered the works by Rowe (2003), Hathaway, Jarab and Melnick (2003), English (2004),
Abreu (2008), Daniel (2008), Will (2008), Aguiar and Queiroz (2015) and Morrison (2020).
Regarding the concept of negritude, the analysis will be guided by the studies of Silva, Lago,
Ramos (1999) and Munanga (2009). We concluded that, through stereotypes and the narrator's
emphatic influence in using the values of whiteness in a narrative mainly composed by black
characters, “Melanctha” subverts racism and transforms it into a transvestite oppression
mechanism of opinions issued by black characters, when it is the narrator's opinion that is being
expressed. We also conclude that based on racialized relations, “Melanctha” perpetuates racial
stereotypes, but, even more, exposes the racial and gender relations of the turn of the 19th
century with a subtlety that borders on its erasure. A presente dissertação pretende compreender o funcionamento inter-racial e de gênero no
discurso plurivocálico, do conto “Melanctha”, parte do livro Three Lives (1909), de Gertrude
Stein. Por meio da análise objetivou-se identificar essas vozes, como representações da
negritude e da branquidade e estabelecer os parâmetros que determinam esses relacionamentos,
para que se possa determinar as influências da branquidade nas relações étnicas da narrativa. A
fundamentação teórica norteia-se pela articulação de um diálogo entre os Estudos Culturais ─
mais precisamente autores como Woodward (2004) ─ e teorias feministas, como as de Davis
(2016) e hooks (2019). Para análise de “Melanctha”, seguiremos os conceitos da teoria
plurivocal de Bakhtin (1988). A respeito da recepção crítica de Stein, consideraremos a obra de
Rowe (2003), Hathaway, Jarab e Melnick (2003), English (2004), Abreu (2008), Daniel (2008),
Will (2008), Aguiar e Queiroz (2015) e Morrison (2020). A análise também será norteada pelos
estudos sobre negritude de Silva, Lago e Ramos (1999) e Munanga (2009). Como resultados
finais, identificamos que, por meio de estereótipos e a influência enfática do narrador em utilizar
os valores da branquidade em uma narrativa com o núcleo majoritariamente de personagens
negros, “Melanctha” subverte o racismo e transforma-o em um mecanismo de opressão
transvestido de opiniões emitidas por personagens negros, quando é a opinião do narrador que
está sendo expressa por trás das palavras destes. A partir da representação das relações
racializadas, em “Melanctha” Stein perpetua os estereótipos raciais, mas, ainda mais, expõe as
relações raciais e de gênero da virada do século XIX com uma sutileza que beira no seu
apagamento.