Artigo
Violência à espreita da vida: a experiência perinatal na pandemia de Covid-19 no estado do Tocantins
Registro en:
ARAÚJO, Jady Aline Albuquerque de. Violência à espreita da vida: a experiência perinatal na pandemia de Covid-19 no estado do Tocantins. 2022. 47 f. Artigo de Graduação (Graduação em Psicologia) - Universidade Federal do Tocantins, Miracema do Tocantins, 2023.
Autor
Araújo, Jady Aline Albuquerque de
Institución
Resumen
Violations of rights and violence in the perinatal context have been denounced as routine
practices for decades in Brazil, being the focus of discussions in various disciplines and social
movements that together pressured the state to create laws that promote safety for women who
experience perinatality. With the advent of the COVID-19 Pandemic, there was a setbackin the
guarantee of perinatal rights based on the new biosafety standards. This article seeks to
understand the psychological effects of the perinatal experience in the context of the COVID19 pandemic in the state of Tocantins by a user of the SUS, shedding light on the psychological
impacts of perinatality experienced in a scenario of biological emergency, as well as the effects
of violations of birth and postpartum rights for the perinatal experience.The research was
conducted using a qualitative method, through a semi-structured investigative psychological
interview. The interview was conducted online due to the advent of social distancing, a
biosecurity measure against the spread of COVID-19, through the Google Meet platform. The
target audience sample was a puerperal SUS user in the state of Tocantins, and the data were
submitted to Bardin's content analysis, culminating in three categories of analysis: "The only
fear I had was of being alone": the breaking plans and expectations during pregnancy and
childbirth; “They used the pandemic to make them make their decision as if they owned the
people, the owners of the truth.” Reflections on the discourse that mediates violations of law
and obstetric violence; and “I'm not really strong, I can't with myself and I wouldn't be able to
handle it": Repercussions of obstetric violence on the mother's self-image and bonding with the
baby. maneuvers that violate the female body, inaddition to the intense psychological suffering
experienced during pregnancy, childbirth and the puerperium due to the breach of expectations
and plans regarding perinatality. baby, in addition to highlighting feelings such as guilt and
helplessness that negatively contribute tothe self-perception of the puerperal woman As violações de direitos e violências em contexto perinatal tem sido denunciadas comopráticas
rotineiras há décadas no Brasil, sendo foco de discussões em diversas disciplinas e movimentos
sociais que juntas pressionaram o estado para a criação de leis que promovam segurança às
mulheres que vivenciam a perinatalidade. Com advento da Pandemia pelaCOVID-19, houve
um retrocesso na garantia de direitos perinatais calcados nas novas normasde biossegurança.
Este artigo busca compreender os efeitos psicológicos da experiência perinatal em contexto de
pandemia da COVID-19 no estado do Tocantins por uma usuária do SUS, lançando luz aos
impactos psicológicos da perinatalidade vivida em um cenário de emergência biológica, bem
como aos efeitos das violações de direitos do parto e puerpério para a experiência perinatal. A
pesquisa foi conduzida pelo método de caráter qualitativo, por meio de entrevista psicológica
investigativa semi-estruturada. A entrevista foi realizada de forma online por advento do
distanciamento social, medida de biossegurança contra a disseminação da COVID-19, através
da plataforma Google Meet. A mostra do público-alvofoi uma puérpera usuária do Sistema
Único de Saúde (SUS) no estado do Tocantins, e os dados foram submetidos à análise de
conteúdo de Bardin, culminando em três categorias de análise: “O único medo que eu tinha era
de ficar só”: a quebra dos planos e expectativas na gestação e no parto; “Eles usaram da
pandemia, para fazer com que eles tomassem a decisão deles como se eles fossem donos das
pessoas, os donos da verdade.” Reflexões sobre o discurso que agencia as violações de direito
e violências obstétricas; e “Não sou forte mesmo, não consigo mesmo e eu não daria conta
mesmo": Repercussões das violências obstétricas na autoimagem e na vinculação da mãe com
o bebê. A partir da análise das categorias evidenciou-se a prática indiscriminada de
medicamentos, tecnologias e manobras que violentam o corpo feminino, além de intenso
sofrimento psicológico vivenciado na gestação, parto e puerpério pela quebra de expectativas e
planos acerca da perinatalidade. Constatou-se que experiências violentas no parto e puerpério
causam estresse e prejuízos para a vinculação da díade mãe-bebe, além de evidenciar
sentimentos como culpa e desamparo que contribuem de forma negativa para a auto-percepção
da puérpera.