Thesis
Obtenção de níveis e declividade da linha d’água a partir de altimetria por satélite no Rio São Francisco
Registro en:
MARTINS, Luana Kessia Lucas Alves. Obtenção de níveis e declividade da linha d’água a partir de altimetria por satélite no Rio São Francisco. 2021. 208 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia, Belo Horizonte, 2021.
Autor
MARTINS, Luana Kessia Lucas Alves
Institución
Resumen
Mediante os desafios da produção de dados hidrológicos convencionais, a utilização de
informações obtidas por sensoriamento remoto na Hidrologia já é considerada uma fonte
complementar e/ou alternativa. A altimetria por satélite (AS) é uma das técnicas que fornece
dados com potencial uso em estudos hidrológicos e hidráulicos. As missões espaciais com
radar altimétrico ainda hoje têm foco na obtenção dos níveis dos oceanos, calotas polares e
gelo de mar, entretanto inúmeros estudos vêm demonstrando ao longo de quase três décadas a
viabilidade de seu uso em águas continentais, sobretudo em rios de grande porte. A
consolidação de dados de altimetria em cursos d’água de médio e pequeno porte permanece
como desafio, pois à medida que se trabalha com cursos d’água mais estreitos (largura inferior
a 1 km) há uma série de limitações inerentes às características de operação do altímetro e
processamento dos dados que impactam na acurácia do dado obtido. Contudo, os avanços
tecnológicos nos altímetros e o bom número de missões previstas tornam o uso de dados de
AS ainda mais promissor. Nesse contexto, a presente pesquisa objetiva avaliar a performance
da AS multimissão num rio tropical de médio porte (Rio São Francisco) e seu potencial uso
na obtenção de variáveis hidráulicas. Foram utilizadas cinco missões altimétricas (Envisat,
Saral, Jason, Sentinel-3 e Cryosat) e dados in situ de doze estações fluviométricas (EFs) com
nivelamento altimétrico (WGS84) num trecho de 1400 km do Rio São Francisco. O fato das
EFs estarem niveladas viabilizou a comparação direta de suas séries às séries de satélite, ou
seja, uma análise estatística dos desvios em termos absolutos, raramente encontrada na
literatura. Ademais, os dados in situ foram interpolados de forma a produzir dados
sincronizados ao local e horário de passagem do satélite sobre o rio, chamadas de EVs
(estações virtuais), o que reduziu em 0,29 m o RMSE (Root mean square error – raiz do erro
quadrático médio). Ao todo foram analisadas 76 EVs para os satélites de órbita fixa e 850
pontos do satélite Cryosat (órbita derivativa). A partir dos dados destas EVs foi feita a análise
de desempenho para os diferentes satélites e estimado o viés característico de cada um deles,
algo inédito para um rio tropical de médio porte. Outras conclusões puderam ser extraídas: as
características ambientais do entorno das EVs determinam o nível dos erros para diferentes
satélites ocasionando grande amplitude dos desvios; os satélites Sentinel-3 apresentam
performance superior aos demais, o que é atribuído a tecnologia SAR (radar de abertura
sintética) aliada ao modelo de operação que usa informação prévia da altitude do alvo (open
loop tracking mode) e, por fim, há uma tendência geral dos satélites em superestimar os níveis
d’água. A declividade da linha d’água é uma variável de grande valia em estudos hidrológicos
e hidráulicos, porém de difícil obtenção com níveis de precisão aceitáveis. Na ausência de
vi
Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da UFMG
dados locais disponíveis, tipicamente se utilizam dados da missão SRTM (Shuttle Radar
Topography Mission), com resolução espacial de 90 m. Nesse contexto, os dados consistidos
de EFs niveladas e os dados livres de vieses das dezenas de EVs analisadas foram utilizados
na obtenção de perfis longitudinais e de declividade da linha d’água, em diferentes escalas
temporais, de forma separada e em conjunto. Os resultados obtidos, especialmente pelo
modelo conjunto de EFs com EVs, foram compatíveis aos valores mencionados na literatura
para o trecho do Médio Rio São Francisco, mas com uma resolução espacial superior ao
SRTM.