Com a intenção de racionalizar os recursos e equiparar o direito à cidade, o plano diretor estratégico e os instrumentos de intervenção urbana do município de São Paulo, já abordam alguns dos princípios da cidade compacta. No entanto, a própria formação da metrópole demonstra um obstáculo para o alcance desse objetivo. Como a cidade abrange polos econômicos bem demarcados e grandes zonas que funcionam como cidade dormitório, há um afastamento entre trabalho e moradia, que sobrecarrega o transporte coletivo e congestiona as grandes avenidas. A verticalização ganha força e aumenta exponencialmente na medida que a concentração populacional em áreas urbanas se intensifica, mas pouco se preocupa em “fazer cidade”, são implantados edifícios que desconsideram as características locais e suas potencialidades. Bairros densos são formados sem vitalidade em suas ruas, carentes de diversidade de usos, de tipologias e de público alvo. Calçadas monótonas e fachadas hostis caracterizam a maior parte dos passeios urbanos. A insegurança perdura e constroem-se muros cada vez mais altos, e quanto mais os usos se voltam para dentro do lote, menos se percebe a rua, fechando o ciclo de monotonia e insegurança. Já que a oferta está diretamente associada a demanda, para que seja oferecida uma arquitetura qualitativa e em sintonia com o desenvolvimento ao redor, é necessário que os investidores e os compradores finais estejam também interessados. Afinal, um fator essencial do planejamento urbano é o financiamento. Como intermediadora, a iniciativa pública busca incentivar que as demandas urbanas sejam atendidas dentro da propriedade privada através de incentivos oferecidos por instrumentos de intervenção, como as Operações Urbanas Consorciadas (no perímetro estudado foi abordada a OUC dos Bairros do Tamanduateí). No entanto, esses incentivos nem sempre parecem estar alinhados com as oportunidades de cada região e acabam reforçando as problemáticas da metrópole. Relacionando a análise dos conceitos de diversidade apresentados por Jane Jacobs em seu livro Morte e Vida das grandes cidades (2019) e comparando suas aplicações na metrópole, este trabalho tem como objetivo a compreensão da responsabilidade do edifício em fazer cidade e para isso terá a proposição de um edifício multifuncional na Mooca Baixa conectando os conceitos abordados às oportunidades da região.